As palavras de Bento XVI no I Domingo da Quaresma
Na última
quarta-feira, com o tradicional Rito das Cinzas, entramos na Quaresma, tempo de
conversão e penitência em preparação para a Páscoa. A Igreja, que é mãe e
mestra, chama todos os seus membros a renovar-se no espírito, a reorientar-se
decididamente para Deus, renegando o orgulho e o egoísmo para viver no amor.
Neste Ano da Fé a Quaresma é um tempo propício para redescobrir a fé em Deus
como critério-base da nossa vida e da vida da Igreja. Isso comporta sempre uma
luta, um combate espiritual, porque o espírito do mal naturalmente se opõe à
nossa santificação e busca fazer-nos desviar do caminho de Deus. Por isso, no
primeiro domingo da Quaresma, todos os anos é proclamado o Evangelho das
tentações de Jesus no deserto.
Jesus, de
fato, depois de receber a "investidura" de Messias -
"ungido" de Espírito Santo - no Batismo no Jordão, foi conduzido pelo
mesmo Espírito no deserto para ser tentado pelo diabo. Ao iniciar o seu
ministério público, Jesus teve que desmascarar e repelir as falsas imagens de
Messias que o tentador lhe propunha. Mas essas tentações são também falsas
imagens do homem, que em todos os momentos insidiam a consciência,
trasvestindo-se de propostas convenientes e eficazes, ou até mesmo boas. Os
evangelistas Mateus e Lucas apresentam três tentações de Jesus,
diversificando-as apenas na ordem. O núcleo central consiste em
instrumentalizar Deus para os próprios interesses, dando mais importância ao
sucesso ou aos bens materiais. O tentador é astuto: não impele diretamente em
direção ao mal, mas a um falso bem, fazendo crer que as verdadeiras realidades
são o poder e aquilo satisfaz as necessidades primárias. Dessa forma, Deus
torna-se secundário, reduz-se a um meio, torna-se definitivamente irreal, não
importa mais, desvanece. Em última análise, nas tentações o que está em jogo é
a fé, porque está em jogo Deus. Nos momentos decisivos da vida, mas, vendo bem,
a qualquer momento, estamos numa encruzilhada: queremos seguir o eu ou Deus? O
interesse individual ou o que realmente é bem?
Como nos
ensinam os Padres da Igreja, as tentações fazem parte da "descida" de
Jesus à nossa condição humana, ao abismo do pecado e das suas consequências.
Uma "descida" que Jesus percorreu até o fim, até a morte de cruz, até
os infernos do extremo distanciamento de Deus. Desse modo, Ele é a mão que Deus
estendeu ao homem, à ovelha perdida, para reconduzi-la a salvo. Como ensina
Santo Agostinho, Jesus tirou de nós a tentação, para nos dar a vitória (cf.
Enarr Psalmos em, 60,3:. PL 36, 724). Portanto, também nós não tememos
enfrentar o combate contra o espírito do mal: o importante é que o façamos com
Ele, com Cristo, o Vencedor. E para estar com Ele voltemo-nos para a Mãe,
Maria: Invoquemos com confiança filial na hora da provação, e ela nos fará sentir
a potente presença de seu Filho divino, para repelir as tentações com a Palavra
de Cristo, e assim recolocar Deus no centro da nossa vida.
(Após o Angelus)
Obrigado a todos!
Um caloroso
saúdo aos peregrinos de língua italiana. Obrigado a todos! O brigado por virem
tão numerosos! Obrigado! A presença de vocês é um sinal do afeto e da
proximidade espiritual que vocês estão me manifestando nestes dias. Saúdo, em
particular, a administração de Roma Capital, conduzida pelo prefeito, e com ele
saúdo e agradeço a todos os habitantes dessa amada Cidade de Roma. Saúdo os
fiéis da diocese de Verona, de Nettuno, de Massanninziata e da paroqeuia romana
de Santa Maria Janua Coeli, como também os jovens de Seregni e Brescia.
A todos
auguro um bom domingo e um bom caminho de Quaresma. Esta tarde inicia a semana
de exercícios espirituais: continuemos unidos na oração. Boa semana a todos.
Obrigado!
(17 de Fevereiro de 2013) © Innovative Media Inc.
Sem comentários:
Enviar um comentário