Na audiência
geral, Bento XVI indica quatro constituições conciliares como pontos cardeais
da Igreja
Luca
Marcolivio
VATICANO,
quarta-feira, 10 de outubro de 2012 (ZENIT.org) - Uma audiência geral das mais
importantes do pontificado de Bento XVI: na manhã de hoje, véspera da abertura
do Ano da Fé e do 50º aniversário da abertura do concílio Vaticano II, o tema
escolhido pelo Santo Padre para a catequese foi uma reflexão sobre os
documentos conciliares.
O concílio
Vaticano II nos aparece como "um grande afresco”, propôs o papa, “pintado
na sua grande multiplicidade e variedade de elementos sob a orientação do
Espírito Santo". Um trabalho de "extraordinária riqueza", do
qual ainda é possível "redescobrir passagens particulares, fragmentos,
matizes".
O Santo
Padre mencionou em seguida o seu antecessor, o beato João Paulo II, que chamava
o concílio Vaticano II de "grande graça para a Igreja do século XX",
bem como "bússola segura para nos orientar nos caminhos do século que se
abre"(Novo millennio ineunte, 57). Uma bússola que permite que
"o navio da Igreja avance em mar aberto, tanto em meio a tempestades
quanto a ondas calmas e tranquilas, para navegar com segurança e chegar a bom
porto".
Bento XVI
recordou, depois, a sua própria experiência no concílio, do qual participou
acompanhando o então arcebispo de Colônia, cardeal Frings, que designara o
jovem Joseph Ratzinger, à época professor de Teologia Fundamental na
Universidade de Bonn, como seu consultor teólogo. Pouco mais adiante, Ratzinger
tornou-se perito conciliar.
"Poucas
vezes na história”, disse o papa, “foi possível, como então, quase tocar
concretamente a universalidade da Igreja, em um momento da grande realização da
sua missão de levar o Evangelho até os confins da terra em todos os
tempos". Por causa do grande acúmulo de esperança que difundiu, o concílio
foi um "evento de luz que irradia até hoje".
Quando o
concílio foi convocado pelo beato papa João XXIII, em 1959, três anos antes da
abertura dos trabalhos, não havia na Igreja "nenhum erro particular de fé
a ser corrigido ou condenado, nem questões específicas de doutrina ou de
disciplina a ser esclarecidas". Grande, portanto, foi a surpresa dos
cardeais diante do anúncio do papa João XXIII.
No seu
discurso de abertura do concílio, em 11 de outubro, João XXIII manifestou a
necessidade de falar da fé "de uma forma renovada" e "mais
incisiva", num mundo que estava mudando rapidamente, "mesmo mantendo
intactos os seus conteúdos perenes, sem cessões nem arranjos".
Era preciso
fazer uma "reflexão mais profunda sobre a fé" e sobre a sua relação
com o pensamento moderno, "não para se adaptar a ele, mas para apresentar
ao nosso mundo, que tende a se afastar de Deus, a necessidade do Evangelho em
toda a sua grandeza e em toda a sua pureza".
De resto,
como disse Paulo VI na sua homilia de encerramento do concílio, em 7 de
dezembro de 1965, já naquela época "o esquecimento de Deus" se tornava
"normal" e a pessoa humana tendia a "reivindicar a sua autonomia
absoluta, liberando-se de toda lei transcendente".
Ao mesmo
tempo, Paulo VI lembrava que o homem, "quando se esforça para fixar a
mente e o coração em Deus na contemplação, realiza o ato mais elevado e mais
pleno da sua alma, o ato que ainda hoje pode e deve ser o culminar dos
inumeráveis campos da atividade humana, a partir do qual essas atividades
conquistam a sua dignidade".
O concílio
Vaticano II, portanto, salientou a centralidade de um Deus que "está
presente, que se ocupa de nós e nos responde". Quando a fé falta, junto
com ela "colapsa o que é essencial, porque o homem perde a sua dignidade
profunda e aquilo que torna grande a sua humanidade, contra todo reducionismo",
destacou Bento XVI.
Tarefa da
Igreja, reafirma o concílio, é "transmitir a palavra do amor de Deus que
salva, para que seja ouvido e recebido o apelo divino que traz em si mesmo a
nossa felicidade eterna".
A este
respeito, o Santo Padre mencionou quatro constituições conciliares a ser
consideradas como uma espécie de "quatro pontos cardeais da bússola que
pode nos orientar": a Sacrosanctum Concilium, que enfatiza a
"centralidade do mistério da presença de Cristo"; a Lumen Gentium,
que salienta como compromisso fundamental da Igreja "o de glorificar a
Deus"; a Dei Verbum, em que "a Palavra viva de Deus convoca a
Igreja e a vivifica ao longo de toda a sua jornada através da história”; e a Gaudium
et Spes, sobre a forma como a Igreja "leva ao mundo a luz que recebeu
de Deus, para que Ele seja glorificado".
O concílio
Vaticano II é, em última análise, "um forte apelo a redescobrir todos os
dias a beleza da nossa fé". O papa, para terminar, invocou a proteção da
Virgem Maria para que "ela nos ajude a compreender e levar a cumprimento o
que os padres conciliares guardavam no coração, inspirados pelo Espírito Santo:
o desejo de que todos possam conhecer o evangelho e conhecer o Senhor Jesus
como caminho, verdade e vida".
(Trad.ZENIT)
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