Por Joaquim Mexia Alves
Neste
fim-de-semana a paróquia da Marinha Grande, (a minha paróquia), celebrou e
festejou a sua Padroeira, Nossa Senhora do Rosário.
Foram
momentos cheios de sentido comunitário sobretudo nas celebrações litúrgicas, que
encheram por completo a igreja matriz da Marinha Grande.
Não quero
fazer aqui uma reportagem das festas, mas sim salientar entre muitas palavras
ditas, sentidas e vividas, uma frase da homilia do Padre Armindo Ferreira,
pároco da Marinha Grande, na Missa de Sexta feira à noite, como preparação e
inicio das festividades.
Disse ele,
(não sei se sou inteiramente fiel às suas palavras, mas sem dúvida ao sentido
das mesmas), falando de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, e estabelecendo um
paralelo connosco fiéis ao encontro de Jesus Cristo:
«Com o nosso
sim, com o sim de cada um, também nós “damos à luz”, Jesus Cristo, nosso
Senhor.»
Explicou ele
depois o alcance das suas palavras, mas nessa altura, (mea culpa), já o meu
coração e a minha mente se tinham deixado envolver por aquela frase e “partiam
à desfilada” na procura de todo o sentido e paralelismo que daquelas palavras
me era dado retirar.
Obviamente
que Maria, pela graça do Espírito Santo, gerou Jesus Cristo no seu ventre e
verdadeiramente o deu à luz naquela gruta em Belém.
Para isso
foi preciso o seu sim, um sim que a levou para além das coisas do mundo tão
difíceis naquele tempo para uma jovem virgem, (ainda não “formalmente” casada),
um sim que a levou até ao fim, até dar à luz a própria Luz.
E é curioso
este trocadilho, (se assim lhe posso chamar), entre o “dar à luz” e a própria
Luz, que é Jesus Cristo, o Senhor.
Com efeito,
se acreditamos e abrimos o nosso coração à presença de Jesus Cristo, também Ele
habita em nós, e se habita em nós somos levados a dar testemunho da Sua
presença, temos de “dar à luz”, ou seja, abrirmo-nos aos outros para que também
eles possam ver a Luz que, pela graça de Deus, está “dentro” de nós.
Daí
percebermos que o nosso sim a Jesus Cristo, é um sim pessoal, mas também e
sempre colectivo, porque se a Luz que está em nós, não for também Luz para os
outros, acaba por estiolar e apagar-se irremediavelmente.
Assim como a
mulher grávida não pode guardar o seu filho dentro de si e tem que o dar à luz,
também nós não podemos, se dissermos sim, guardar a Luz dentro de nós sem a
reflectir para os outros.
Quase temo
escrever a frase que me veio ao coração, mas escrevo-a na mesma: “grávidos de
Deus.”
É, no
entanto, uma “gravidez” diferente, porque nós pertencemos a Deus, mas estando
com Ele, também Ele nos pertence.
A mãe
alimenta o seu filho na gravidez, nós alimentamo-nos de Deus, em Igreja, em nós
e nos outros
Mãe e filho,
na gravidez, pertencem-se de tal modo e tão intimamente, que se pudéssemos
interrogar o filho no ventre da mãe, ele diria que toda a sua confiança e
esperança, residem na sua própria mãe.
Isso mesmo
me leva a desejar que a minha relação com Deus seja também essa união intima e
totalmente dependente, “grávido de Deus”, mas agora na minha dependência para
com Ele, abandonando-me totalmente à sua vontade.
E depois a
mãe tem todo o orgulho, (um orgulho são e grato), em mostrar a toda a gente o
filho que lhe nasceu, e não poupa palavras, elogios e gestos para o dar a
conhecer aos outros.
E isso
leva-nos a pensar se nós, tendo Jesus Cristo em nós, também temos todo o
orgulho e gratidão em mostrá-Lo aos outros e d’Ele falarmos com as mais belas
palavras e gestos que o Espírito Santo nos inspirar.
Dar à luz a
própria Luz, foi prerrogativa de Maria no Natal de Jesus, mas também ao longo
de toda a sua vida em que humildemente estendeu o seu sim à vontade de Deus,
dando testemunho da Luz que guardava no seu coração.
«Sua mãe
guardava todas estas coisas no seu coração.» Lc 2, 51
Também nós
podemos, e mais que podemos, devemos, “dar à luz”, a Luz que pela graça da Fé
em nós vive e é vida.
Monte Real,
8 de Outubro de 2012
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