Realizou-se no dia 6 de Junho de 2012, a comemoração do Aniversário do G.O. 'Boa Nova do Reino' - Azambuja, em que o GOVV, atendendo aos laços de amizade e partilha mantidos desde o SVNE do referido Grupo, não poderia deixar de estar presente.
A Equipa Diocesana fez-se representar pelo Diácono Armando Marques e sua esposa, Amélia, Líder do G.O. 'Nazaré' - Sintra.
Foram momentos de profunda adoração, intercessão, escuta da Palavra e partilha, numa ação frutuosa, tendo sido também, no final, vincada a necessidade da manutenção e reforço da unidade entre os grupos irmãos, cujas ligações são inesquecíveis.
Por motivos de ocupação paroquial, o G.O. 'Raboni, Meu Mestre' - Alverca, não pode estar presente, mas obviamente esteve em espírito.
LS
Nota de reflexão
A propósito da celebração do 2º
aniversário do grupo de oração Boa Nova do Reino de Azambuja, deslocámo-nos,
ontem dia 6 de junho, à Azambuja e nela
participámos em nome e representação da Equipa de Serviço do RCC de Lisboa.
Na adoração ao Santíssimo que
preencheu hora e meia da celebração, e porque já estávamos na vigília do Corpo
de Deus, a oração foi conduzida, tendo como pano de fundo, o relato da última
Ceia de Cristo.
Podemos afirmar que a nota dominante
da maior parte daqueles ou daquelas que intervieram em oração de intimidade perante
Jesus Sacramentado foi o reconhecimento de que para participarmos no mistério
da Eucaristia temos de fazê-lo com toda a humildade, despojados do nosso
orgulho, vaidade e egoísmo.
E de facto assim é.
São João não regista, no seu
evangelho, o relato da última ceia de Cristo, como acontece com os evangelhos
sinóticos e com os escritos de Paulo que taxativamente descrevem a instituição
da Eucaristia. E a razão que costuma ser aduzida para tal é que, quando João
escreveu o seu evangelho já deviam ter transcorrido cerca de 35 anos depois de
Paulo haver escrito a 1ª Carta aos Coríntios e, portanto, a celebração da
eucaristia era um facto real e comum entre os cristãos e, como tal, não sentiu
necessidade de a descrever.
Porém, João se dava conta que a
celebração da fração do pão já se tinha tornado uma rotina e que, em algumas
comunidades, havia até alguns abusos, como o refere Paulo na citada carta aos
Coríntios em 11, 17-34, advertindo aquela comunidade que «as vossas assembleias
causam mais prejuízo do que proveito». Mais adiante relata que aquelas reuniões
já não eram para comer a ceia do Senhor, pois muitos se punham logo à mesa e se
apressavam a comer a sua própria refeição indiferentes a que outros passassem
fome.
Por isso João preferiu, com
propósitos pedagógicos e pastorais, relatar, no âmbito da ceia, o episódio em
que Jesus depõe as suas vestes, pega numa toalha e enrola-a à cintura. Em
seguida deita água numa bacia e começa a lavar os pés aos discípulos e a
enxugá-los com a toalha com que estava cingido. E perante a recusa de Pedro a
que o Senhor lhe lavasse os pés, Jesus lhe respondeu: «Se eu não tos lavar, não
terá parte comigo». Vide Jo, 13, 1 e segs.
Salvo melhor entendimento, o que
este apóstolo pretendeu com aquele relato foi chamar a atenção das suas
comunidades para comportamentos pouco ajustados, desvios e mal-entendidos na
celebração da eucaristia, naquele tempo.
E talvez hoje não seja muito
diferente. Quantas vezes nos aproximamos da comunhão por mera rotina,
semi-distraídos, como se fôssemos beber um copo de água? E a razão para isso
advém, tantas vezes, do facto de excluirmos da nossa comunhão a suprema
humilhação de Cristo Senhor e a sua entrega total ao Pai por amor dos homens,
seus irmãos. É que, através dos séculos o tema da reflexão eucarística tem
incidido mais em favor da presença divina, da adoração, da exaltação, até de
algum triunfalismo do que propriamente na entrega e humilhação do Senhor Jesus.
Pena é que até em alguns congressos
eucarísticos nos tenham feito esquecer mais a antiga e venerável tradição do
mistério pascal de Cristo na sua totalidade e que naturalmente envolve a
entrega, o drama da morte para nos salvar e a partilha do pão na qual fazemos
comunhão.
Tem-se posto mais ênfase no «Isto é
o meu Corpo» do que no «será entregue por vós». Por isso é que quando comemos a
carne e bebemos o sangue de Jesus não estamos a assimilar no estômago e
intestinos as espécies sagradas, como pensavam os judeus no tempo de Jesus.
Isto não pode ser entendido no sentido literal. Ao invés, quando comungamos,
assimilamos na mente, no coração, na nossa própria vida e no comportamento, a
doação quotidiana de Jesus. O comungar a hóstia só tem valor se eu ponho dentro
de mim o mesmo empenho pobre e sofrido de Jesus ao serviço dos outros.
Tantas as vezes acontece que tal
como Pedro, naquela ceia, apenas queremos ver Cristo triunfante: «A mim não me
lavas os pés» e como tal recusamos lavar os pés aos nossos irmãos.
Que Deus nos ajude a
descentrarmo-nos de nós próprios para fazermos a comunhão com Cristo na
totalidade do seu Mistério Pascal.
Lisboa,
7 de junho de 2012
Diac.
Armando Marques
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