07 junho, 2012

2.º Aniversário do G. O. 'Boa Nova do Reino' - Azambuja

Azambuja, 6 de junho de 2012

2.ª Aniv. G.O. Azambuja

Realizou-se no dia 6 de Junho de 2012, a comemoração do Aniversário do G.O. 'Boa Nova do Reino' - Azambuja, em que o GOVV, atendendo aos laços de amizade e partilha mantidos desde o SVNE do referido Grupo, não poderia deixar de estar presente.

A Equipa Diocesana fez-se representar pelo Diácono Armando Marques e sua esposa, Amélia, Líder do G.O. 'Nazaré' - Sintra.

Foram momentos de profunda adoração, intercessão, escuta da Palavra e partilha, numa ação frutuosa, tendo sido também, no final, vincada a necessidade da manutenção e reforço da unidade entre os grupos irmãos, cujas ligações são inesquecíveis.

Por motivos de ocupação paroquial, o G.O. 'Raboni, Meu Mestre' - Alverca, não pode estar presente, mas obviamente esteve em espírito.
LS 



Nota de reflexão

            A propósito da celebração do 2º aniversário do grupo de oração Boa Nova do Reino de Azambuja, deslocámo-nos, ontem dia 6 de junho, à  Azambuja e nela participámos em nome e representação da Equipa de Serviço do RCC de Lisboa.
            Na adoração ao Santíssimo que preencheu hora e meia da celebração, e porque já estávamos na vigília do Corpo de Deus, a oração foi conduzida, tendo como pano de fundo, o relato da última Ceia de Cristo.
          Podemos afirmar que a nota dominante da maior parte daqueles ou daquelas que intervieram em oração de intimidade perante Jesus Sacramentado foi o reconhecimento de que para participarmos no mistério da Eucaristia temos de fazê-lo com toda a humildade, despojados do nosso orgulho, vaidade e egoísmo.
            E de facto assim é.
        São João não regista, no seu evangelho, o relato da última ceia de Cristo, como acontece com os evangelhos sinóticos e com os escritos de Paulo que taxativamente descrevem a instituição da Eucaristia. E a razão que costuma ser aduzida para tal é que, quando João escreveu o seu evangelho já deviam ter transcorrido cerca de 35 anos depois de Paulo haver escrito a 1ª Carta aos Coríntios e, portanto, a celebração da eucaristia era um facto real e comum entre os cristãos e, como tal, não sentiu necessidade de a descrever.
          Porém, João se dava conta que a celebração da fração do pão já se tinha tornado uma rotina e que, em algumas comunidades, havia até alguns abusos, como o refere Paulo na citada carta aos Coríntios em 11, 17-34, advertindo aquela comunidade que «as vossas assembleias causam mais prejuízo do que proveito». Mais adiante relata que aquelas reuniões já não eram para comer a ceia do Senhor, pois muitos se punham logo à mesa e se apressavam a comer a sua própria refeição indiferentes a que outros passassem fome.
            Por isso João preferiu, com propósitos pedagógicos e pastorais, relatar, no âmbito da ceia, o episódio em que Jesus depõe as suas vestes, pega numa toalha e enrola-a à cintura. Em seguida deita água numa bacia e começa a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido. E perante a recusa de Pedro a que o Senhor lhe lavasse os pés, Jesus lhe respondeu: «Se eu não tos lavar, não terá parte comigo». Vide Jo, 13, 1 e segs.
          Salvo melhor entendimento, o que este apóstolo pretendeu com aquele relato foi chamar a atenção das suas comunidades para comportamentos pouco ajustados, desvios e mal-entendidos na celebração da eucaristia, naquele tempo.
         E talvez hoje não seja muito diferente. Quantas vezes nos aproximamos da comunhão por mera rotina, semi-distraídos, como se fôssemos beber um copo de água? E a razão para isso advém, tantas vezes, do facto de excluirmos da nossa comunhão a suprema humilhação de Cristo Senhor e a sua entrega total ao Pai por amor dos homens, seus irmãos. É que, através dos séculos o tema da reflexão eucarística tem incidido mais em favor da presença divina, da adoração, da exaltação, até de algum triunfalismo do que propriamente na entrega e humilhação do Senhor Jesus.
            Pena é que até em alguns congressos eucarísticos nos tenham feito esquecer mais a antiga e venerável tradição do mistério pascal de Cristo na sua totalidade e que naturalmente envolve a entrega, o drama da morte para nos salvar e a partilha do pão na qual fazemos comunhão.
           Tem-se posto mais ênfase no «Isto é o meu Corpo» do que no «será entregue por vós». Por isso é que quando comemos a carne e bebemos o sangue de Jesus não estamos a assimilar no estômago e intestinos as espécies sagradas, como pensavam os judeus no tempo de Jesus. Isto não pode ser entendido no sentido literal. Ao invés, quando comungamos, assimilamos na mente, no coração, na nossa própria vida e no comportamento, a doação quotidiana de Jesus. O comungar a hóstia só tem valor se eu ponho dentro de mim o mesmo empenho pobre e sofrido de Jesus ao serviço dos outros.
           Tantas as vezes acontece que tal como Pedro, naquela ceia, apenas queremos ver Cristo triunfante: «A mim não me lavas os pés» e como tal recusamos lavar os pés aos nossos irmãos.
            Que Deus nos ajude a descentrarmo-nos de nós próprios para fazermos a comunhão com Cristo na totalidade do seu Mistério Pascal.
Lisboa, 7 de junho de 2012
Diac. Armando Marques

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