«E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença.» Lc 24, 30-31
Ao «partir
do pão, reconheceram-no»!
E nós,
Senhor, reconhecemos-Te ao «partir do pão»?
Ou aquele
gesto sublime, (memorial do teu gesto naquela Ceia), realizado pelo sacerdote,
não passa de uma celebração repetida a que “assistimos”, já nem sabemos bem
porquê, se por tradição, se por obrigação, se por “medo” ou se porque
acreditamos mesmo?
Porque é que
eles Te reconhecem ao «partir do pão»?
Eram
melhores do que nós? Tinham mais fé? Viam-Te e tocavam-Te?
Mas eles
estavam desiludidos?! Eles já não acreditavam que Tu tinhas ressuscitado?!
E depois de
Te reconhecerem, desapareceste da sua presença?!
Então,
Senhor, que tinhas Tu feito, para que apesar dessa descrença, dessa desilusão,
eles Te pudessem reconhecer ao «partir do pão»?
Tinhas-lhes
explicado as Escrituras?
Pois tinhas,
Senhor, ao longo daquele caminho todo, da Jerusalém renascida pela Tua
Ressurreição, à Emaús do nosso descontentamento incrédulo!
Do nascer,
do acreditar, do alegrar-se, ao duvidar, ao desistir, ao morrer para a própria
vida!
Aquele
caminho foi toda uma vida, ao longo da qual lhes explicaste as Escrituras!
Por isso
eles Te reconheceram ao «partir do pão», por isso nasceram de novo,
alegraram-se de novo e anunciaram-Te com a força da fé, alicerçada na Palavra.
Mas a nós,
Senhor, também nos é explicada a Palavra, sempre que nos reunimos no memorial
da tua Ceia!
Mas estamos
“distraídos”!
Mas não
abrimos os nossos ouvidos e os nossos corações ao Deus que fala, mas apenas ao
homem sacerdote que prega, e, por isso, julgamos, opinamos, e decidimos se
gostámos ou não do que ouvimos.
Ouvimos o
homem, mas não ouvimos o Deus que nos fala através do homem!
Ouvimos com
os ouvidos as palavras “humanas”, mas não “ouvimos” com o coração a Palavra
divina!
Então não
nos pode «arder o coração» enquanto nos é explicada a Palavra, e se não nos
«arde o coração», como queremos nós reconhecer-Te ao «partir do pão»?
Então,
Senhor, decidimos nas nossas mentes que a Eucaristia é a consagração e a comunhão,
e todo o resto é “acessório”!
Mas, Senhor,
se aqueles discípulos não tivessem caminhado contigo, (e Tu com eles), todo
aquele caminho, (do nascer ao morrer), e se a eles não Te tivesses revelado na
Palavra, como poderiam eles ter-Te reconhecido ao «partir do pão»?
E não foi ao
longo desse caminho que eles nasceram para a vida e morreram para a vida, que
os levava a Emaús?
E não foi ao
longo desse caminho que eles nasceram para Ti e morreram em Ti, alcançando a
nova vida, que lhes permitiu reconhecer-Te ao «partir do pão»?
Todos os
dias, Senhor, fazes esse caminho connosco em cada Bíblia que abrimos e lemos,
(meditando), em cada palavra amiga e conselheira que nos é dada por aqueles que
aproximas de nós, em cada oração que colocas nos nossos lábios, vinda do
coração.
Todos os
dias, Senhor, nos explicas as Escrituras em cada Eucaristia que celebramos
verdadeiramente.
Ah, Senhor,
abre o nosso entendimento, derruba as barreiras da nossa incredulidade, faz-nos
«arder o coração», para Te reconhecermos ao «partir do pão»!
E mais
ainda, porque aqueles que caminhavam para Emaús, (mesmo depois de teres
«desaparecido da sua presença»), levantaram-se e caminharam para Jerusalém,
onde alegremente anunciaram a tua Ressurreição.
Por isso,
Senhor, depois de Te reconhecermos em cada Eucaristia verdadeiramente
celebrada, faz com que A continuemos a viver, no verdadeiro e alegre anúncio da
Tua presença no meio de nós.
Monte
Real, 8 de Maio de 2012
Joaquim Mexia Alves
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