13 agosto, 2009

EUCARISTIA, ÍCONE TRINITÁRIO



Deus é Amor (cf 1Jo 4,8), é amor-perfeito, amor trinitário. Deus é “Família” trinitária, é amor-perfeito com três pétalas. E porque o amor é infinito, a comunhão é plena. Daí que três Pessoas são um só Deus, na unidade plena e total, no dom e no acolhimento mútuo.
Ora a segunda Pessoa da Trindade, fez-Se homem, nasceu, viveu, morreu, ressuscitou, mas como era o Verbo do Pai, era amor-perfeito e infinito. Por isso a sua existência foi toda um acto de amor, mas, como Ele próprio disse, “a maior prova de amor é dar a vida”.
E Jesus, o Verbo Encarnado, deu a sua vida por nós na cruz e, na Eucaristia, renova sempre esse dom pleno de total amor. 
A Eucaristia é ícone trinitário, pois na Eucaristia temos todo o amor da Trindade dando-se a nós em plenitude de graça, de vida, de santidade. Ela coloca no altar o amor da Trindade.

A Eucaristia Dom do Pai 

Antes de mais, a Eucaristia é dom do Pai. Jesus tinha dito em Jo 6, 32, “o Pai é que vos dará o verdadeiro Pão do Céu”. O Pão Vivo descido do Céu, a Vítima oferecida na cruz e cuja oferta plena se renova na Eucaristia, é dádiva do Pai.
É o Pai que por amor à humanidade e à Igreja ofereceu o Filho e continua na Eucaristia a renovar essa oferta. “Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu seu Filho, não para condenar o mundo, mas para que este seja salvo” (cf Jo 3,36). 
A Eucaristia é, pois, dádiva do Pai, que em cada altar renova o dom de seu Filho, para ser alimento, para ser a Vítima do sacrifício eucarístico. É por isso, e porque todo o culto é feito por Cristo ao Pai, que toda a Eucaristia é rezada ao Pai, é oração ao Pai, é acção de graças ao Pai, é hino de glória ao amor do Pai.

A Eucaristia dádiva do Filho 

Mas a Eucaristia, como sabemos, é oferta do Filho, desse Filho que por amor louco foi até à morte de Cruz, ao dom pleno de Si mesmo. Ele tinha dito: “A vida ninguém ma tira, sou Eu que a dou”.
E ao dizer: “Tomai e comei”, “Tomai e bebei”, Ele dá a comer e a beber o seu Corpo e o seu Sangue, de Jesus que morreu, mas que está vivo e glorioso. Recebemo-lo a Ele mesmo quando, na fé, nos abeiramos do altar e comungamos o Pão do Céu, Jesus Eucaristia. 
O Pai faz dádiva de Jesus, mas o próprio Jesus, dum modo livre e amoroso, entrega-Se a Si mesmo, por amor, para ser nosso alimento, manjar do banquete, da ceia sagrada.
“A minha Carne é verdadeira comida, o meu Sangue é verdadeira bebida” (cf Jo 6, 55-58), quem O recebe permanece n’Ele, tem em si mesmo o próprio Verbo do Pai, feito homem, no seio virginal de Maria. 

A Eucaristia é acção Santificadora do Espírito 

A Eucaristia, como sabemos, é acção santificadora do Espírito, ou seja, sem Espírito Santo, sem a sua acção que consagra e converte, pão e vinho em Corpo e Sangue, não tínhamos Eucaristia. Esta é fruto da consagração do Espírito, da sua acção santificante.
Como nos outros sacramentos, é o Espírito que age no altar para gerar Jesus, como fez no seio virginal de Maria. Por isso, sem a acção do Espírito não tínhamos Missa, não havia no altar o manjar celeste, o próprio Jesus Eucaristia. 

Eucaristia Ícone Trinitário 

Vemos assim, como em cada Eucaristia, são as três Pessoas divinas que Se comprometem, que realizam o mistério, que fazem o sacramento, que nos dão a graça de participar na Ceia Santíssima. 
É toda a Trindade que age em cada Eucaristia, é o amor trinitário que “faz” a Missa. Por isso deve ser na Missa que nós nos devemos oferecer ao amor da Trindade, entregar às Pessoas divinas, fazendo de nós oferenda viva, hóstia viva, como nos exorta S. Paulo (Rom 12,1). 
A Trindade oferece-nos a Eucaristia e nós, na Eucaristia, oferecemo-nos à Trindade, com Cristo ao Pai, pela acção do Espírito Santo.

Dário Pedroso, s.j.
Labat n.º 96 - Julho 2009

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