07 abril, 2014

V Catequese Quaresmal - Cónego Carlos Paes, Deão do Cabido



«Para a igreja, a opção pelos pobres é mais uma categoria teológica, que cultural, sociológica, política ou filosófica» (EG, 198)

1. Uma categoria teológica:
Afirmar que a opção pelos pobres é acima de tudo uma categoria teológica quer dizer que enraíza no próprio mistério de Deus:
. O nosso Deus é único, é um só; mas não é sozinho…
. Deus é comunidade de amor e de vida. Amor porque é relação interpessoal e vida porque a relação desperta a vida e qualifica-a.
. Ser pessoa, em Deus é ser pelo outro, para o outro e com o outro. Pelo outro porque é na originalidade da relação entre a primeira e a segunda pessoa, que o Pai gera o Filho e o Filho se reconhece como dado e recebido. O vínculo que os liga de forma irrevogável é tão definitivo porque é no interior dessa relação que cada uma dessas pessoas divinas vive a sua singularidade e se afirma como pessoa, ou seja, como um “eu” individual e comunitário. Na verdade a relação gera comunhão e a comunhão gera fraternidade.
. a terceira pessoa divina é o sopro criador do Pai, a correspondência amorosa do Filho, testemunhada por essa Pessoa que é o Espírito da Trindade.
. incorporados eclesialmente nesta fé trinitária encontramos nela o modelo e a inspiração que nos faz sair do individualismo fragmentário e estéril, para criarmos células vivas de humanização e integração comunitária.
1.1. Deus manifesta a sua misericórdia antes de mais aos pobres.
. ao manifestar esta preferência pelos mais pobres, Deus confere-lhes uma dignidade especial, porque eles entram no seu plano salvífico como imagem da vocação que nos define: destinatários preferenciais do dom de Deus que nos criou como alvo do seu desejo de encontrar interlocutores e testemunhas do seu estilo que é vontade de depender para acolher e comunicar seguindo a lógica divina do dom que pela via da reciprocidade, permite que os pobres sejam não só destinatários, mas também sujeito activo e passivo da misericórdia que neles encontra um ponto de aplicação e objecto de verificação da própria misericórdia que neles se concretiza, para que a primeira pessoa neles cumpra a sua paternidade, a segunda neles encontre a autenticidade da sua “kenose” e a terceira neles veja manifesta a sua energia identitária unitiva e comunional. 
1.2. Esta preferência divina tem consequências na vida de fé de todos os cristãos, chamados a possuírem «os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus» (Fil 2,5)
.Na verdade, ao falar de pobreza, ultrapassamos os preconceitos duma realidade que fica habitualmente confinada aos clichés duma cultura eivada de filosofia política, de dialética marxista, militância revanchista.
. os Pobres também nos evangelizam, porque, não tendo nem o poder nem a riqueza do mundo, (cf. Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2014) porque delas foram privados e porque descobriram outras prioridade e outro estilo, ensinam-nos:
.a gratuidade do dom,
. a libertação  das dependências e adições,
.  a utopia ilusória de projectos meramente revolucionários,
. a quimera duma regeneração que esquece a conversão evangélica que nos ajudará a valorizar a espiritualidade da pobreza evangélica.
Ensina-nos também a fecundidade dos que começaram por escutar e acolher o clamor dos pobres, e sabem articular o seu desejo de intervir eficazmente, com a humildade daqueles que só contam com a força duma fé energética, que congrega, liberta, purifica e desenha projectos de cooperação fraterna, desencadeiam sinergias de perfil assistencialistas ou paternalistas, observatórios teóricos, projectos megalómanos onde os pobres não têm lugar nem intervenção, alternância de gestão de poderes em lugar de reconhecimento das competências e complementaridade dos contributos que todos são chamados a prestar.

2. Inspirada por tal preferência, a Igreja fez uma opção pelos pobres, entendida como uma forma especial de primado na prática da caridade cristã, testemunhada por toda a Tradição da Igreja »
Como ensinava Bento XVI, esta opção «está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com a sua pobreza». Retomando este pensamento o Papa Francisco afirma na sua mensagem quaresmal que este é “o estilo de Deus” e a sua “lógica”. Assim, “Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-se pobre, desceu ao nosso meio, aproximou-se de cada um de nós¸ despojou-se, «esvaziou-se», para se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fil 2,7; Heb 4,15). A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas a razão de tudo isso é o amor divino: um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-Se e sacrificar-Se pelas suas amadas criaturas. A caridade – continua ainda o Papa Francisco-  é partilhar em tudo a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez connosco. Na realidade Jesus trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano”.

3. Por isso, desejo uma Igreja pobre para os pobres.
Estes têm muito para nos ensinar.
Além de participar do sensus fidei, nas suas próprias dores conhecem Cristo sofredor.

4. É necessário que todos nos deixemos evangelizar por eles. (EG 198)
A nova evangelização é um convite:
4.1.a reconhecer a força salvífica das suas vidas
4.2.e a colocá-los no centro do caminho da Igreja.
Para que tal aconteça e corresponda a uma verdadeira conversão teologal, deverá operar-se uma mudança de mentalidade e uma conversão do coração que motive, oriente, anime e dê sentido ao exercício da caridade. “nenhuma motivação será suficiente se não arder nos corações o fogo do Espírito”  (EG 261)

5.Somos chamados a descobrir Cristo neles:
5.1.não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, e no seu clamor.
5.2.mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los,
5.3.e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles.

Síntese e comentários do P. Carlos Paes, Deão do Cabido da Sé Patriarcal de Lisboa
6 de Abril de 2014

Série constante na faixa lateral deste blog, em:

"Pesquisa rápida" - "CATEQUESE QUARESMAL 2014"

A misericórdia é uma carícia de Deus sobre os nossos pecados – o Papa na Missa em Santa Marta

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(RV) A misericórdia é uma carícia de Deus sobre os nossos pecados – esta a mensagem principal do Papa Francisco na Missa desta segunda-feira na Capela da Casa de Santa Marta. Partindo do Evangelho de S. João no seu capítulo 8, que a liturgia de hoje nos propõe, o Papa Francisco refletiu na sua homilia sobre o episódio da mulher adultera, ali relatado. Os escribas e os fariseus que apresentam a Jesus a mulher surpreendida em adultério não estão preocupados com aquela mulher – afirmou o Santo Padre – mas com as respostas de Jesus: se aconselhasse a lapidação ou decidisse perdoar a mulher Jesus seria sempre motivo de acusações por parte dos fariseus. ‘Quem de vós estiver sem pecado atire a primeira pedra’ – esta foi a resposta de Jesus – observou o Papa – o que lhe permitiu ficar a sós com a mulher, pois todos se foram embora. Jesus diz-lhe que também Ele não a condena e, segundo o Papa Francisco, vai para além do perdão:
“Jesus vai para além da lei. Não diz que o adultério não é pecado! Mas não a condena com a lei E este é o mistério da misericórdia de Jesus.”
“Mas Padre, a misericórdia apaga os pecados? Não aquilo que apaga os pecados é o perdão de Deus! A misericórdia é o modo como Deus perdoa. Porque Jesus podia dizer: Eu perdoo-te. Vai! Como fez com o paralítico que lhe tinham trazido a partir do telhado: Os teus pecados estão perdoados. Aqui diz: Vai em paz. Jesus vai para além. Aconselha a não voltar a pecar. Aqui se vê a atitude misericordiosa de Jesus: defende o pecador dos seus inimigos, defende o pecador de uma condenação justa. Também nós, quantos de nós, talvez devam ir para o inferno? E aquela é uma justa condenação... mas Ele perdoa para além disso. Como? Com esta misericórdia!”
A misericórdia – afirmou o Papa Francisco – vai para além e atua na vida de uma pessoa colocando de parte o pecado. É como se fosse o Céu:
“Nós olhamos para o Céu, tantas estrelas, mas quando vem o sol da manhã as estrelas não se vêem. E assim é a misericórdia de Deus: uma grande luz de amor e de ternura. Deus perdoa não com um decreto, mas com uma carícia, acariciando as nossas feridas do pecado. Porque Ele está envolvido no nosso perdão e na nossa salvação. E assim Jesus faz de confessor: não a humilha, não lhe diz: O que fizeste, e quando fizeste e como e com quem? Não! Vai, vai e não voltes a pecar. É grande a misericórdia de Deus, é grande a misericórdia de Jesus. Perdoar-nos acariciando-nos.” (RS)

06 abril, 2014

"Não há nenhum limite para a misericórdia de Deus" - repete-o Papa Francisco que, no Angelus, recorda o genocídio de Ruanda, o terramoto de L'Aquila e o vírus Ébola do Congo

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(RV) Numa Praça de S. Pedro particularmente repleta de fiéis, o Papa Francisco na sua reflexão antes da oração mariana do Angelus comentou o Evangelho deste quinto domingo da Quaresma que nos fala da ressurreição de Lázaro, o ponto mais alto dos "sinais" prodigiosos realizados por Jesus, um gesto demasiado grande, muito claramente divino para ser tolerado pelos sumos sacerdotes que, sabendo deste facto, tomaram a decisão de matar Jesus, disse o Papa, que em seguida acrescentou:
Lázaro estava morto havia três dias, quando Jesus chegou; e às irmãs Marta e Maria, Ele disse palavras que ficaram gravadas para sempre na memória da comunidade cristã: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca mais morrerá ".
Seguindo a Palavra do Senhor, nós acreditamos que a vida daqueles que acreditam em Jesus e seguem o seu mandamento, depois da morte será transformada numa vida nova, plena e imortal. Como Jesus ressuscitou com o seu próprio corpo, mas não voltou à vida terrena, assim também nós ressuscitaremos com os nossos corpos que serão transfigurados em corpos gloriosos. Ele está à espera de nós junto do Pai, e a força do Espírito Santo, que o ressuscitou dos mortos, também ressuscitará aqueles que estão unidos a Ele. E sobre o significado desta ressurreição para a vida dos fiéis o Papa sublinou:
Diante do túmulo lacrado do amigo, Jesus "bradou com voz forte: " Lázaro, sai para fora!". O morto saiu, com os pés e as mãos enfaixados com ligaduras, e o rosto envolvido num sudário ". Este grito peremptório é dirigido a cada homem, porque todos nós somos marcados pela morte; é a voz d'Aquele que é o senhor da vida e quer que todos "a tenham em abundância". Cristo não se resigna aos túmulos que construímos para nós com as nossas opções do mal e da morte. Ele nos convida , quase nos ordena, a sair do túmulo em que os nossos pecados nos afundaram. Chama-nos com insistência para sairmos da escuridão da prisão em que nos fechamos, para nos contentarmos com uma vida falsa, egoísta, medíocre.
Ao grito do Senhor "Sai para fora!" – continuou o Papa - deixemo-nos, pois, agarrar por estas palavras que Jesus hoje repete a cada um de nós. Deixemo-nos libertar das “faixas” do orgulho. A nossa ressurreição começa daqui: quando decidimos obedecer à ordem de Jesus, vinde à luz, à vida; quando da nossa face caem as máscaras e reavemos a coragem da nossa face original, criada à imagem e semelhança de Deus.
O gesto de Jesus que ressuscita Lázaro mostra até onde pode chegar a força da graça de Deus, e portanto até onde pode chegar a nossa conversão, a nossa mudança. E a este ponto o Papa convidou aos presentes a repetirem com ele:

“não há nenhum limite para a misericórdia de Deus oferecida a todos!”, tendo concluído a dizer que o Senhor está sempre pronto a levantar a pedra tumbal dos nossos pecados, que nos separa dele, luz dos viventes.
Após o Angelus o Santo Padre anunciou que terá lugar amanhã em Ruanda a comemoração do XX aniversário do início do genocídio perpetrado contra os Tutsis em 1994, e disse:
Por esta ocasião, quero exprimir a minha paterna proximidade para o povo de Ruanda, encorajando-o a continuar com determinação e esperança, o processo de reconciliação que já manifestou os seus frutos, e o empenho de reconstrução humana e espiritual do País. A todos digo: Não tenhais medo! Sobre a rocha do Evangelho construí a vossa sociedade, no amor e na concórdia, porque só assim se cria uma paz duradoura! Invoco sobre toda a amada nação de Ruanda a materna protecção de Nossa Senhora de Kibeho.
E depois de recordar os Bispos de Ruanda que estiveram em Roma durante a semana passada para a visita “ad limina apostolorum” o Papa convidou aos presentes a rezar uma “Ave Maria” a Nossa Senhora de Kibeho pela nação e povo do Ruanda
Em seguida o Papa Francisco saudou a todos os peregrinos presentes, e em particular aos participantes ao Congresso do Movimento do Empenho Educativo da Axcção Católica Italiana, os fiéis de Madrid e Menorca, o grupo brasileiro “Fraternidade e tráfico humano” vários estudantes do Canadá, Austrália e Bélgica, assim como os meninos que receberam ou se preparam para receber o Crisma.

À população de Aquila, que sofreu um terrível terramoto há exactamente cinco anos, o Papa dirigiu palavras de conforto:

Passaram exactamente cinco anos após o terremoto que atingiu L'Aquila e o seu território. Neste momento, queremos unir-nos àquela comunidade que tanto sofreu, e que ainda sofre, luta e espera, com muita confiança em Deus e na Virgem Maria. Rezemos por todas as vítimas: para vivam para sempre na paz do Senhor. E rezemos pelo caminho de ressurreição do povo de L'Aquila: a solidariedade e o renascimento espiritual sejam a força da reconstrução material.
E Papa Francisco convidou também aos presentes a rezar pelas vítimas do vírus Ébola que surgiu na Guiné e nos Países limítrofes. O Senhor sustente os esforços para combater este inicio de epidemia e para garantir cuidados e assistência a todos os necessitados – disse.

E por último, o Papa anunciou a iniciativa da distribuição do livrinho do Evangelho de bolso aos presentes na Praça de S. Pedro:
Nos últimos Domingos, sugeri para cada qual procurar para si um pequeno evangelho para trazer consigo durante o dia e lê-lo muitas vezes. Depois pensei numa antiga tradição da Igreja, durante a Quaresma, de entregar o Evangelho aos catecúmenos, aqueles que se preparam para o baptismo. E assim hoje quero oferecer a vós que estais na Praça - mas como um sinal para todos - um Evangelho de bolso. Vos será distribuído gratuitamente. Levai-o, levai-o convosco para o lerdes todos os dias: é Jesus que vos fala!
E acrescentou:
De graça recebestes, de graça dai! Em troca deste presente, fazei um acto de caridade, um gesto de amor gratuito. Hoje pode-se ler o Evangelho também com muitas ferramentas tecnológicas. Pode-se trazer consigo toda a Bíblia num telefone celular, num tablet. O importante é ler a Palavra de Deus, com todos os meios, e acolhê-la com o coração aberto. E então a boa semente dá fruto!
E de todos se despediu com a habitual saudação: Bom Domingo e bom almoço.

05 abril, 2014

Todos somos irmãos, crentes e não crentes – o Papa Francisco entrevistado por jovens belgas

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(RV) Na passada quinta-feira foi transmitida pela televisão pública flamenga da Bélgica VRT uma entrevista que o Papa Francisco concedeu a alguns jovens belgas, no dia 31 de março passado, no Palácio Apostólico no Vaticano. A iniciativa nasceu de um projeto de comunicação da Pastoral da Juventude da Flandres: os jovens, acompanhados pelo bispo de Gent, D. Lucas Van Looy, fizeram-lhe as perguntas em inglês e o Papa respondeu em italiano. Foi um encontro alegre e familiar, num clima de grande simplicidade. De destacar que entre os jovens encontrava-se também uma jovem agnóstica que diz sentir-se inspirada pelas palavras do Papa Francisco.
Perguntaram-lhe, em primeiro lugar, por que motivo aceitou a entrevista. O Papa respondeu que para ele é um serviço precioso falar à inquietude dos jovens. Logo de seguida, uma pergunta à queima-roupa: "O senhor é feliz?"
"Absolutamente! Absolutamente sou feliz (disse sorrindo)!... E é também uma felicidade tranquila, porque nesta idade não é a mesma felicidade de um jovem, há uma diferença. Mas uma certa paz interior, uma paz grande, felicidade, que chega com a idade, também. E inclusive com um caminho que sempre teve problemas. Também agora existem problemas, mas essa felicidade não vai embora com os problemas, não: vê os problemas, sofre por causa deles e segue em frente, faz algo para resolvê-los e segue em frente. Mas no fundo do coração há esta paz e esta felicidade. Para mim, verdadeiramente, é uma graça de Deus. É uma graça! Não é mérito próprio."
Os jovens perguntaram o motivo do seu grande amor pelos pobres: "Porque é o coração do Evangelho", respondeu o Papa Francisco:
"Para mim, o coração do Evangelho é dos pobres. Há dois meses atrás ouvi que uma pessoa disse, por isto, por falar sobre os pobres, por ter essa preferência: "Este Papa é comunista!" Não. Essa é uma bandeira do Evangelho, não do comunismo: do Evangelho! Mas a pobreza sem ideologia, a pobreza... E por isso creio que os pobres estão no centro do anúncio de Jesus. Basta ler o Evangelho. O problema é que depois, algumas vezes, na história, essa postura em relação aos pobres foi ideologizada."
A jovem agnóstica, por sua vez, perguntou ao Papa qual é a mensagem que ele tem para todos os jovens:
"Todos somos irmãos, crentes, não crentes, desta ou de outra confissão religiosa, judeus, muçulmanos... todos somos irmãos! O homem está no centro da história, e isso para mim é muito importante: o homem é o centro. Neste momento da história o homem foi tirado do centro, foi atirado para a periferia, e no centro – ao menos neste momento – está o poder, o dinheiro, e nós devemos trabalhar em prol das pessoas, do homem e da mulher, que são a imagem de Deus."
Hoje "entramos numa cultura do descarte", prosseguiu o Papa. "As crianças são excluídas – não se querem crianças, queremos menos crianças, famílias pequenas: não se querem crianças. "
"Os anciãos são excluídos: muitos deles morrem em decorrência de uma eutanásia escondida, porque não se cuida deles e acabam morrendo. E agora os jovens são excluídos."
O Santo Padre recordou que na Itália o desemprego juvenil abaixo dos 25 anos é de quase 50%. Mas recordando os seus encontros com alguns jovens políticos argentinos, afirmou ter confiança neles e na vontade deles de concretude:
"E fico contente porque eles, quer de esquerda, quer de direita, falam uma nova música, um novo estilo de política. E isso dá-me esperança. E creio que a juventude, neste momento, deve assumir a luz e seguir adiante. Que sejam corajosos! Isso dá-me esperança."
Interrogado sobre a busca que o homem faz de Deus, o Papa respondeu:
"Quando o homem se encontra a si mesmo, busca Deus. Talvez não consiga encontrá-lo, mas segue num caminho de honestidade, buscando a verdade, por um caminho de bondade e um caminho de beleza... está num bom caminho e seguramente encontrará Deus! Mais cedo ou mais tarde o encontrará. Mas o caminho é longo e algumas pessoas não o encontram na vida. Não o encontram conscientemente. Mas são muito verdadeiras e honestas consigo mesmas, muito boas e muito amantes da beleza, que acabam tendo uma personalidade muito madura, capaz de um encontro com Deus, que é sempre uma graça. Porque o encontro com Deus é uma graça."
Um jovem perguntou-lhe o que lhe ensinaram os seus erros. O Papa Bergoglio afirmou que os erros são "grandes mestres de vida":
"Grandes mestres: os erros ensinam-nos muito. Também nos humilham, porque alguém pode sentir-se um super-homem, uma super-mulher e a pessoa erra e isso a humilha e a coloca no seu lugar. Não diria que aprendi com todos os erros que cometi: não, creio que não aprendi com alguns deles, porque sou cabeça-dura (disse sorrindo) e não é fácil aprender. Mas dos muitos erros aprendi e isso fez-me bem. E também reconhecer os erros. Errei aqui, errei ali, errei acolá... E também o estar atento para não voltar ao mesmo erro."
Uma jovem perguntou-lhe: "Teria um exemplo concreto de como aprendeu a partir de um erro?":
"Por exemplo, na condução da vida da Igreja: fui nomeado superior muito jovem e cometi muitos erros com o autoritarismo, por exemplo. Eu era muito autoritário: tinha 36 anos... Depois, aprendi que se deve dialogar, que se deve ouvir o que os outros pensam... Mas não foi aprendido de uma vez por todas! É um caminho longo."
Por fim, a última pergunta dos jovens ao Papa foi particular: "O senhor teria uma pergunta para nós?":
"A pergunta que gostaria de fazer-lhes não é original. Tomo-a do Evangelho. Onde está o teu tesouro? Essa é a pergunta. Onde repousa o teu coração? Em que tesouro repousa o teu coração? Porque onde estiver o teu tesouro estará a tua vida... Essa é a pergunta (disse sorrindo), mas devem respondê-la vós mesmos, sozinhos, em casa..." (RL/RS)

04 abril, 2014

Quem anuncia o Evangelho vai ao encontro de perseguições – o Papa na Missa em Santa Marta

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(RV) Quem anuncia o Evangelho vai ao encontro de perseguições – esta a mensagem principal do Papa Francisco na Missa desta sexta-feira em Santa Marta. Partindo das leituras do dia retiradas do Livro da Sabedoria e do Evangelho de S. João, na sua homilia o Santo Padre observou que os inimigos de Jesus fazem-lhe calúnias e movem-lhe perseguições. E sempre foi assim na história da salvação, os profetas foram sempre perseguidos:

O Evangelho de hoje é claro! Jesus escondia-se, nestes últimos dias, porque ainda não tinha chegado a sua hora; mas Ele conhecia qual seria o seu fim. E Jesus é perseguido desde o inicio: recordemos quando no início da sua pregação volta à sua cidade, vai à sinagoga e faz pregação: logo, depois de uma grande admiração, começam: mas este nós sabemos de onde ele é. Este é um de nós. Mas com que autoridade vem ensinar-nos? Onde estudou...?... Desqualificam-no! Cristo, ao invés, quando virá ninguém saberá de onde seja! Desqualificar o Senhor, desqualificar o profeta para tirar autoridade!”


Mesmo nos dias de hoje os cristãos são perseguidos – continuou o Santo Padre – às vezes mesmo dentro da própria Igreja. A perseguição é uma marca de quem desenvolve uma ação profética anunciando o Evangelho:

Mas há pena de morte ou a prisão por ter o Evangelho em casa, por ensinar o Catecismo, hoje, em certos sítios! Dizia-me um católico destes países que eles não podem rezar juntos. É proibido! Só podem rezar escondidos e sozinhos. Mas eles querem celebrar a Eucaristia e como fazem? Fazem uma festa de aniversário, fazem de conta de festejar um aniversário e ali fazem a Eucaristia antes da festa. E aconteceu! E se chegam os polícias, escondem tudo cantam os parabéns e continuam a festa. Quando se vão embora terminam a Eucaristia. É assim que têm que fazer porque é proibido rezar juntos. Hoje!” (RS)

03 abril, 2014

Padre José de Anchieta proclamado Santo, assim como um bispo e uma religiosa missionários no Québec


(RV) O missionário jesuíta do Brasil, Beato José de Anchieta (1534-1597), foi hoje inscrito pelo Papa Francisco no catálogo dos Santos, estendendo o seu culto à Igreja universal. Idêntica disposição abrangei outras duas importantes figuras ligadas à missionação da América do Norte: o bispo de Québec, D. Francisco de Laval (1623-1708) e a Irmã Maria da Incarnação (1599-1672), fundadora de um mosteiro das Ursulinas na cidade de Québec, ambos de origem francesa e mortos no atual Canadá.
Os respectivos Decretos de canonização foram assinados pelo Santo Padre, ao receber, esta manhã, o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Ângelo Amato. Papa Francisco autorizou também a publicação de cinco outros Decretos, que dizem respeito ao reconhecimento de milagres de um Bispo italiano, de um Padre indiano, de dois religiosos italianos e de uma religiosa indiana, vividos nos séculos XIX e XX.
Finalmente, autorizada a publicação de oito Decretos reconhecendo as virtudes heróicas de outros tantos Servos de Deus, religiosos e religiosas provenientes da Espanha, Itália, França e Brasil (neste caso a Irmã Dulce Rodrigues dos Santos, Fundadora das Missionárias de Maria Imaculada, falecida em 1972.

A oração deve ser livre e insistente, face a face com Deus – o Papa na Missa em Santa Marta nesta quinta-feira

 
(RV) A oração deve ser livre e insistente, vivida numa relação face a face com Deus, assim como quem fala com um amigo – esta a mensagem principal do Papa Francisco na Missa da manhã desta quinta-feira na Capela da Casa de Santa Marta.

O diálogo de Moisés com Deus no Monte Sinai esteve no centro da homilia do Santo Padre. O povo de Deus salvo e trazido do Egito estava agora pervertido e voltara à idolatria. O Senhor quer puni-lo mas Moisés tentará demovê-lo dessa intenção. Na leitura do Livro do Êxodo proposta pela liturgia desta manhã pode-se ler que o Senhor disse a Moisés: “Agora, deixa-me; a minha cólera vai inflamar-se contra eles e destruí-Ios-ei.”. Moisés tenta fazer memória da bondade do Senhor, recordando como Ele tinha tirado o seu povo da escravidão do Egito. Insiste na oração apresentando todos os seus argumentos, livremente e sem medo e desce do monte redescobrindo que Deus é misericordioso – afirmou o Papa Francisco que nos diz que quem mudou foi Moisés e não Deus:

“Aquele que mudou é Moisés, porque Moisés acredita que o Senhor teria feito isto, acreditava que o Senhor teria destruído o povo e ele procura, na sua memória, como tinha sido bom o Senhor com o seu povo, como o tinha tirado da escravidão do Egito e continuado com a sua promessa. E com estas argumentações tenta convencer Deus, mas neste processo ele reencontra a memória do seu povo e a misericórdia de Deus: Este Moisés que tinha medo, medo que Deus fizesse aquela coisa, no final desce do monte com uma coisa grande no coração: o nosso Deus é Misericordioso. Sabe perdoar. Volta atrás nas suas decisões. É um Pai.”

É na oração que Moisés reencontra a vontade de Deus. A oração muda-nos o coração. Faz-nos perceber melhor como é o nosso Deus – afirmou o Papa Francisco.

Moisés falou com o Senhor face a face como quem fala com um amigo – considerou o Santo Padre. Numa oração livre e insistente, Moisés abriu o coração ao Senhor e desceu do monte robustecido na sua fé através da força da oração:

“A Bíblia diz que Moisés falava ao Senhor face a face, como a um amigo. Assim, deve ser a oração: livre, insistente, com argumentações. E até chamando um pouco a atenção ao Senhor: ‘Mas tu prometeste isto e não o fizeste...’ assim como se fala com um amigo. Abrir o coração a esta oração. Moisés desceu do monte robustecido: ‘Conheci mais o Senhor’, e com aquela força que lhe tinha dado a oração, retoma o seu trabalho de conduzir o povo em direção à Terra Prometida. Porque a oração robustece. O Senhor a todos nós dê a graça, porque rezar é uma graça.” (RS)

02 abril, 2014

DÁ-ME DE BEBER, SENHOR

 



Dá-me de beber,
peço-te eu,
Senhor,
dessa água viva que Tu tens,
água que nos dá vida,
água que nos faz viver.


Dá-me de beber,
peço-te eu,
Senhor,
que tenho sede de Ti,
tenho sede do teu amor.

Dá-me de beber,
peço-te eu,
Senhor,
quero a água que me dás,
a água da alegria,
que nos leva à tua paz

Dá-me de beber,
peço-te eu,
Senhor,
que não quero mais ter sede,
que não quero ter mais fome,
mas apenas ser só teu,
sempre teu,
no teu amor.


Marinha Grande, 02 de Abril de 2014
Joaquim Mexia Alves

Os esposos são uma única carne – na audiência geral o Papa Francisco reiterou o segredo: “com licença, obrigado e desculpa.”


(RV) Na audiência geral desta quarta-feira o Papa Francisco dedicou a sua catequese ao sacramento do Matrimónio concluindo assim um ciclo de catequeses dedicado aos sacramentos:


“Fomos criados para amar, como reflexo de Deus e do seu amor. E na união conjugal o homem e a mulher realizam esta vocação no sentido da reciprocidade e da comunhão de vida plena e definitiva.”


O sacramento do Matrimónio conduz-nos ao coração do desígnio de Deus – continuou o Santo Padre – que é um desígnio de Aliança e de comunhão: fomos criados para amar, como reflexo do Amor de Deus.


“Deus faz dos dois esposos uma só existência – a Bíblia diz “uma única carne”...


Neste sacramento – observou o Papa Francisco – Deus faz da união dos esposos – numa só carne – um sinal do seu amor, um reflexo da comunhão que existe no seio da Santíssima Trindade, onde as Três Pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – vivem desde sempre e para sempre em união perfeita.

O Matrimónio é também uma missão – definiu o Santo Padre: o amor entre os esposos, manifestado nas coisas simples da vida quotidiana, torna visível o amor com que Cristo ama a Igreja:


“Os esposos, com efeito, por força do Sacramento, são investidos de uma verdadeira missão, porque podem fazer visível, a partir das coisas simples e normais, o amor com que Cristo ama a sua Igreja, continuando a dar a vida por ela, na fidelidade e no serviço.”


É necessário manter viva a união com Deus, que está na base da união conjugal – considerou o Santo Padre – que logo indicou o seu segredo para uma vida matrimonial serena – o amor é mais forte do que qualquer litígio:


“O amor é mais forte do que os momentos de litígio. Por isso eu aconselho aos casais que não acabem o dia sem fazer a paz…”

“e para fazer a paz não são precisas as Nações Unidas, uma carícia basta!”

“E assim é a vida, levá-la para a frente com a coragem de querer viver juntos. E isto é belo!”


E o Papa Francisco concluiu a sua catequese reiterando as suas já bem conhecidas três palavras-chave para uma saudável vida conjugal – com licença, obrigado e desculpa:


“Uma coisa que ajuda tanto a vida matrimonial são três palavras – três palavras que se devem dizer sempre: com licença, obrigado, desculpa!”


“Que o Senhor vos abençoe e rezai por mim!”


No final da audiência o Papa Francisco saudou também os peregrinos de língua portuguesa:


“Dou as boas-vindas a todos os peregrinos de língua portuguesa, nominalmente aos grupos escolares de Portugal e à delegação ítalo-brasileira. Rezemos por todas as famílias, especialmente por aquelas que passam por dificuldades, na certeza de que estas são um dom de Deus nas nossas comunidades cristãs. Que Deus vos abençoe!”


Nas saudações aos peregrinos polacos, presentes hoje na Praça de São Pedro, para a audiência geral, o Papa Francisco evocou a figura de João Paulo II, falecido faz hoje precisamente 9 anos. O Santo Padre recordou a próxima canonização do Papa polaco, convidando todos a prepararem-se espiritualmente para esse momento de graça para toda a Igreja.

O Papa Francisco a todos deu a sua benção! (RS)


"Pregador incansável da palavra de Deus": a 9 anos da morte de João Paulo II, Papa evoca-o como modelo de santidade


(RV) Saudando os peregrinos polacos presentes na praça de São Pedro para a audiência geral, o Papa Francisco evocou a figura de João Paulo II, falecido faz hoje precisamente 9 anos. O Santo Padre recordou a próxima canonização do Papa polaco, no final do mês, convidando todos a prepararem-se espiritualmente, reavivando o património de fé que ele deixou.

“Imitando Cristo (recordou Papa Francisco), ele foi para o mundo um pregador incansável da Palavra de Deus, da verdade e do bem, até mesmo com o seu sofrimento. Foi esse o magistério da sua vida, a que o povo de Deus respondeu com grande amor e estima. Que a sua intercessão reforce em nós a fé, a esperança e o amor!”

01 abril, 2014

A inércia e o formalismo fecham a porta à salvação – o Papa na Missa em Santa Marta

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(RV) A inércia e o formalismo fecham a porta à salvação – esta a principal mensagem do Papa Francisco na missa desta terça-feira na Capela da Casa de Santa Marta. A leitura do Evangelho deste dia narra o encontro de Jesus com o paralítico que se lamentava de não conseguir entrar na piscina porque era sempre antecipado por outros. Jesus faz o milagre e o homem recomeça a andar. Tudo isto acontece em dia de sábado o que foi logo censurado pelos fariseus. Segundo o Santo Padre são duas atitudes de que enfermam muitos cristãos: a inércia, aqui personificada pelo lamento do paralítico e o formalismo paralisante dos fariseus no respeito pelo sábado:

“Eu penso em tantos cristãos, tantos católicos: sim , são católicos, mas sem entusiasmo, mesmo amargurados! ‘Sim a vida é assim, mas a Igreja... Eu vou à Missa todos os domingos, mas é melhor não me misturar, eu tenho a fé para a minha saúde, não sinto a necessidade de dá-la a um outro...’Cada um em sua casa, tranquilos para a vida... Tu fazes qualquer coisa e depois chamam-te à atenção: ‘Não é melhor assim, não arriscar...’ É a doença da inércia, da inércia cristã. Esta atitude que é paralisante do zelo apostólico, que faz dos cristãos pessoas paradas, tranquilas, mas não no sentido bom da palavra: que não se preocupam de sair para dar o anúncio do Evangelho! Pessoas anestesiadas.”

“Cristãos hipócritas, como estes. Apenas lhes interessavam as formalidades. Era sábado? Não, não se podem fazer milagres ao sábado, a graça de Deus não pode trabalhar ao sábado. Fecham a porta à graça de Deus! Temos tantos na Igreja. É um outro pecado. Em primeiro os que têm o pecado da inércia, não são capazes de andar em frente com o seu zelo apostólico, porque decidiram de pararem em si próprios, nas suas tristezas, nos seus ressentimentos. Estes não são capazes de levar a salvação porque fecham a porta à salvação.”

Os cristãos têm, assim, a possibilidade de ajudarem os outros com duas palavras ditas com ternura e com amor evitando o caminho da inércia, do formalismo e da hipocrisia – afirmou o Papa Francisco – que afirmou serem elas curar e não pecar:

“As duas palavras cristãs: Queres curar-te? Não voltes a pecar. Mas antes cura-se. Primeiro cura-se e depois não voltes a pecar. Palavras ditas com ternura e com amor. E este é o caminho cristão, o caminho do zelo apostólico: aproximar-se a tantas pessoas, feridas neste hospital de campo e também muitas vezes feridas por tantos homens e mulheres da Igreja. É uma palavra de irmão e de irmã: queres curar-te? E depois quando continua em frente, Ah, não voltes a pecar, que não faz bem. É muito melhor isto: as duas palavras de Jesus são muita mais belas do que a atitude da inércia e da hipocrisia.” (RS)

1.ª catequese preparatória da Festa da Família 2014

 

No dia 25 de Maio de 2014, todas as famílias de Lisboa são convidadas a celebrar o dia do Senhor em conjunto com o seu bispo, na Festa da Família que se realiza em Mafra. Para melhor nos preparar para este grande acontecimento, a Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa propõe um itinerário catequético composto por 5 encontros que se poderão realizar em família (tanto na Igreja Doméstica como na comunidade alargada). Entre 1 de Abril e 6 de Maio, os esquemas destes encontros serão disponibilizados semanalmente (com exceção da Semana Santa) de acordo com o seguinte programa:
  1. A família, primeira educadora da Fé: 1 de Abril
  2. A família, educadora da verdade do homem: o matrimónio e a família: 8 de Abril
  3. A família, educadora da dignidade e respeito de toda pessoa: 15 de Abril
  4. A família, aberta a Deus e ao próximo: 29 de Abril
  5. A família, primeira experiência de Igreja: 6 de Maio
1.ª Catequese: A Família, primeira educadora da Fé
A) Cântico Inicial:
B) Invocação do Espírito Santo
C) Leitura Bíblica: Act 16, 22-34
A multidão amotinou-se contra eles; e os estrategos, arrancando-lhes as vestes, mandaram-nos açoitar. Depois de lhes terem dado muitas vergastadas, lançaram-nos na prisão, recomendando ao carcereiro que os tivesse sob atenta vigilância. Ao receber tal ordem, este meteu-os no calabouço interior e prendeu-lhes os pés no cepo. Cerca da meia-noite, Paulo e Silas, em oração, entoavam louvores a Deus, e os presos escutavam-nos. De repente, sentiu-se um violento tremor de terra que abalou os alicerces da prisão. Todas as portas se abriram e as cadeias de todos se desprenderam. Acordando em sobressalto, o carcereiro viu as portas da prisão abertas e puxou da espada para se matar, pensando que os presos se tinham evadido. Paulo, então, bradou com voz forte: «Não faças nenhum mal a ti mesmo, porque nós estamos todos aqui.» O carcereiro pediu luz, correu para dentro da masmorra e lançou-se a tremer, aos pés de Paulo e de Silas. Depois, trouxe-os para fora e perguntou: «Senhores, que devo fazer para ser salvo?» Eles responderam: «Acredita no Senhor Jesus e serás salvo tu e os teus.» E anunciaram-lhe a palavra do Senhor, assim como aos que estavam na sua casa. O carcereiro, tomando-os consigo, àquela hora da noite, lavou-lhes as feridas e imediatamente se baptizou, ele e todos os seus. Depois, levando-os para cima, para a sua casa, pôs-lhes a mesa e entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus.
Palavra do Senhor.
D) Leitura do Ensinamento da Igreja:
1. Deus quer que todos os homens conheçam e aceitem o seu plano de salvação, revelado e realizado em Cristo (cf. 1 Tim 1, 15-16). Deus falou de muitas formas aos nossos pais (cf. Heb 1, 1; todo o AT). Ao chegar a plenitude dos tempos (cf Gl 4, 4) nos falou de modo pleno e definitivo em e por Cristo (cf Heb 1, 2-4): o Pai não tem “outra” Palavra para nos dar, porque nos deu a “única e a última” em Cristo (cf Jo 1, 1ss).
2. A Igreja recebeu o mandato de anunciar a todos os homens esta grande notícia: «Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28, 19). Os Apóstolos assim o entenderam e realizaram desde o dia de Pentecostes, enchendo Jerusalém (At. 1-5) e todo o mundo então conhecido (Livro dos Atos e Epístolas) com o anúncio de Cristo Morto e Ressuscitado para a nossa salvação.
3. A família cristã, Igreja doméstica, participa desta missão. Além disso, a família tem como primeiros e principais destinatários deste anúncio missionário os seus filhos e familiares, como o atestam as Cartas Pastorais paulinas e a praxe posterior. Os esposos santos e os pais cristãos de todos os tempos assim o viveram. À luz da feliz experiência da Igreja nas sociedades cristãs da Europa (quando a família realizou esta missão educadora com seus filhos) e à luz também das gravíssimas repercussões negativas que hoje se constatam (pelo abandono ou descuido desta missão), é preciso que a família volte a ser a primeira educadora da fé nestas nações – hoje já não cristãs de fato – nas quais se está afiançando a fé e nas quais se está implantando a Igreja. O principal apostolado missionário dos pais deve realizar-se na sua própria família, pois seria uma desordem e um anti testemunho pretender evangelizar os outros, descuidando a evangelização dos nossos. Os pais transmitem a fé aos seus filhos com o testemunho de sua vida cristã e com sua palavra.
4. O núcleo central desta educação na fé é “o anúncio gozoso e vibrante de Cristo, Morto e Ressuscitado por nossos pecados”. Em íntima conexão com este núcleo se encontram as outras verdades contidas no Credo dos Apóstolos, nos sacramentos e nos mandamentos do decálogo. As virtudes humanas e cristãs fazem parte da educação integral da fé. (Hoje em dia não se pode quase nunca pressupor esta bagagem fundamental, nem sequer nos países chamados “cristãos” e nos casos em que os pais pedem os sacramentos de iniciação para os seus filhos, dada a grande ignorância religiosa e a escassa prática religiosa dos pais).
E) Perguntas para o Dialogo:
1 - Nos dias de hoje a família passa por graves problemas: como poderá voltar a ser a primeira educadora na Fé? Que poderemos fazer para se alterar esta situação? Na nossa família e nas famílias em geral?
2 - Como educar os nossos filhos diante da "catequização" que eles sofrem na escola, e noutros lugares? (partilhar as vivencias de cada família)
F) Orações espontâneas.
G) Pai-Nosso
H) Cântico Final
 
 

27 de abril: canonização de João XXIII e João Paulo II. Aguardam-se milhões de peregrinos


(RV) Praticamente impossível quantificar os peregrinos que virão a Roma para a canonização de João XXIII e João Paulo II, no próximo dia 27, último domingo de abril. As autoridades da cidade falam de milhões. No Vaticano, opta-se pela prudência: “muitíssima gente”, é a única certeza, pelo que não serão distribuídos convites para os lugares a ocupar na praça de São Pedro. Nesta segunda-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé, os organizadores fizeram para os jornalistas o ponto da situação.

A missa de canonização terá início às 10 horas (9h em Portugal), presidida pelo Papa Francisco e concelebrada por elevado número de cardeais e centenas de bispos. Cinco mil os padres que terão lugar assegurado. Dá-se como certo que será convidado o Papa emérito, mas falta saber se participará. No domingo de tarde, os peregrinos poderão venerar os dois novos santos, desfilando em oração junto dos túmulos situados sob dois altares da basílica de São Pedro.

Inúmeras as iniciativas de oração organizadas para os peregrinos das diversas proveniências. Onze igrejas do centro da cidade ficarão abertas na noite de sábado para domingo, a partir das 21 horas, com confessores disponíveis para atender os penitentes em diferentes línguas. Aos lusófonos está reservada a igreja de Santa Anastácia (junto ao Circo Máximo, por detrás do Foro Romano e da colina do Palatino). O Secretariado de Liturgia da diocese preparou o esquema de uma vigília com textos bíblicos e extratos de intervenções dos dois Papas. Em cada uma das igrejas, a animação litúrgica será naturalmente assegurada por pessoas da língua ali usada.

Para todas as informações úteis, atualizadas em tempo real, consultar o site oficial em cinco línguas: italiano, inglês, francês, espanhol e polaco. Haverá também uma aplicação intitulada “santo subito”, que se poderá descarregar gratuitamente, em formato Android ou IOS (italiano, inglês, espanhol e polaco), contendo informações sobre a vida e ensinamentos dos dois novos santos, mas também com acesso a todas as notícias sobre a canonização e o material previsto para os diferentes momentos litúrgicos.

Como outros grandes momentos vividos em Roma nos últimos 50 anos (desde o Concílio Vaticano II, passando pelas eleições papais e pelas exéquias, nomeadamente as de João Paulo II, em 2005), também esta circunstância constituirá mais um passo em frente ao nível da comunicação mundial, pela amplidão da difusão e pelas condições de crescente qualidade do som e da imagem. O Centro Televisivo do Vaticano (com o som da RV), em colaboração com Sky e Sony, assegurará a visão do acontecimento em alta definição (HD) e em 3D.

Assim, instaladas em casa ou reunidas em 500 cinemas de uns 20 países (120 só em Itália), graças à utilização de Nexco Digital, milhões de pessoas poderão seguir a celebração em condições que assegurarão uma especial sensação de presença na praça de São Pedro. As filmagens serão efectuadas em 4K, com o mais moderno material disponível (DBW Communication), que permitirá arquivar imagens de extrema nitidez. Para a transmissão em mundovisão das cinco horas de reportagem previstas, a Eutelsat Itália utilizar 9 satélites, com uma cobertura completa de todo o globo.

A diocese natal de João XXIII decidiu assinalar a canonização do “Papa Bom” com o que designa como “um monumento à caridade”, desprendendo-se de alguns bens para os partilhar com comunidades eclesiais mais carecidas. 800 mil euros serão destinados à manutenção de uma escola que a diocese construiu há tempos no Haiti. À Albânia são atribuídos 600 mil euros para a construção de uma igreja e de um centro pastoral. Na própria cidade de Bérgamo, 500 mil euros permitirão fazer obras de adaptação de um ex-quartel agora destinado a acolher pessoas sem abrigo.

Mas a iniciativa mais original é o facto de o Fundo para o trabalho, já existente na diocese para apoiar desempregados, receber nesta ocasião, excepcionalmente, o contributo dos 900 padres de Bérgamo, que destinarão para o efeito o vencimento de um mês. Finalmente, a diocese procederá à venda de imóveis no valor de três milhões de euros, destinados a bolsas de estudo de jovens de países pobres que desejem realizar trabalhos de investigação e dedicar teses de doutoramento à figura do Papa Roncali.


Foto final: selos comemorativos emitidos simultaneamente pelo Vaticano e pela Polónia