Palavras de
Bento XVI no Angelus por ocasião da solenidade de Todos os Santos
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 02 de novembro de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos a seguir as palavras de Bento XVI pronunciadas ontem, da janela de seu escritório no Vaticano, por ocasião da Festa de Todos os Santos.
Queridos
irmãos e irmãs!
Hoje temos a
alegria de nos encontrar na solenidade de Todos os Santos. Esta festa nos faz
refletir o duplo horizonte da humanidade, que exprimimos simbolicamente as
palavras “terra” e “céu”: a terra representa o caminho histórico, o céu a
eternidade, a plenitude da vidaem Deus. E assim esta festa nos faz pensar na
Igreja em sua dupla dimensão: a Igreja a caminho no tempo e a que celebra a
festa sem fim, a Jerusalém celeste. Estas duas dimensões são unidas pela
realidade da “comunhão dos santos”: uma realidade que começa aqui sobre a terra
e atinge seu cumprimento no céu.
No mundo terreno,
a Igreja é o inicio deste mistério de comunhão que une a humanidade, um
mistério totalmente centradoem Jesus Cristo: foi Ele quem introduziu no gênero
humano esta nova dinâmica, um movimento que conduz a Deus e, ao mesmo tempo, a
unidade, em direção a paz no sentido profundo. Jesus Cristo – diz o Evangelho
de São João (11,52) – morreu “para reunir os filhos de Deus dispersos”, e esta
sua obra continua na Igreja que é inseparavelmente “una”, “santa”, “católica”.
Ser cristão, fazer parte da Igreja significa abrir-se a esta comunhão, como uma
semente que se abre na terra, morrendo, e fecunda em direção ao alto, em
direção ao céu.
Os Santos –
aqueles que a Igreja proclama como tal, mas também todos os santos e santas que
somente Deus conhece, e que hoje também celebramos – viveram intensamente esta
dinâmica. Em cada um deles, de modo pessoal, se fez presente Cristo, graças ao
seu Espírito que age mediante a Palavra e os Sacramentos. De fato, estar unido
a Cristo, na Igreja, não anula a personalidade, mas a abre, a transforma com a
força do amor, e a confere, já aqui na terra, uma dimensão
eterna.Substancialmente, significa tornar-se a imagem do Filho de Deus (cfr Rm
8, 29), realizando o projeto de Deus que criou o homem à sua imagem e
semelhança.
Mas este estar
inserido em Cristo nos abre – como disse – também à comunhão com todos os
outros membros do seu Corpo místico que é a Igreja, uma comunhão que é perfeita
no “Céu”, onde não existe nenhum isolamento, nenhuma concorrência ou separação.
Na festa de hoje, experimentamos a beleza desta vida de total abertura ao olhar
de amor de Deus e dos irmãos, no qual temos a certeza de alcançar Deus no outro
e o outroem Deus.
Com esta fé
plena de esperança nós veneramos todos os santos, e nos preparamos para
comemorar amanhã o dia dos fiéis defuntos. Nos santos vemos a vitória do amor
sobre o egoísmo e sobre a morte: vemos que seguir a Cristo leva à vida, à vida
eterna, e dá sentido ao presente, a qualquer momento que passa, porque o
preenche de amor, de esperança. Somente a fé na vida eterna nos faz amar
verdadeiramente a historia e o presente, mas sem apegos, na liberdade de
peregrino, que ama a terra porque tem o coração no Céu.
A Virgem
Maria nos obtenha a graça de acreditar fortemente na vida eterna e de nos
sentirmos em verdadeira comunhão com os nossos caros defuntos.
(Trad.MEM)
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