A propósito
do tema de hoje, "Creio no Espírito Santo", lembrei-me de uma graça
que ouvi contar há uns anos, e que tem a ver com a Sua presença na Igreja e em
nós, claro.
Havia um
pároco já de idade avançada numa determinada paróquia e percebia-se que o
cansaço estava a tomar conta dele porque cada vez mais diminuía o número de
fiéis na Missa Dominical.
O Bispo
dessa Diocese, decidiu então dar-lhe o merecido descanso, e colocou no seu
lugar um jovem sacerdote, cheio de genica e vontade de trabalhar.
Passado
pouco tempo já a igreja estava cheia de fiéis na Missa Dominical.
Num Domingo
o Bispo decidiu ir à paróquia fazer uma visita e reparou com agrado que a
igreja estava cheia.
Já na
sacristia, depois da Missa, reparou no olhar orgulhoso do novo pároco, por
causa do número de pessoas presentes na Missa.
O Bispo
decidiu então chamá-lo à razão e disse-lhe:
Senhor
Padre, não se orgulhe muito, porque tudo isto é trabalho do Espírito Santo!
Ao que o
jovem sacerdote respondeu, com um sorriso:
Pois, pois,
mas o Espírito Santo já cá estava antes de eu cá chegar!
Esta graça,
que não tem qualquer maldade, poderá servir-nos daqui a pouco para percebermos
a acção do Espírito Santo em nós e na Igreja, mas por agora detenhamo-nos no
tema que nos foi dado: Creio no Espírito Santo!
Muito melhor
do que quaisquer palavras que eu diga, o Catecismo da Igreja Católica explica
verdadeiramente e sem a mínima dúvida o que é crer no Espírito Santo.
685. Crer no Espírito
é, professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial
ao Pai e ao Filho, «adorado e glorificado com o Pai e o Filho.»
Esta é uma
verdade que todos conhecemos e repetimos todos os dias, sobretudo quando nos
benzemos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
E no entanto
o Espírito Santo parece-nos muitas vezes um “ilustre desconhecido”, se me
permitem esta expressão.
Já não tanto
como quando eu era novo, tempo em que por exemplo os protestantes criticavam os
católicos por “desconhecerem” o Espírito Santo, ou como alguns deles diziam, O
termos substituído pela Virgem Maria.
Talvez
tivessem alguma razão, nesse tempo!
Obviamente
que a Igreja, a Tradição, o seu Magistério, sempre falou e ensinou sobre o
Espírito Santo e é conhecida, por exemplo, a Carta Encíclica do Papa Leão XIII,
Divinum Illud Munus, sobre a Terceira
Pessoa da Santíssima Trindade.
No entanto,
é o Papa João XXIII, que na Constituição Apostólica Humanae Salutis Convocatória do Concílio Ecuménico Vaticano II, vai
tornar actual, perdoem-me a expressão, o Espírito Santo!
Cito:
«E digne-se o divino Espírito ouvir da maneira mais consoladora a oração
que todos os dias sobe de todos os recantos da terra: "Renova em nossa
época os prodígios, como em novo Pentecostes; e concede que a Igreja santa, reunida
em unânime e instante oração junto a Maria, Mãe de Jesus, e guiada por Pedro,
difunda o reino do divino Salvador, que é reino da verdade, de justiça, de amor
e de paz. Assim seja"» Humanae Salutis
E fora
ouvidas as palavras do Beato Papa, porque o Concílio Vaticano II veio trazer um
novo folego à Igreja, na construção de uma Igreja mais próxima dos fiéis, de
tal modo que fez surgir diversíssimos Movimentos e Obras, a maior parte
fundados por leigos em companhia de sacerdotes, numa diversidade rica de
espiritualidade, em união e comunhão de Igreja, abarcando todos os sectores da
sociedade humana à procura de Deus.
Com efeito o
Espírito Santo não é de ontem, não é das primeiras comunidades cristãs, nem
apenas dos primeiros Padres, o Espírito Santo é de ontem, de hoje e para
sempre.
Sem Ele não há fé!
Atentemos no
que nos diz o Catecismo da Igreja Católica, no item 683:
683. «Ninguém pode
dizer "Jesus é o Senhor" a não ser pela acção do Espírito Santo»
(1Cor 12, 3). «Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que
clama: "Abbá! Pai!'» (Gl 4, 6). Este conhecimento da fé só é possível no
Espírito Santo. Para estar em contacto com Cristo, é preciso primeiro ter sido
tocado pelo Espírito Santo. É Ele que nos precede e suscita em nós a fé. Em
virtude do nosso Baptismo, primeiro sacramento da fé, a Vida, que tem a sua
fonte no Pai e nos é oferecida no Filho, é-nos comunicada, íntima e
pessoalmente, pelo Espírito Santo na Igreja.
E depois o
Catecismo cita Santo Ireneu:
O Baptismo «dá-nos a graça
do novo nascimento em Deus Pai, por meio do Filho no Espírito Santo. Porque
aqueles que têm o Espírito de Deus são conduzidos ao Verbo, isto é, ao Filho:
mas o Filho apresenta-os ao Pai, e o Pai dá-lhes a incorruptibilidade.
Portanto, sem o Espírito não é possível ver o Filho de Deus, e sem o Filho
ninguém tem acesso ao Pai, porque o conhecimento do Pai é o Filho, e o
conhecimento do Filho de Deus faz-se pelo Espírito Santo».
E ainda
nesta citação, no item 684:
684. O Espírito Santo,
pela sua graça, é o primeiro no despertar da nossa fé e na vida nova que
consiste em conhecer o Pai e Aquele que Ele enviou, Jesus Cristo
Em palavras
muito simples poderemos dizer que o Antigo Testamento nos revela o Pai, o
Criador, e de forma mais velada, (passe a expressão), o Filho que há-de vir.
O Novo
Testamento, sobretudo nos Evangelhos, manifesta o Filho, a Revelação do Deus
que se quis dar a conhecer aos homens para sua salvação.
Nos Actos
dos Apóstolos poderemos dizer que nos é revelado o Espírito Santo, prometido
pelo Filho, que como o próprio Jesus Cristo nos diz, nos fará reconhecer a
Verdade e guiará no caminho da salvação:
«Tenho ainda muitas
coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando
Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele
não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e
anunciar-vos o que há-de vir.» Jo 16, 12-13
Joaquim Mexia Alves
Nota: "Palestra" que fiz na Escola Vicarial da Fé, (Vigararia da
Marinha Grande), e que aqui divido em várias partes dada a sua extensão.
Este texto é obviamente um guia para uma intervenção oral que foi
desenvolvendo o tema.
Série constante na faixa lateral deste blog,
em "Pesquisa rápida" - "CREIO NO ESPÍRITO SANTO"
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