Mas é por
vezes complicado para nós, “vermos” o Espírito Santo.
Porque o Pai
é normalmente, humanamente representado como uma figura de homem de idade, com
umas barbas, e tem esse nome que todos entendemos porque sempre toca as nossas
vidas: Pai!
O Filho quis
fazer-se igual a nós e portanto é apresentado pela figura humana em que quis
encarnar, e fica-nos assim desse modo próximo e entendível, se assim podemos
dizer.
Aliás a
própria história dos homens fala d’Ele e há documentos para além das Escrituras
Sagradas que atestam a Sua passagem no meio de nós.
Mas o
Espírito Santo não tem forma, digamos assim, e por isso é representado
normalmente por uma pomba, pelo fogo, pela água, etc., o que nos torna difícil
o entendimento como uma Pessoa da Santíssima Trindade.
O termo
espírito traduz o termo hebraico “Ruah” que significa sopro, vento, ar.
Algo que não
se vê, mas se pode sentir.
Para além
disso o Espírito Santo não fala de si próprio, mas faz-nos ouvir a Palavra do
Pai, faz-nos conhecer Cristo, Palavra viva de Deus, mas nós não O ouvimos,
embora Ele nos conduza no e ao entendimento da Palavra de Deus.
E por que
Ele assim divinamente se apaga é que Jesus nos explica «que o mundo não O pode
receber, porque não O vê nem O conhece», mas aqueles que crêem em Cristo, esses
sim O conhecem, porque Ele está neles e neles habita.
Diz-nos o
Catecismo que a Igreja é o lugar do nosso conhecimento do Espírito Santo:
— Nas Escrituras, que Ele inspirou:
— na Tradição, de que os Padres da Igreja são testemunhas sempre actuais;
— no Magistério da Igreja, que Ele assiste;
— na liturgia sacramental, através das suas palavras e dos seus símbolos,
em que o Espírito Santo nos põe em comunhão com Cristo;
— na oração, em que Ele intercede
por nós;
— nos carismas e ministérios, pelos
quais a Igreja é edificada;
— nos sinais de vida apostólica e missionária;
— no testemunho dos santos, nos
quais Ele manifesta a sua santidade e continua a obra da salvação.
Em todas
estas citações, aqueles que crêem, reconhecem a presença do Espírito Santo, até
porque se assim não fosse, nada do que foi citado teria o carácter da presença
de Deus e seriam apenas coisas humanas, como tal falíveis e efémeras.
Citando
novamente o Catecismo, encontramos nos textos sagrados várias designações para
o Espírito Santo.
Assim, Jesus
Cristo, em diversas passagens do Evangelho de São João, chama-Lhe o
“Paráclito”, que quer dizer, traduzindo à letra, «aquele que está junto»,
«advogado».
O Catecismo
diz-nos que Paráclito é vulgarmente traduzido por «Consolador» como na Primeira
Carta de João 2, 1.
Jesus
chama-Lhe ainda «o Espírito de verdade», em João 16,13
Para além do
nome próprio Espírito Santo, largamente usado nos Actos dos Apóstolos, São
Paulo chama-Lhe ainda:
Espírito da promessa (Gal 3, 14; Ef 1, 13)
Espírito de adopção (Rm 8, 15; Gal 4, 6)
Espírito de Cristo (Rm 8, 9)
Espírito do Senhor ( 2 Cor 3, 17)
Espírito de Deus (Rm 8, 9. 14; 15, 19; 1 Cor 6, 11; 7, 40),
e S. Pedro designa-o por
Espírito de glória (1 Pe 4, 14).
Já há um
pouco percebemos que há várias representações para o Espírito Santo, como a
pomba, o fogo, etc.
Servindo-nos
sempre do Catecismo, descubramos então, resumidamente, os símbolos do Espírito
Santo:
694. A água.
O simbolismo da água é significativo da acção do Espírito Santo no
Baptismo, pois que, após a invocação do Espírito Santo, ela torna-se o sinal
sacramental eficaz do novo nascimento.
695. A unção.
O simbolismo da unção com óleo é também significativo do Espírito Santo, a
ponto de se tomar o seu sinónimo. Na iniciação cristã, ela é o sinal
sacramental da Confirmação, que justamente nas Igrejas Orientais se chama
«Crismação».
696. O fogo.
Enquanto a água significava o nascimento e a fecundidade da vida dada no
Espírito Santo, o fogo simboliza a energia transformadora dos actos do Espírito
Santo. É sob a forma de línguas, «uma espécie de línguas de fogo», que o
Espírito Santo repousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes e os enche
de Si. A tradição espiritual reterá este simbolismo do fogo como um dos mais
expressivos da acção do Espírito Santo. «Não apagueis o Espírito!» (1 Ts 5,
19).
(O fogo queima, purifica, para depois nascer a nova vida)
697. A nuvem e a luz.
Estes dois símbolos são inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo.
Desde as teofanias do Antigo Testamento, a nuvem, umas vezes escura, outras
luminosa, revela o Deus vivo e salvador, velando a transcendência da sua
glória.
Podemos ver isto mesmo, por exemplo, em Moisés no Monte Sinai, a marcha
pelo deserto, na Anunciação, (a sua sombra que cobre Maria para que conceba e
dê à luz), na Transfiguração, na Ascensão, etc.
698. O selo
é um símbolo próximo do da unção. Porque indica o efeito indelével da unção
do Espírito Santo nos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Ordem, a
imagem do selo foi utilizada em certas tradições teológicas para exprimir o
«carácter» indelével, impresso por estes três sacramentos, que não podem ser
repetidos.
699. A mão.
É pela imposição das mãos que Jesus cura os doentes e abençoa as crianças.
O mesmo farão os Apóstolos, em seu nome. Ainda mais: é pela imposição das mãos
dos Apóstolos que o Espírito Santo é dado. Este sinal da efusão omnipotente do
Espírito Santo, guarda-o a Igreja nas suas epicleses sacramentais.
700. O dedo.
«É pelo dedo de Deus que Jesus expulsa os demónios» Lc 11,20. Se a Lei de
Deus foi escrita em tábuas de pedra «pelo dedo de Deus» (Ex 31, 18), a «carta
de Cristo», entregue ao cuidado dos Apóstolos, «é escrita com o Espírito de
Deus vivo: não em placas de pedra, mas em placas que são corações de carne» (2
Cor 3, 3). O hino «Veni Creator Spiritus» invoca o Espírito Santo como «Dedo da
mão direita do Pai»
701. A pomba.
No final do dilúvio (cujo simbolismo tem a ver com o Baptismo), a pomba
solta por Noé regressa com um ramo verde de oliveira no bico, sinal de que a
terra é outra vez habitável. Quando Cristo sobe das águas do seu baptismo, o
Espírito Santo, sob a forma duma pomba, desce e paira sobre Ele. O símbolo da
pomba para significar o Espírito Santo é tradicional na iconografia cristã.
Joaquim Mexia Alves
Nota: 2ª parte do texto que me serviu de guia para a palestra que fiz na Escola
Vicarial da Fé da minha Vigararia da Marinha Grande.
Série constante na faixa lateral deste blog,
em "Pesquisa rápida" - "CREIO NO ESPÍRITO SANTO"
Sem comentários:
Enviar um comentário