Ontem, na Missa da tarde da minha Paróquia da Marinha Grande, o sacerdote que presidia à celebração, fazia-nos esta mesma pergunta durante a homilia.
E foi-nos conduzindo nesta reflexão, que despertou em mim a vontade de meditar sobre tão importante pergunta.
Com efeito, vivendo o Advento, tempo de espera, mas também de reflexão, de conversão, para o encontro com o Senhor, devemo-nos perguntar:
«Que Deus espero eu?»
Espero um deus por mim idealizado, por mim “construído”, enfim, um deus que sirva os meus propósitos, os meus desejos, as minhas vontades?
Espero um deus que se “dedique” a dizer sim a tudo o que eu lhe pedir?
Espero um deus que me faça importante aos olhos dos outros, que me faça ser reconhecido pelos outros?
Espero um deus que não me dê missões, “obrigações”, ou necessidades de reflectir e meditar naquilo que faço?
Espero um deus que se “contente” com um simples, “eu acredito”, mas que não me “incomode” com orações e celebrações?
Espero um deus que “perceba” que uma coisa é a minha relação com ele, outra coisa é a minha relação com o mundo?
Espero um deus que me dê “presentes”, que me dê tudo o que quero e julgo ser importante para a minha vida, que me dê o peixe, em vez de me ensinar a pescar?
Espero, enfim, (porque a lista seria longa demais), um deus que nasça igual aos homens, mas que não passe pela Paixão, nem a Morte, mas apenas a Ressurreição?
Se é este deus que eu espero, estou enganado, porque o Deus que nasce da Virgem Maria, e se faz Homem, em tudo igual a nós, (excepto no pecado), é um Deus que “apenas” tem amor para dar.
E esse amor é tão universal, tão infinito, que não se esgota em mim, mas se derrama, em tudo igual, em todos os outros, em todo o tempo e em qualquer lugar.
O Deus que vem ao meu encontro, é um Deus que me liberta de mim próprio, se eu com Ele me quiser encontrar.
É um Deus que nunca me faltará com nada do que verdadeiramente preciso para viver e ser feliz, mas que muito raramente são as coisas que eu julgo, (na minha ignorância e pequenez), importantes para isso mesmo.
É um Deus que me mostra o Caminho, que me revela a Verdade, que me dá a Vida, mas que a nada me obriga, pois tudo faz por amor.
É um Deus que me conduz e ampara, mas não dá os passos que devem ser meus, nem toma as decisões que eu devo tomar.
É um Deus que não quer fazer de mim alguém diferente dos outros, mas quer sim, (por minha vontade própria), fazer-me mais igual aos outros, mais irmão, mais comunhão com todos.
É um Deus que não me quer mudar naquilo que sou, (foi Ele, aliás, que assim me criou), mas quer sim que tudo o que me deu, eu saiba aproveitar para, dando-me mais a Ele me dar mais aos outros, e assim fazendo a Sua vontade encontrar a plenitude da vida que Ele me deu.
Se é este o Deus que eu espero, sou feliz, porque Ele vem, já veio, e só espera que eu me deixe encontrar por Ele, para me dar e fazer viver o verdadeiro Natal.
Nota:
Texto “provocado” pela homilia do Padre Pedro Viva, Vigário Paroquial da Paróquia da Marinha Grande, na Missa de ontem.
Joaquim Mexia Alves
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