Depois de dois dias intensos de Encontros de Formação em cada um dos pólos, realizaram-se as quatro Assembleias Regionais.
Diferentes das do ano transacto, estas Assembleias tinham uma forte componente de formação, mas também de oração, de louvor, de acção de graças, de abertura, de renovação, de exercício de carismas e de derramamento do Espírito Santo.
Cada uma das zonas teve uma dinâmica distinta, muito pelas razões anteriormente apontadas, mas essencialmente porque todas são diferentes e em conjunto, com o auxílio do Espírito Santo, os grupos são capazes de coisas verdadeiramente espantosas, não só a nível da decoração, como acolhem, como apresentam as mesas, como são delicados e atenciosos na liturgia, como são animadores. Todos diferentes com um só objectivo, o de evangelizar em nome do Senhor.
O Padre Dário Pedroso, s.j., foi o elo comum entre três zonas falando sobre o tema: “Assumir a Palavra de Deus como luz para a vida: alimento da oração; forma da comunidade; sustento da missão”.
Na Portela, na Benedita e em Sintra falou olhando nos olhos dos presentes. Deixou inquietações, interrogações e meditações que todos, certamente, levaram para os seus grupos, a fim de crescerem mais e mais na reza da Palavra do Senhor.
Transcrevemos excertos dos ensinamentos partilhados pelo Padre Dário.
A Palavra de Deus não é uma coisa, é uma pessoa, Jesus Cristo
A Palavra de Deus não é uma coisa, é uma pessoa, Jesus Cristo, que quer entrar em intimidade comigo, o Verbo do Pai, o Filho bem-amado. A Palavra não é uma coisa, mas uma pessoa viva.
O Verbo é a segunda Pessoa da Trindade. Tudo foi feito por Ele e nada foi feito sem Ele. A Palavra vai realizando todas as coisas desde o princípio do mundo.
Ela falou dos mistérios, em aramaico. Revelou o mistério do Pai, do Paizinho, do Pai agricultor, do Pai providente, do Pai pródigo. Anuncia-nos o amor da Trindade. Jesus, Palavra do Pai dada aos homens, Palavra Divina.
A Palavra que me ama, que quer ter uma relação comigo, que quer fazer comunhão comigo. E foi a Palavra chamada Jesus que nos veio revelar com todo o amor, sabedoria, o mistério do Pai, da Eucaristia, todos os mistérios. Veio fundar o mistério da Igreja.
Não conhecemos a Palavra. Mas é preciso ler, rezar, conhecer a Palavra de Deus. A Palavra era a vida, os nacos no tempo de Jesus. Veio-nos revelar os mistérios de amor e da vida. Eu sou o bom Pastor, diz o Senhor. E nós não rezamos, não amamos, não meditamos a Palavra. A Palavra que é tesouro, a pérola, o tudo, o nosso amado, o esposo da alma.
Quantas vezes não amamos a Palavra, não A retemos no coração.
A Quaresma é um tempo do deserto. Temos que a amar mais, fazer da Palavra vida da nossa vida.
“Para mim viver é Cristo” diz S. Paulo, mas para nós, hoje em dia, não é Cristo, mas é a fofoquice.
“Escutai-me, prestai-me atenção e vivereis”
O Senhor diz muitas vezes: “Escutai-me, prestai-me atenção e vivereis”. Porque o coração, a alma também ouve. Temos que fazer silêncio para escutar a Palavra e sem ele não conseguimos escutar nenhuma palavra.
Precisamos de recolhimento, de fazer silêncio. Há o silêncio exterior, mas o mais importante é o silêncio interior. Santa Teresinha dizia que a imaginação é a louca da casa. É preciso pedir este silêncio interior. Sem ele não há oração, não escutamos a Palavra.
Escutai e vivereis, escutai e transformar-vos-ei. Aprender a fazer deserto na minha casa, no trabalho, no meio da azáfama, do barulho, aproveitar e fazer silêncio e escutar a Palavra.
Arranjar maneira de fazer deserto e entrar em intimidade com Ele. A atitude de um cristão é estar sempre com Ele, em namoro com Ele. Em quem é que hei-de pensar, senão n’Ele.
Escutai-me, vinde ter comigo e vivereis.
Quem ouve a Palavra e a põe em prática é como a casa construída sobre a rocha; quem não o faz, é como a casa construída sobre a areia. E como somos nós? Somos casa construída sobre a rocha ou sobre a areia?
Quantas vezes a nossa fé é uma fé enfezada. Em que muitos vão à missa e depois vão à bruxa.
Quando é construída sobre rocha podem vir todas as tempestades que não abano, nem estremeço, porque estou sob a rocha. É preciso meditar a Palavra, rezar, escutar, fazer silêncio e questionar-mo-nos sobre a Palavra.
Precisamos de acolher a Palavra. Que o Senhor nos liberte para a escuta atenta da Palavra. Cada frase tem um conteúdo riquíssimo que não escuto, não medito.
É preciso sermos homens e mulheres da Palavra. Quem tem o fogo da Palavra é incendiário, tal como foi o Padre Américo da Obra do Gaiato – um homem de fogo da Palavra, movido pela Palavra.
Não é preciso ser muito inteligente. Santa Catarina de Sena era analfabeta, mas abriu-se à Palavra, ao Espírito Santo. Não fechar o coração, como diz o Salmo “Se ouvirdes a Palavra do Senhor, não fecheis os corações”.
Como diz o excerto do texto do Documento Dei Verbum, do Concílio Vaticano II: “Quem não ouve a Palavra de Deus por dentro, torna-se um pregador vão e superficial”. Ouvi-la, escutá-la por dentro é como embalar uma criança e deixar-se transformar por dentro. Para escutar a Palavra por dentro é preciso silêncio interior, recolhimento, escuta atenta.
O grande amor que nos tem leva a que o Pai do céu queira que escutemos por dentro e é isso que nos falta. Sem isso não vamos longe na vida cristã e na fé.
Efeitos da Palavra de Deus: Frutos, Acções
- A Palavra vai-nos divinizando, cristificando à medida que rezo.
Dentro de nós é preciso evangelizar a inteligência, para pensar sempre como Jesus pensou. Como chuva miudinha que vai ensopando a terra, a Palavra de Deus vai-me ensopando.
É preciso crescer na Palavra para amar como Jesus amou, o mais pobre, o mais doente. Amar ao jeito de Jesus. A Palavra vai transformando, modificando o coração para amar ao jeito de Jesus. Mas a nossa vontade ainda não está evangelizada, porque não quero sempre fazer a vontade de Deus.
Tenho de evangelizar a minha vontade para querer o que Deus quer, aceitar a vontade de Deus, que por vezes é difícil, mas deixar que a Palavra evangelize a minha vontade.
A nossa afectividade também precisa ser evangelizada, porque temos muitos afectos desordenados, somos mulheres e homens em caminho de evangelização.
Os nossos olhos também não, porque olhamos e cobiçamos.
A língua também, porque estamos na crítica, na fofoquice. Somos homens e mulheres que necessitam de ser evangelizados para vivermos ao jeito de Jesus.
Dentro de mim há terra de missão, muita coisa que precisa de ser evangelizado: o coração, a vontade, a língua, os olhos, a sexualidade, a afectividade. Para sermos os novos cristãos.
É preciso grupos que se deixem tocar pela Palavra e que não fiquem apenas nos braços no ar. É preciso passar para a vida o Evangelho.
Diferentes das do ano transacto, estas Assembleias tinham uma forte componente de formação, mas também de oração, de louvor, de acção de graças, de abertura, de renovação, de exercício de carismas e de derramamento do Espírito Santo.
Cada uma das zonas teve uma dinâmica distinta, muito pelas razões anteriormente apontadas, mas essencialmente porque todas são diferentes e em conjunto, com o auxílio do Espírito Santo, os grupos são capazes de coisas verdadeiramente espantosas, não só a nível da decoração, como acolhem, como apresentam as mesas, como são delicados e atenciosos na liturgia, como são animadores. Todos diferentes com um só objectivo, o de evangelizar em nome do Senhor.
O Padre Dário Pedroso, s.j., foi o elo comum entre três zonas falando sobre o tema: “Assumir a Palavra de Deus como luz para a vida: alimento da oração; forma da comunidade; sustento da missão”.
Na Portela, na Benedita e em Sintra falou olhando nos olhos dos presentes. Deixou inquietações, interrogações e meditações que todos, certamente, levaram para os seus grupos, a fim de crescerem mais e mais na reza da Palavra do Senhor.
Transcrevemos excertos dos ensinamentos partilhados pelo Padre Dário.
A Palavra de Deus não é uma coisa, é uma pessoa, Jesus Cristo
A Palavra de Deus não é uma coisa, é uma pessoa, Jesus Cristo, que quer entrar em intimidade comigo, o Verbo do Pai, o Filho bem-amado. A Palavra não é uma coisa, mas uma pessoa viva.
O Verbo é a segunda Pessoa da Trindade. Tudo foi feito por Ele e nada foi feito sem Ele. A Palavra vai realizando todas as coisas desde o princípio do mundo.
Ela falou dos mistérios, em aramaico. Revelou o mistério do Pai, do Paizinho, do Pai agricultor, do Pai providente, do Pai pródigo. Anuncia-nos o amor da Trindade. Jesus, Palavra do Pai dada aos homens, Palavra Divina.
A Palavra que me ama, que quer ter uma relação comigo, que quer fazer comunhão comigo. E foi a Palavra chamada Jesus que nos veio revelar com todo o amor, sabedoria, o mistério do Pai, da Eucaristia, todos os mistérios. Veio fundar o mistério da Igreja.
Não conhecemos a Palavra. Mas é preciso ler, rezar, conhecer a Palavra de Deus. A Palavra era a vida, os nacos no tempo de Jesus. Veio-nos revelar os mistérios de amor e da vida. Eu sou o bom Pastor, diz o Senhor. E nós não rezamos, não amamos, não meditamos a Palavra. A Palavra que é tesouro, a pérola, o tudo, o nosso amado, o esposo da alma.
Quantas vezes não amamos a Palavra, não A retemos no coração.
A Quaresma é um tempo do deserto. Temos que a amar mais, fazer da Palavra vida da nossa vida.
“Para mim viver é Cristo” diz S. Paulo, mas para nós, hoje em dia, não é Cristo, mas é a fofoquice.
“Escutai-me, prestai-me atenção e vivereis”
O Senhor diz muitas vezes: “Escutai-me, prestai-me atenção e vivereis”. Porque o coração, a alma também ouve. Temos que fazer silêncio para escutar a Palavra e sem ele não conseguimos escutar nenhuma palavra.
Precisamos de recolhimento, de fazer silêncio. Há o silêncio exterior, mas o mais importante é o silêncio interior. Santa Teresinha dizia que a imaginação é a louca da casa. É preciso pedir este silêncio interior. Sem ele não há oração, não escutamos a Palavra.
Escutai e vivereis, escutai e transformar-vos-ei. Aprender a fazer deserto na minha casa, no trabalho, no meio da azáfama, do barulho, aproveitar e fazer silêncio e escutar a Palavra.
Arranjar maneira de fazer deserto e entrar em intimidade com Ele. A atitude de um cristão é estar sempre com Ele, em namoro com Ele. Em quem é que hei-de pensar, senão n’Ele.
Escutai-me, vinde ter comigo e vivereis.
Quem ouve a Palavra e a põe em prática é como a casa construída sobre a rocha; quem não o faz, é como a casa construída sobre a areia. E como somos nós? Somos casa construída sobre a rocha ou sobre a areia?
Quantas vezes a nossa fé é uma fé enfezada. Em que muitos vão à missa e depois vão à bruxa.
Quando é construída sobre rocha podem vir todas as tempestades que não abano, nem estremeço, porque estou sob a rocha. É preciso meditar a Palavra, rezar, escutar, fazer silêncio e questionar-mo-nos sobre a Palavra.
Precisamos de acolher a Palavra. Que o Senhor nos liberte para a escuta atenta da Palavra. Cada frase tem um conteúdo riquíssimo que não escuto, não medito.
É preciso sermos homens e mulheres da Palavra. Quem tem o fogo da Palavra é incendiário, tal como foi o Padre Américo da Obra do Gaiato – um homem de fogo da Palavra, movido pela Palavra.
Não é preciso ser muito inteligente. Santa Catarina de Sena era analfabeta, mas abriu-se à Palavra, ao Espírito Santo. Não fechar o coração, como diz o Salmo “Se ouvirdes a Palavra do Senhor, não fecheis os corações”.
Como diz o excerto do texto do Documento Dei Verbum, do Concílio Vaticano II: “Quem não ouve a Palavra de Deus por dentro, torna-se um pregador vão e superficial”. Ouvi-la, escutá-la por dentro é como embalar uma criança e deixar-se transformar por dentro. Para escutar a Palavra por dentro é preciso silêncio interior, recolhimento, escuta atenta.
O grande amor que nos tem leva a que o Pai do céu queira que escutemos por dentro e é isso que nos falta. Sem isso não vamos longe na vida cristã e na fé.
Efeitos da Palavra de Deus: Frutos, Acções
- A Palavra vai-nos divinizando, cristificando à medida que rezo.
Dentro de nós é preciso evangelizar a inteligência, para pensar sempre como Jesus pensou. Como chuva miudinha que vai ensopando a terra, a Palavra de Deus vai-me ensopando.
É preciso crescer na Palavra para amar como Jesus amou, o mais pobre, o mais doente. Amar ao jeito de Jesus. A Palavra vai transformando, modificando o coração para amar ao jeito de Jesus. Mas a nossa vontade ainda não está evangelizada, porque não quero sempre fazer a vontade de Deus.
Tenho de evangelizar a minha vontade para querer o que Deus quer, aceitar a vontade de Deus, que por vezes é difícil, mas deixar que a Palavra evangelize a minha vontade.
A nossa afectividade também precisa ser evangelizada, porque temos muitos afectos desordenados, somos mulheres e homens em caminho de evangelização.
Os nossos olhos também não, porque olhamos e cobiçamos.
A língua também, porque estamos na crítica, na fofoquice. Somos homens e mulheres que necessitam de ser evangelizados para vivermos ao jeito de Jesus.
Dentro de mim há terra de missão, muita coisa que precisa de ser evangelizado: o coração, a vontade, a língua, os olhos, a sexualidade, a afectividade. Para sermos os novos cristãos.
É preciso grupos que se deixem tocar pela Palavra e que não fiquem apenas nos braços no ar. É preciso passar para a vida o Evangelho.
- A Palavra fortalece, dá força, para levar a cruz de cada dia com alegria sem lamentações.
A Palavra anima e dá força para persistir às tentações que se são tantas, sejam elas as que forem. Também dá força para sofrer no silêncio. Palavra que dá força interior, como Santa Teresa de Ávila, é preciso uma determinação bem determinada.
Não sabemos resistir. A fortaleza interior é também um dom do Espírito Santo.
- A Palavra dá fé.
Para não termos uma fé enfezada, mas uma fé adulta. A fé veio pela Palavra. A Palavra faz crescer na fé, conhecer melhor os seus mistérios, Ela é o poço sem fundo.
A alma também tem escamas, tal como os olhos de S. Paulo, e cataratas.
- A Palavra converte.
A Palavra converte para nos ajudar a mudar de vida, só a Palavra nos faz homens e mulheres de Evangelho. Mudar de vida, de critérios para vivermos ao jeito do Evangelho. A Palavra que muda o coração, vai convertendo. Então o que é que é preciso pedir a Deus que mude? A língua é preciso fazer um esforço, é preciso penitência. A Palavra converte, apela à mudança.
Hoje em dia não interessa o que Jesus e Deus acham, mas o que eu acho importante. No mundo em desordem, a alma e o coração do mundo estão doentes e é a minha transformação ou conversão que ajuda o mundo.
- A Palavra de Deus ilumina os nossos passos.
A Palavra de Deus ilumina os nossos passos, para que a minha vida seja santa, caridosa, humilde. É preciso que a Palavra ilumine a nossa inteligência as nossas vontades. Os caminhos da vida não andam iluminados. Quanto mais rezo, mais Deus pega em mim e me transforma.
- Nossa Senhora foi a Senhora da Palavra
Paulo VI chama-lhe a Senhora da Palavra rezada, meditada. A primeira bem-aventurança do Evangelho é dita por Isabel: “Feliz tu porque acreditas-te em toda a Palavra que te foi dada da parte de Deus”. Deus escreve, Ela cumpre. Este desejo de viver a Palavra. Quem escuta vive num encanto novo com Jesus.
- A Palavra faz-se pão, alimento na Eucaristia
Como diz Jesus: “Quem me come permanece em mim e Eu nele”. Quem comunga é assim, duas vidas, uma só vida; dois corações, um só coração.
O dom da Eucaristia. A Palavra faz-se vida dentro de mim e é o Espírito Santo que me ajuda a compreender e a saborear a Palavra.
Os membros do Renovamento têm que ser homens e mulheres da Palavra, que comem, vivem, rezam, saboreiam e põem em prática a Palavra”.
Paulo VI chama-lhe a Senhora da Palavra rezada, meditada. A primeira bem-aventurança do Evangelho é dita por Isabel: “Feliz tu porque acreditas-te em toda a Palavra que te foi dada da parte de Deus”. Deus escreve, Ela cumpre. Este desejo de viver a Palavra. Quem escuta vive num encanto novo com Jesus.
- A Palavra faz-se pão, alimento na Eucaristia
Como diz Jesus: “Quem me come permanece em mim e Eu nele”. Quem comunga é assim, duas vidas, uma só vida; dois corações, um só coração.
O dom da Eucaristia. A Palavra faz-se vida dentro de mim e é o Espírito Santo que me ajuda a compreender e a saborear a Palavra.
Os membros do Renovamento têm que ser homens e mulheres da Palavra, que comem, vivem, rezam, saboreiam e põem em prática a Palavra”.
Labat n.º 102 de Março de 2010
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