Lemos muitas vezes e detemo-nos nas vidas dos Santos.
Empolgam-nos essas vidas e sempre sentimos um sentimento de amor por eles e sobretudo pelo Nosso Deus que constrói e se faz presente nessas vidas.
Só que muitas vezes também, ligamos mais ao “acessório” que ao essencial. Quedamo-nos maravilhados com os milagres operados pela sua intercessão, (e não nos esqueçamos que os milagres são de Deus e que os Santos “apenas” intercedem), que passam a fazer parte da nossa memória, e repetimo-los vezes sem conta àqueles com quem conversamos, para tentarmos mostrar o amor e o poder de Deus vivo e presente no meio de nós e em nós.
E não tem mal nenhum fazê-lo, antes pelo contrário, são sinais da presença e do amor de Deus, mas temos de ir muito para além disso.
Com efeito, ao lermos e meditarmos na vida dos Santos, temos de ter sempre presente em nós, que o maior milagre que Deus faz, é a vida de cada um, e que as vidas dos Santos nos devem servir de testemunho, de exemplo, de guia.
Como se comportam os Santos perante as contrariedades?
Como vivem os Santos as alegrias?
Como enfrentam os Santos as tristezas?
Como aceitam e vivem os Santos o sofrimento?
Como vivem os Santos as suas vidas de oração?
Como vivem os Santos no seu dia a dia, (sobretudo estes Santos nossos contemporâneos), a sua entrega a Jesus Cristo e O reflectem para os outros?
Quais as atitudes dos Santos perante as questões da vida, na família, na sociedade e até na política?
A lista seria interminável, mas cada um de nós deve na especificidade da sua vida, de família, de trabalho, de sociedade, encontrar na vida dos Santos a resposta que deram e viveram cada situação, iluminados pela graça de Deus.
E que diferença fazem os Santos de cada um de nós?
Não nasceram como nós de um pai e de uma mãe?
Não passaram pelas mesmas fases de crescimento?
Não tiveram que aprender tudo como cada um de nós?
Foi-lhes dada por Deus alguma coisa mais que a cada um de nós não tenha sido dado?
Sabemos bem a resposta a estas perguntas e que nos leva, quer queiramos quer não, a sabermos que os Santos foram em tudo iguais a nós, mulheres e homens frágeis e pecadores como cada um de nós, mas que viveram tendo como Mestre e Senhor das suas vidas Jesus Cristo, e que em cada momento das suas vidas tudo Lhe entregaram e confiaram, desde o momento mais importante, à decisão mais simples e comezinha.
Então, se permaneciam na Videira, se eram verdadeiramente os ramos da Videira, recebiam da sua seiva e deixavam-se podar de tudo aquilo que precisava ser podado.
Nesta comunhão diária, feita de amor, de entrega e oração, é então Deus que se revela neles, que se revela nos sinais que opera através deles, pois estão-Lhe tão próximos que não os pode deixar de ouvir e atender e porque essa proximidade, essa intimidade, os leva sempre a pedir aquilo que é da vontade de Deus.
E nós não o podemos fazer? Não podemos viver assim também?
Claro que sim, que podemos, mas para isso temos de sair de nós próprios, dos nossos medos, dos nossos confortos, (sejam eles quais forem), das nossas certezas e sobretudo percebermos que cada um de nós é santo por vontade de Deus e que por isso mesmo basta aceitá-la e vivê-la, amando-O acima de todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos.
Em cada momento das nossas vidas “fazer” Cristo presente, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na família e no trabalho, nas decisões mais importantes e nas decisões mais simples, sermos Igreja em cada momento, porque em Igreja, Deus está sempre presente e o Seu Espírito Santo ilumina, fortifica e conduz.
Ser santo é ser filho de Deus e fazer a Sua vontade em tudo.
Joaquim Alves
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