20 novembro, 2009

II - Caminhar no Espírito é imitar Jesus


Alimentemos o nosso caminhar no Espírito, nesse fogo e nesse braseiro que renova e transforma nosso coração, com os meios que o Senhor nos oferece: o Sacramento da Eucaristia, a Oração no Espírito, o Sacramento da Confissão, a leitura e reza da Bíblia, o amor ao irmão e a vida em grupo (comunidade). Neste texto convidamos os leitores a partilharem, em primeiro lugar, a Eucaristia.

Eucaristia, dom do Amor

Há uma necessidade constante de actualizarmos a nossa participação na Eucaristia enquanto "escola de Amor", de dom, de entrega, que nos leva a aprender a amar, a servir, a dármo-nos. Se no altar JESUS se dá, é, para terminada a Eucaristia, nos darmos uns aos outros. "Torna-te naquilo que celebras. Sempre comunhão e não divisão", escreve Santo Agostinho.
A 'Exortação Apostólica' de Bento XVI não hesita em afirmar que a "Eucaristia impele todo o que acredita n'Ele a fazer-se pão repartido para os outros e, consequentemente, a empenhar-se por um mundo mais justo e fraterno". E, mais adiante, assegura: É através da realização concreta desta responsabilidade que a Eucaristia se torna na vida, o que significa na celebração". Também o Bispo Emérito do Algarve, Dom Manuel Madureira disse: "Participar na Eucaristia pode perder sentido se não houver comunhão em comunidade.
Nós rezamos antes da comunhão: "Senhor, eu não sou digno que entreis em meu coração, mas dizei uma só palavra e serei salvo". Depois, ao irmos comungar, nos é dito: "Corpo de Cristo"! Ao que nós respondemos: Ámen. Confirmamos desse modo e acreditamos que ELE vai entrar em nós. Então, "sê um membro de Cristo, para que o teu 'Ámen' seja verdade", como nos convida - Santo Agostinho, sermão 277.
É preciso comungar o Cristo total: cabeça e membros. Não me posso limitar a recebê-LO, se não comungar os irmãos. Comungar os outros, ou seja recebê-los em mim, no amor, na partilha, no perdão. É necessário fazer de cada Eucaristia a nossa primeira e última Missa em que aconteça uma experiência de graça única e irresistível. Na sacristia da Catedral de Viterbo, onde está sepultado o único Papa português, Pedro Hispano, que tomou posse com o nome de João XXI (1276-1277), está esta frase: "Vive a Eucaristia como se fosse a tua primeira Missa! Vive a Eucaristia como se fosse a tua última Missa! Vive a Eucaristia como se fosse a tua única Missa!".

A Eucaristia é a memória daquilo que Jesus fez

- "Fazei isto em memória de Mim" - (1 Cor 11, 17 e seg.; Lc 7; Mc 8, 34-38). Fazer memória é tornar presente o facto passado, e a passagem bíblica refere-se à memória de toda a vida de Cristo. "Fazei isto em memória de Mim", é fazer como ELE fez. É dar a vida como Ele deu-a por amor. Nós recebemos Cristo na Eucaristia e Ele recebe-nos. Essas palavras são dirigidas a todos os cristãos. Todos são obrigados a dar a vida por amor.
Façamos memória de toda a vida de JESUS. Fazer memória é actualizar. Fazer memória, de Jesus é fazer da minha vida e da vida da nossa comunidade, uma vida que se dá para que todos tenham vida. JESUS vai ao encontro dos pecadores, dos explorados e oprimidos. JESUS é solidário nas tristezas.
Ao recebermos a Eucaristia, devemos apresentar ao Senhor tudo o que necessitamos. Se precisamos de ser curados, então pedimos a cura, se precisamos de amor e de perdão, pedimos amor e perdão. "Pedi e recebereis". Deve também haver silêncio após a comunhão. Sem cânticos ou ficar depois na Igreja em meditação e contemplação.
Caminhar no Espírito é imitar isto de JESUS.

Caminhar no Espírito

Não é viver segundo os nossos interesses, desejos, vontade ou juízos pessoais; não é deixar-me caminhar segundo os impulsos humanos ou corporais - cf. Gal 5, 16-21.
Mas é viver debaixo da acção do Espírito Santo, deixando-O actuar no meu coração, é eu colaborar e deixar-me conduzir por Ele, eliminando o impedimento aos meus obstáculos e não lhe opondo resistência - cf. Gal 5, 22-25. Este terá de ser um caminhar individual de cada um de nós: Eu, tu, e tu.
"Devemos estar de mãos no Espírito Santo como uma criancinha de dois anos" - Santo Cura d'Airs. E porquê de dois anos? Porque é uma idade em que não se questiona nada, em que se é totalmente confiante, em que não se fazem cálculos de nenhuma espécie.
Não caminhamos sozinhos. Ninguém se salva só. Em ordem à salvação, caminhamos em comunidade - cf. Act 2, 42-47. "Cada um é o apoio dos outros e os outros são o nosso apoio" - Papa S. Leão Magno. Para este nosso caminhar, a misericórdia de Deus Pai de Amor oferece-nos gratuitamente os meios necessários.
Compete a cada um de nós, pedi-los, recebê-los e usá-los. Temos de tomar consciência e acreditar que somos filhos do amor de Deus Pai e, por isso, conduzidos pelo seu Espírito - Rm 8, 14-17. Temos de despojar-nos do homem velho e deixarmo-nos revestir, renovar e transformar em homem novo - Ef 4, 22-24; Ef 4, 30. Somos filhos da Luz - Ef 5, 8-9.
O Espírito Santo abre-nos um caminho novo e vivo (Hb 8, 10) que nos exorta à firmeza na fé, mas espera a nossa colaboração, o nosso querer, o nosso desejo de santificação e uma Vida Nova espiritual para que a nossa transformação se realize. Isso, por vezes, implica exigências que temos de impor a nós próprios, a fim de permanecermos n'Ele e caminharmos com Ele.
Maria Olga
Labat n.º 99, de Novembro de 2009

Sem comentários:

Enviar um comentário