O Papa João Paulo II, insigne na espiritualidade mariana e na devoção a Maria, afirmou: «O Rosário é a minha oração predilecta.
Oração maravilhosa! Maravilhosa na sua simplicidade e na profundidade... A todos exorto cordialmente que o rezem... O nosso coração pode incluir nestas dezenas do Rosário todos os factos que formam a vida do indivíduo, da família, da Igreja e da Humanidade.
Acontecimentos pessoais e os do próximo e de modo particular daqueles que nos estão mais vizinhos, que temos mais no coração. Assim, a oração do Rosário marca o ritmo da vida humana».
Oração maravilhosa! Maravilhosa na sua simplicidade e na profundidade... A todos exorto cordialmente que o rezem... O nosso coração pode incluir nestas dezenas do Rosário todos os factos que formam a vida do indivíduo, da família, da Igreja e da Humanidade.
Acontecimentos pessoais e os do próximo e de modo particular daqueles que nos estão mais vizinhos, que temos mais no coração. Assim, a oração do Rosário marca o ritmo da vida humana».
Dimensão evangélica do Rosário
Como afirmou o Papa Paulo VI: «É ao Evangelho que vai aurir o enunciado dos mistérios e as fórmulas principais; no Evangelho se inspira a atitude com que o fiel o deve recitar, sugerida pela jubilosa saudação do Anjo e correspondente assentimento religioso da Virgem Maria; do Evangelho, enfim, tira o mistério fundamental lembrado no suceder-se das Ave-Marias – a Encarnação do Verbo – contemplado no momento decisivo da Anunciação feita a Maria.
O Rosário é, pois, uma oração evangélica, como hoje mais do que no passado, gostam de o definir os pastores e estudiosos» (Marialis cultus, 44).
Oração profundamente cristológica
Todo o Rosário nos centra na Pessoa de Cristo, o Verbo Encarnado. Oiçamos mais uma vez o Papa Paulo VI: «Oração evangélica centrada sobre o mistério da Encarnação redentora, o Rosário é, por isso mesmo, uma prece de orientação profundamente cristológica.
Na verdade, o seu elemento mais característico – a repetição litânica da Ave-Maria – torna-se também louvor incessante a Cristo, uma vez que é esse o objectivo último do anúncio do Anjo e da saudação da mãe do Baptista: bendito o fruto do teu ventre (Lc 1, 42).
Mais ainda: a repetição da Ave-Maria constitui a urdidura sobre a qual se desenrola a contemplação dos mistérios.
O Jesus nomeado em cada Ave-Maria é o mesmo que a sucessão dos mistérios propõe, vez por vez, como Filho de Deus e da Virgem Santíssima, nascido numa gruta de Belém, apresentado pela Mãe no Templo, e em rapazinho ainda, a demonstrar-se cheio de zelo pelas coisas de seu Pai; depois, Redentor, agonizante no horto, flagelado e coroado de espinhos, a carregar a cruz e a morrer sobre o Calvário; por fim, ressuscitado da morte e ascendido à glória do Pai, para efundir o dom do Espírito» (Marialis cultus, 46).
Este texto de Paulo VI fica completo com o ensinamento de João Paulo II, que introduziu os mistérios luminosos, meditando cinco aspectos da vida pública de Jesus.
Neste sentido cristológico do Rosário, vemos de facto, a par e passo, os mistérios da Redenção. Todos os mistérios salvíficos são meditados na sucessão das meditações, desde a Encarnação à glória, passando pela vida pública, pela paixão e morte. No Rosário, tudo o que é mais importante na vida de Cristo e de Nossa Senhora está presente; daí que esta oração nos centra no âmago do mistério cristão.
Os elementos do Rosário
O Rosário, ou o Terço, além da meditação dos mistérios da redenção, de que já falámos acima, coloca nos nossos lábios e nos nossos corações as mais belas e evangélicas orações.
Primeiro, o Pai-nosso, rezado e ensinado por Jesus, a chamada «Oração Dominical», base de toda a oração cristã, modelo de toda a prece. Inserido no Terço, faz--nos entrar em comunhão com o Pai, através de Jesus Cristo.
Depois, a «sucessão litânica da Ave-Maria, composta da saudação do Anjo à Virgem Santíssima (cfr. Lc 1, 28) e das palavras de bênção de Isabel (cfr. Lc 1, 42), às quais se segue a súplica eclesial Santa Maria» (Marialis cultus, 49c).
Finalmente, a doxologia do Glória, em que glorifica-mos Deus, uno e trino, do qual e para O qual são todas as coisas (cfr. Rom 11, 36).
Como vemos, as orações que fazem parte do Terço ou do Rosário são de valor evangélico e por si mesmas são uma preciosidade para ser rezada com amor, fé e verdadeira devoção.
O Breviário do Povo
É bonito pensar que o Terço, com a recitação das cinquenta Ave-Marias, é conhecido como o breviário do povo. De facto, os salmos, rezados no Ofício Divino, vêm na Bíblia em número de cento e cinquenta. Daí a semelhança do Rosário com o Saltério.
Ao rezar o Terço somos convidados a ser salmíticos, ou seja, o cadenciado da oração, a sucessão das Ave-Marias, tem, não só pelo número de cinquenta em cada Terço, mas pela própria forma de rezar, um modo rítmico tão próprio da oração salmítica.
Daí chamar-se ao Rosário o Saltério da Virgem Maria com que os humildes se associam ao cântico de louvor e à intercessão universal da Igreja.
Neste sentido, é bom recordar o ensinamento do Papa Paulo VI, ao falar da relação entre o Rosário e a Liturgia. Diz o Papa: «Não será difícil reconhecer que o Rosário é um exercício de piedade que se harmoniza facilmente com a Liturgia.
Tal como a Liturgia, de facto, também o Rosário tem uma índole comunitária, se nutre da Sagrada Escritura e gravita em torno dos mistérios de Cristo».
E mais adiante acrescenta: «A meditação dos mistérios do Rosário, de facto, ao tornar familiares à mente e ao coração dos fiéis os mistérios de Cristo, pode constituir uma óptima preparação para a sua celebração nos actos litúrgicos, e ser, depois, um eco prolongado dessa celebração» (Marialis cultus, 48).
O Rosário meditado ajuda-nos a celebrar melhor a Liturgia e esta é inspiradora dos mistérios que meditamos no Rosário.
Dário Pedroso, SJ
Labat n.º 98 de Outubro de 2009
Labat n.º 98 de Outubro de 2009
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