21 novembro, 2009

O precioso dom da vida



O mês de Novembro, pelas celebrações que invocamos e pelos temas que reflectimos, pelas intenções que rezamos e pelas festas que nos alegram o coração, é, de verdade um mês dedicado à vida, ao valor da vida.
Os Santos que celebramos no dia 1, foram os heróis não só da fé mas da vida, pois souberam viver com amor e intensidade cristã, este dom precioso que o Criador concedeu a cada homem e a cada mulher. Os santos assumiram a vida com toda a grandeza e realidade humana e evangélica, e souberam vivê-la com a tenacidade e a generosidade própria de quem sabe que a vida é um dom precioso e que deve ser tomada e vivida a sério.
Não é só na sua dimensão espiritual e orante, sacramental ou pastoral, que os Santos foram grandes. É na expressão mais eloquente da sua humanidade, naquilo que o homem e a mulher têm de semelhante ao Deus Criador, naquele que faz, que vive num verdadeiro humanismo.
O apreço pelas suas vidas foi levado pelos Santos muito a sério.Souberam jogá-las pelo Senhor e pelos irmãos, respeitaram a sua vida e a dos outros, tantas vezes se dedicaram a salvar a vida do próximo e a trabalhar para ele com toda a audácia e tenacidade.
Podemos dizer que os Santos foram uns apaixonados pela vida, com dom, e, por isso viveram a sua intensamente e maravilhosamente, como se dedicaram de alma e coração a ajudar e a salvar a vida dos outros, são só movidos por uma filantropia humana, mas impulsionados pela caridade, como virtude teológica.
Por isso o seu pensamento, o seu coração, as suas obras estavam sempre centradas nos outros, sempre cuidando do pobre, do marginal, do infeliz, do injustiçado, do que passava fome ou sede, do que não tinha casa ou família, de todos os que tinham uma vida menos sã e menos digna. Era aí que estava o coração dos Santos e as suas vidas e actividades.
A vida era sempre um valor inestimável, algo precioso, a ser definido, ser guardado, a ser cuidado com carinho, dedicação e zelo.
Os Santos dedicaram-se sempre a viver e promulgar, a defender a fazer cresçer a "cultura da vida", o amor à vida, o respeito pela vida. Foram os grandes benfeitores da humanidade, pela defesa da vida, por criarem condições de vida mais dignas, por saberem apreciar o dom que é a vida de cada pessoa.
Hoje, em muitas partes do mundo, no seio duma sociedade sem grandes valores, duma sociedade que tantas vezes não tem atenção, nem respeito, nem amor pela vida, onde há tanto crime, tanto ódio, tanta vingança, tanta injustiça, tanta fome, tanta depravação moral, hoje, onde em muitos países se cultiva a "cultura da morte" é urgente gritar bem alto o valor da vida humana. Ninguém tem o direito de matar. Daí o criador do aborto, o crime do terrorismo, o crime da eutanásia, o crime da destruição das vidas humanas, pela violência, pela injustiça, por tantos modos verdadeiramente criminosos.
E o pior e mais grave é a desfaçatez com que se arrojam argumentos que justifiquem matar, verdadeiros sofismas, medonhos criminosos, que querem justificar a morte de inocentes. Se ficamos horrorizados com os milhares de mortos da Grande Guerra, não podemos ficar menos ,horrorizados pelos milhões de mortos provocados pelo aborto, pela fome, pelo terrorismo, pela violência déspota.Matar é matar, e é sempre um mal, um crime, um dano horrível para a vida dos outros. Ninguém tem o direito de o fazer movido por motivos malévolos e criminosos, por orgulho ou soberba, por violência criminosa.
Precisamos de saber cuidar, com amor e muita ternura da nossa vida e da vida de cada pessoa, mesmo das crianças que ainda estão no seio de suas mães, mas que já são pessoa humana. Se é crime matar uma criança depois de nascer e deitá-la para a lixeira embrulhada num saco plástico, não é menos crime matá-la, meses antes quando ainda está nos seio de sua mãe. E a mãe não pode afirmar que é dona do seu corpo para poder matar uma vida que está dentro dela, mas que não é dela, pois é uma pessoa humana, que merece todo o respeito e deve ser defendida com toda a alma e todo o coração. Saibamos com os Santos, os heróis da vida e os benfeitores da humanidade, lutar pela "cultura da vida", não deixando que se matem inocentes.
Como os Santos punhamo-nos sempre do lado da pessoa humana para a defender, para cuidar dela, esteja ela no seio da sua mãe, viva como criança ou como adolescente ou jovem, seja pessoa adulta ou já idosa, porventura doente e se consciência. Sejamos santos a cuidar das vidas humanas, candidatos a benfeitores da humanidade, verdadeiros defensores daquilo que é mais precioso, que é mais dom inviolável do Criador, a vida humana.
Tratem-la como uma flor bonita e bela, com encanto e suavidade, que merece a nossa dedicada atenção e o nosso amor fraterno. Saibamos dar vidas à vida. Saibamos colaborar com o Criador num amor desinteressado e dedicado pela vida de cada pessoa.
Ajudemos a construir uma sociedade com valores humanos, que são sempre valores éticos "cultivar" a vida, o bem, a vontade, a justiça, o amor.
Cuidemos a vida. Não deixemos que haja atentados a este dom inviolável do Criador. Saibamos defender os direitos dos mais fracos, mais doentes, mais débeis, mais expostos à tirania. Lutemos para que os próprios mais da comunicação social não atentam contra a vida, esse tesouro admirável. Lutemos para que os governos não façam leis que ajudem a matar e a destruir a vida de seres humanos. De qualquer cor, de qualquer religião, de qualquer credo político, a vida uma humana mercê respeito, atenção, amor. Lutemos pela vida contra a morte, o crime, a violência destruidora e criminosa.


Dário Pedroso SJ
Labat n.º 99, de Novembro de 2009

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