01 agosto, 2011

O Espírito é água que cura e fertiliza


Como já tivemos ocasião de ver, o Espírito é simbolizado pela água. O próprio Jesus afirma no último dia da Festa dos Tabernáculos: “Se alguém tem sede venha a Mim e beba! Do seio daquele que acredita em Mim correrão rios de água viva” (Jo 7,37-38). E o evangelista acrescenta que esse rio de água viva era o Espírito Santo que deveriam receber aqueles que n’Ele acreditassem.
Este texto faz eco de outros da Escritura, como o do profeta Ezequiel em que a água viva sai do lado direito do altar e fez uma corrente tão grande que não se podia atravessar e, dum lado e de outro da torrente havia árvores que davam folhas e frutos, doze vezes ao ano, uma vez cada mês, e serviam para curar todas as doenças ( Cf Ez 44,9 e segs.). E o Apocalipse termina falando da árvore da Vida no meio da praça, com o rio de um lado e de outro. Este rio vem do trono do Cordeiro e dá à árvore o dom de dar folhas e frutos doze vezes ao ano, servindo para curar todas as nações ( Cf Ap 22, 1-39).
Se em Ezequiel a água vem do lado direito do altar, como na Cruz, do lado de Cristo morto, no Apocalipse vem do trono do Cordeiro, que é Jesus que foi imolado e que agora vive. O Espírito é água que cura as doenças, que sara as feridas, que purifica a imundície. Doenças que são pecado: orgulho, vaidade, soberba, ódio, rancores, injustiça, maldade, depravação moral, vícios, etc. O Espírito cura, a graça é medicinal, pois não só perdoa mas vai curando o nosso interior da pior doença, que é o pecado. O Espírito vai sarando as feridas, os traumas, aquilo que é consequência em nós do pecado original, aquilo que é mazela das nossas próprias iniquidades. O Espírito, como água divina, vai purificando, lavando as nossas imundícies, vai lavando aquilo que em nós são resíduos do mistério da iniquidade, das subtilezas do pecado que sempre suja a alma e o coração. O Espírito, como água divina, é graça que nos vai restaurando por dentro, na medida em que cura e sara, que é medicina divina e que purifica. Faz-nos ser outros homens e outras mulheres, pelo seu poder, pela sua acção. Vai suprindo lacunas, curado traumas, fazendo de nós criaturas novas. Mas o Espírito, como água divina, vai fertilizando, como a água natural faz a um canteiro de flores ou a um campo de cereais.
A vida nova vem pela água, que é seiva divina, que dá novo vigor, que faz frutificar em obras de bondade e de misericórdia.
A santidade é obra deste Espírito, desta água divina, assim como é obra d’Ele, o nosso crescimento espiritual, a vitalidade e a fertilidade espiritual das nossas vidas.
Sem Espírito ficamos raquíticos, infrutíferos, infecundos na ordem da graça e da santidade. Com o Espírito tudo toma vida nova, novo vigor, tudo dá mais fruto, tudo é fertilizado em abundância. Sem Ele continuamos apáticos, tíbios, anémicos, mas com Ele, com essa divina água, tudo reverdece e frutifica, dá frutos de caridade e de justiça, flores de amor, bondade, serviço, delicadeza.
Cada um de nós, as nossas famílias, a nossa paróquia, a nossa diocese, a Igreja e a Humanidade, precisam dessa água que vem do altar, que brota do trono do Cordeiro, que faz frutificar o mundo e o fará melhor, mais justo, mais pacífico, mais fraterno, com menos males, menos pecados, menos mortes, menos fome, menos miséria moral e social. Daqui nasce a necessidade de rezarmos muito ao Espírito para que nos cure, nos purifique, nos faça novas criaturas, que transforme e cura as nações e a Humanidade inteira, que nos ajude a frutificar, pois Ele é seiva divina no nosso interior.
Dário Pedroso, s.j.
Labat, 12 de Setembro de 2003

Sem comentários:

Enviar um comentário