Acabei
recentemente de ler o livro com o título deste texto: “Deus Ri”.
Quem me
conhece, sabe que fui sempre um “arauto” do testemunho de alegria que deve
estar sempre presente na vida de um cristão.
Não a
alegria da gargalhada fácil, ruidosa e tantas vezes desproporcionada, mas a
alegria calma, do humor construtivo, da paz vivida.
Não advogo
que o cristão não tem tristezas, amarguras, fraquezas, momentos de dor, e que
tendo-os, não os deve viver.
Obviamente
que a vida é também composta desses momentos, e, como tal, devem ser sentidos e
vividos.
Seria
totalmente despropositado, (para não dizer mais), que um cristão chegasse a um
funeral* de um amigo que vela alguém querido, e a rir o tentasse fazer rir
também!
Não, o que
distingue a alegria vivida pelo cristão, é a paz, a tranquilidade, a confiança
e a esperança, que ele vive para além dos momentos bons e menos bons da sua
vida, porque vive em comunhão com o Deus sempre presente.
Escreve o
Papa Bento XVI, no primeiro volume do seu livro “Jesus de Nazaré”:
«As Bem-aventuranças são promessas, em que resplandece a nova imagem do
mundo e do homem que Jesus inaugura, a «inversão dos valores». São promessas
escatológicas; mas esta expressão não deve ser entendida como se a alegria que
anunciam se encontre transferida para um futuro infinitamente distante ou
exclusivamente para o além. Quando o homem começa a olhar e a viver a partir de
Deus, quando caminha em companhia de Jesus, passa a viver segundo novos
critérios e então um pouco de escathon,
daquilo que há-de vir, está presente já agora. A partir de Jesus, entra a
alegria na tribulação.»
Reflicto
muitas vezes no que devem pensar aquelas pessoas que só vão à Missa em
determinadas ocasiões, (como casamentos e funerais), quando na altura da
Comunhão vêem os cristãos aproximar-se para comungar com um ar compungido,
prostrado, a “mostrar” quase uma tristeza, e, até mesmo, quando regressam ao lugar
de cabeça baixa, como se a comunhão que acabaram de fazer lhes pesasse
demasiado “nos ombros”.
Pode haver
algum exagero naquilo que escrevo, mas reparem se a minha descrição não
corresponde um pouco à verdade dos factos.
É que me
parece que nós confundimos muitas vezes seriedade e dignidade, com tristeza e
prostração.
E isso
conduz-nos a outro ponto, quanto a mim muito bem focado neste livro, e que é o
humor são e construtivo, que também nos serve de caminho de conversão, quando o
mesmo até nos leva a rirmo-nos de nós próprios, das nossas importâncias, das
nossas vaidades, colocando-nos assim na procura de uma maior humildade em todo
o nosso proceder.
«Ele é que deve crescer, e eu diminuir.» Jo 3,30
Nada mais
revelo pois a leitura do livro perderia o interesse da descoberta desta
alegria, deste humor, em que o autor nos envolve, e torna difícil parar de ler,
uma vez aberta a primeira página.
Apenas mais
duas palavras, para afirmar que para mim, para além de tantas passagens
bíblicas que me levam ao encontro da alegria, as duas que cito abaixo, enformam
decididamente esta minha vontade de sempre testemunhar a alegria de viver em
comunhão com o “Deus connosco”.
«Mas não se perderá um só cabelo da vossa cabeça.» Lc 21, 18
«Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a
vossa alegria seja completa.» Jo 15,11
Monte Real, 3 de Agosto de 2012
Joaquim Mexia Alves
*Uma
pequena nota sobre este aspecto dos funerais.
Às vezes,
quanto a mim, julgamos haver necessidade de proferir palavras para aqueles que
sofrem a morte de alguém que lhes é querido, acabando por dizer frases
rotineiras, e que muitas vezes até, provocam momentos de incómodo àqueles que
nesse momento não estão preparados para as ouvir. Porque não, então, um simples
beijo mais sentido, um abraço mais chegado, um aperto de mão mais apertado, ou
até uma festa, uma carícia, (conforme o grau de amizade), que sem palavras,
acabam por significar tudo o que queremos dizer.
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