«Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-me e olhai que um espírito não tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho.» Lc 24, 39
«Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de
alegria por verem o Senhor.» Jo 20, 20
Nestes
versículos dos Evangelhos dos dois últimos Domingos, (de São Lucas e São João),
percebemos que Jesus se dá a conhecer pelos sinais da sua Paixão e Morte, ou
seja, os sinais dos cravos nas mãos e nos pés e o sinal da lança no seu peito.
É assim que
Jesus se dá a conhecer aos seus discípulos!
No entanto
poderia dar-se a conhecer como na Transfiguração, por exemplo, ou de tantas
outras maneiras que não lhes deixariam dúvidas.
Mas quis
dar-se a conhecer assim, deste modo, para que soubessem que o Jesus Cristo que
tinha sofrido a Paixão e a Morte era o mesmo Jesus Cristo agora ressuscitado.
Mas também
para lhes mostrar, para nos mostrar, que o Cristo glorioso não deixa de ter em
si as marcas da Paixão e Morte na Cruz.
Muitos de
nós procuramos Deus, “apenas” à procura de uma vida mais fácil, de uma vida sem
“dores”, sem problemas, sem contrariedades de qualquer espécie.
Mas a nossa
vida aqui na terra é assim, frágil, e com tudo aquilo que é inerente à vida na
terra, ou seja, o nascer, o viver e o morrer.
E o viver
tem dores, tem sofrimentos, alguns causados por nós próprios e alguns causados
pelos outros.
E Jesus ao
identificar-se com os sinais da Paixão e da Morte, diz-nos, mostra-nos, que
apesar da dor, do sofrimento e da morte, há a Ressurreição, há a vida eterna, a
vida em plenitude, onde não haverá mais sofrimento, nem dor, mas apenas e “só”
amor.
São Paulo
afirma: «Mas, se morremos com Cristo,
acreditamos que também com Ele viveremos.» Rm 6, 8
«Morrer com
Cristo» é viver em comunhão com Ele, é viver por Ele, é viver para Ele, e por
isso mesmo, se nos unimos, (com as nossas dores e sofrimentos), à Cruz de
Cristo, também com Ele viveremos a alegria da Ressurreição.
Se «morremos
em Cristo», então estamos em comunhão com Ele e assim é Ele o nosso Cireneu,
Aquele que nos ajuda a suportar e a carregar a nossa cruz.
E Jesus
Cristo, pelo amor infinito que nos tem, carrega sempre com “maior parte” da
nossa cruz, por isso mesmo nunca suportamos uma cruz maior do que as nossas
forças.
«Não vos surpreendeu nenhuma tentação que tivesse ultrapassado a medida
humana. Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados acima das vossas
forças, mas, com a tentação, vos dará os meios de sair dela e a força para a
suportar.» 1 Cor 10, 13
Monte Real,
23 de Abril de 2012
Joaquim
Mexia Alves
Nota:
Reflexão
suscitada por uma homília do Padre Armindo Ferreira, pároco da Marinha Grande.
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