30 setembro, 2019

Papa Francisco institui Domingo da Palavra de Deus


 Papa Francisco dedica o III Domingo do Tempo Comum à Palabra de Deus

Com o Motu Proprio “Aperuit illis", o Santo Padre estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”
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Cidade do Vaticano
Foi divulgada, nesta segunda-feira (30/09), a Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio “Aperuit illis” do Papa Francisco com a qual se institui o Domingo da Palavra de Deus.
Com este documento, o Santo Padre estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. O Motu Proprio foi publicado no dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jerónimo, início dos 1.600 anos da morte do conhecido tradutor da Bíblia em latim que afirmava: “A ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo”. 

Jesus abre as mentes para a compreensão das Escrituras
Francisco explica que com esta decisão quis responder aos muitos pedidos de fiéis para que na Igreja se celebrasse o Domingo da Palavra de Deus. A carta começa com a seguinte passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,45): “Encontrando-se os discípulos reunidos, Jesus aparece-lhes, parte o pão com eles e abre-lhes o entendimento à compreensão das Sagradas Escrituras. Revela àqueles homens, temerosos e desiludidos, o sentido do mistério pascal, ou seja, que Ele, segundo os desígnios eternos do Pai, devia sofrer a paixão e ressuscitar dos mortos para oferecer a conversão e o perdão dos pecados; e promete o Espírito Santo que lhes dará a força para serem testemunhas deste mistério de salvação.” 

Redescoberta da Palavra de Deus na Igreja
O Papa recorda o Concílio Vaticano II que “deu um grande impulso à redescoberta da Palavra de Deus com a Constituição Dogmática Dei Verbum”, e Bento XVI que convocou o Sínodo, em 2008, sobre o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” e escreveu a Exortação Apostólica Verbum Domini, que “constitui um ensinamento imprescindível para as nossas comunidades”. Nesse documento, observa, “aprofunda-se o caráter performativo da Palavra de Deus, sobretudo quando o seu caráter sacramental emerge na ação litúrgica”. 

Uma Palavra que impulsiona rumo à unidade
"O Domingo da Palavra de Deus", sublinha o Pontífice, "situa-se num período do ano que convida a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos": “Não é uma mera coincidência temporal: celebrar o Domingo da Palavra de Deus expressa um valor ecuménico, porque as Sagradas Escrituras indicam para aqueles que se colocam à escuta o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida”. 

Como celebrar o Domingo da Palavra de Deus
Francisco exorta a viver este domingo “como um dia solene. Entretanto será importante que, na celebração eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus (...). Neste Domingo, os Bispos poderão celebrar o rito do Leitorado ou confiar um ministério semelhante, a fim de chamar a atenção para a importância da proclamação da Palavra de Deus na liturgia. De facto, é fundamental que se faça todo o esforço possível no sentido de preparar alguns fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada (...). Os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à lectio divina.


Leia também:  

"Com Motu Proprio "Aperuit illis" Papa institui Domingo da Palavra de Deus", 
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Papa em Santa Marta: cuidar dos idosos e jovens é cultura da esperança


Papa Francisco durante a Missa celebrada na Capela da Casa de Santa Marta  (ANSA)

O amor de Deus pelo seu povo não conhece "descarte": é grande, é como um fogo que nos torna mais humanos. Relendo uma passagem do profeta Zacarias, o Papa na Missa de hoje em Santa Marta, volta a destacar como, tanto nas famílias como na sociedade, negligenciar crianças e idosos porque não são produtivos não é sinal da presença de Deus 

Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano 

Quão forte é o amor de Deus pelo seu povo, mesmo que este o tenha abandonado, o tenha traído, tenha se esquecido dele. Em Deus, há sempre um ardente amor do qual brota a promessa de salvação para cada um de nós.

O Papa Francisco, na homilia da Missa celebrada na Casa de Santa Marta, interpreta desta forma o oitavo capítulo do livro do profeta Zacarias, onde está escrito: "Eis o que diz o Senhor dos exércitos: consumo-me de ardente amor por Sião; estou animado em favor dela de uma violenta cólera. Assim fala o Senhor: eis que volto a Sião, venho residir em Jerusalém.” Graças ao amor de Deus, portanto, Jerusalém voltará a viver.

O cuidado de idosos e crianças é uma promessa do futuro

E na Primeira Leitura são claros - ressalta Francisco - também os "sinais da presença do Senhor" com o seu povo, uma "presença que nos torna mais humanos", que nos torna mais "maduros”. São os sinais da abundância da vida, da abundância de crianças e idosos que animam as nossas praças, as sociedades, as famílias:

O sinal da vida, o sinal do respeito pela vida, do amor pela vida, o sinal de fazer a vida crescer e este é o sinal da presença de Deus nas nossas comunidades e também o sinal da presença de Deus que faz um povo amadurecer, quando há idosos. É bonito isto: "ver-se-ão ainda velhos e velhas sentados nas praças de Jerusalém, tendo cada um na mão o seu bastão”, é um sinal. E também tantas crianças. Usa uma expressão “regorgitarão”. Muitos! A abundância de velhice e da infância. É este o sinal, quando um povo cuida dos idosos e das crianças, os têm como um tesouro, este é o sinal da presença de Deus, é a promessa de um futuro.

A cultura do descarte é uma ruína

E a amada profecia de Joel retorna às palavras do Papa: "Vossos anciãos terão sonhos, vossos  jovens terão visões". E assim, repete, entre eles há uma troca recíproca, o que não acontece quando, pelo contrário, prevalece na nossa civilização a cultura do descarte, uma "ruína" que nos faz "enviar de volta ao remetente" as crianças que chegam ou nos faz adotar como "critério" fechar os idosos em asilos porque "não produzem"," porque impedem a vida normal".

Volta então à memória do Papa a história da avó, citada noutras ocasiões, para fazer as pessoas entenderem o que significa negligenciar idosos e crianças. É a história de uma família na qual o pai decide mudar o avô para comer sozinho na cozinha porque, à medida que envelhecia, começou a deixar cair a sopa e sujar-se. Mas um dia esse pai voltou para casa e encontrou o filho construindo uma mesa de madeira porque, naquele mesmo isolamento, cairia também ele mais cedo ou mais tarde.

"Quando crianças e idosos são negligenciados", acaba-se nos efeitos das sociedades modernas, que Francisco recorda falando das tradições não compreendidas e de inverno demográfico: 

Quando um país envelhece e não há filhos, n~´ao vês carrinhos de bebés nas ruas, não vês mulheres grávidas: "Um filho, melhor não ...". Quando lês que naquele país há mais aposentados do que trabalhadores. É trágico! E quantos países hoje começam a viver esse inverno demográfico. E depois, quando os idosos são negligenciados perdemos – digamos isso sem vergonha - a tradição, a tradição que não é um museu de coisas velhas, é a garantia do futuro, é o suco das raízes que faz a árvore crescer e dar flores e frutos. É uma sociedade estéril para as duas partes, e assim acaba mal.

"Sim, é verdade", acrescenta o Papa, "a juventude pode-se comprar": hoje existem tantas empresas que a oferecem na forma de truques, cirurgia plástica e lifting, mas - é a reflexão de Francisco - tudo acaba sempre no "ridículo"."

Velhos e jovens: esperança de nação e Igreja 

Qual é então o coração da mensagem de Deus? É o que o Papa chama de "cultura da esperança" e que é representada exatamente por "velhos e jovens". São eles a certeza da sobrevivência de "um país, de uma pátria, da Igreja".

E a conclusão da homilia refere-se às tantas viagens do Papa no mundo, quando os pais levantam os seus filhos para a bênção e fazem isto como se fossem mostrar os próprios "tesouros", uma imagem que deveria fazer refletir: 

E nunca esqueço aquela velhinha na praça central de Iași, na Roménia, quando olhou para mim - ela era como as avós romenas, com um véu -, ela olhou-me, tinha o neto nos braços e mostrou-me, como que dizendo: "Esta é a minha vitória, este é o meu triunfo”. Esta imagem, que depois girou pelo mundo, diz-nos mais do que essa pregação. Portanto, o amor de Deus é sempre semear amor e fazer o povo crescer. Não cultura do descarte. Não sei, me vem de dizer, perdoem-me, a vós, párocos, quando à noite fazem o exame de consciência, perguntem isto: como me comportei hoje com as crianças e com idosos? Ajudar-nos-à.


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29 setembro, 2019

Papa: não podemos não chorar, não podemos não reagir diante destes pecados

 
 
"Como cristãos não podemos permanecer indiferentes diante do drama das velhas e novas pobrezas, das solidões mais sombrias, do desprezo e da discriminação de quem não pertence ao “nosso” grupo. Não podemos permanecer insensíveis, com o coração anestesiado, diante da miséria de tantos inocentes. Não podemos não chorar. Não podemos não reagir. Não podemos não chorar, não podemos não reagir. Peçamos ao Senhor a graça de chorar, aquele choro que converte o coração diante destes pecados", disse o Santo Padre em sua homilia.
 
Cidade do Vaticano

Na manhã deste domingo, 29, o Papa Francisco presidiu a Celebração Eucarística na Praça de São Pedro, por ocasião do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Eis a sua homilia:

"O Salmo Responsorial recordou-nos que o Senhor defende os estrangeiros, juntamente com as viúvas e os órfãos do povo. O salmista faz explícita menção daquelas categorias que são particularmente vulneráveis, frequentemente esquecidas e expostas a abusos. Os estrangeiros, as viúvas e os órfãos são os que não têm direitos, os excluídos, os marginalizados, pelos quais o Senhor tem uma especial solicitude. Por isso, Deus pede aos Israelitas que tenham para com eles uma atenção especial.

No livro do Êxodo, o Senhor adverte o povo que não maltrate de nenhuma forma as viúvas e os órfãos, porque Ele escuta o seu clamor (cf. 22,23). A mesma advertência é retomada duas vezes no Deuteronómio (cf. 24,10; 27,19), com o acrescento dos estrangeiros entre as categorias protegidas. E a razão de tal advertência é claramente explicada no mesmo livro: o Deus de Israel é Aquele que «faz justiça ao órfão e à viúva, ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário» (10,18). Esta preocupação amorosa para com os menos privilegiados é apresentada como um traço distintivo do Deus de Israel, e é também exigida, como um dever moral, a todos quantos querem pertencer ao seu povo.

Eis a razão pela qual devemos ter uma atenção especial para com os estrangeiros, como também pelas viúvas, os órfãos e todos os descartados dos nossos dias. Na Mensagem para este 105º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado repete-se como um refrão o tema:

Não se trata apenas de migrantes”. E é verdade: não se trata apenas de estrangeiros, trata-se de todos os habitantes das periferias existenciais que, juntamente com os migrantes e os refugiados, são vítimas da cultura do descarte. O Senhor pede-nos que ponhamos em prática a caridade para com eles; pede-nos que restauremos a sua humanidade, juntamente com a nossa, sem excluir ninguém, sem deixar ninguém de fora.

Mas, simultaneamente no exercício da caridade, o Senhor pede-nos que reflitamos sobre as injustiças que geram exclusão, em particular sobre os privilégios de uns poucos que, para se manterem, resultam em detrimento de muitos. «O mundo atual vai-se tornando, dia após dia, mais elitista e cruel para com os excluídos. Os países em vias de desenvolvimento continuam a ser depauperados dos seus melhores recursos naturais e humanos em benefício de poucos mercados privilegiados. As guerras abatem-se apenas sobre algumas regiões do mundo, enquanto as armas para as fazer são produzidas e vendidas noutras regiões, que depois não querem ocupar-se dos refugiados causados por tais conflitos. Quem sofre as consequências são sempre os pequenos, os pobres, os mais vulneráveis, a quem se impede de se sentar à mesa deixando-lhe as “migalhas” do banquete» (Mensagem para o 105º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado).

É neste sentido que se compreendem as duras palavras do profeta Amós proclamadas na primeira Leitura (6,1.4-7). Ai dos despreocupados e dos que vivem comodamente em Sião, que não se preocupam com a ruína do povo de Deus, visível aos olhos de todos. Eles não se apercebem do colapso de Israel, pois estão demasiado ocupados a garantir uma boa vida, comidas deliciosas e bebidas refinadas. É impressionante como, à distância de 28 séculos, estas advertências conservam intacta a sua atualidade. Também hoje, na verdade, «a cultura do bem-estar […] leva-nos a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, […] leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença» (Homilia em Lampedusa, 8 de julho de 2013).

No final, corremos o risco de nos tornarmos, também, como aquele homem rico de que nos fala o Evangelho, o qual não se importa com o pobre Lázaro «coberto de chagas [e que] bem desejava […] saciar-se com o que caía da mesa» (Lc 16,20-21). Demasiado absorvido a comprar vestidos elegantes e a organizar esplendidos banquetes, o rico da parábola não vê os sofrimentos de Lázaro. E também nós, demasiado ocupados a preservar o nosso bem-estar, corremos o risco de não darmos conta do irmão e da irmã em dificuldade.

Contudo, como cristãos não podemos permanecer indiferentes diante do drama das velhas e novas pobrezas, das solidões mais sombrias, do desprezo e da discriminação de quem não pertence ao “nosso” grupo. Não podemos permanecer insensíveis, com o coração anestesiado, diante da miséria de tantos inocentes. Não podemos não chorar. Não podemos não reagir.

Se queremos ser homens e mulheres de Deus, como pede São Paulo a Timóteo, devemos «guardar o mandamento […] sem mancha e acima de toda a censura» (1Tm 6,14); e o mandamento é amar a Deus e amar o próximo. Não se podem separar! E amar o próximo como a nós mesmos quer dizer também comprometer-mo-nos seriamente com a construção de um mundo mais justo, onde todos tenham acesso aos bens da terra, onde todos tenham a possibilidade de se realizar como pessoas e como famílias, onde a todos sejam garantidos os direitos fundamentais e a dignidade.

Amar o próximo significa sentir compaixão pelo sofrimento dos irmãos e irmãs, aproximar-mo-nos, tocar as suas feridas, partilhar as suas histórias, para manifestar concretamente a ternura de Deus para com eles. Significa fazer-mo-nos próximo de todos os viajantes maltratados e abandonados pelas estradas do mundo, para aliviar os seus ferimentos e  conduzi-los ao local de hospedagem mais próximo, onde se possa dar resposta às suas necessidades.

Este santo mandamento foi dado por Deus ao seu povo, e foi selado com o sangue do seu Filho Jesus, para que seja fonte de bênção para toda a humanidade. Para que juntos possamos empenhar-mo-nos na construção da família humana segundo o projeto originário, revelado por Jesus Cristo: todos irmãos, filhos do único Pai.

Confiamos hoje ao amor materno de Maria, Nossa Senhora da Estrada, os migrantes e os refugiados, juntamente com os habitantes das periferias do mundo e quantos se fazem seus companheiros de viagem."

VN

XLII Assembleia Nacional do Renovamento Carismático Católico



 XLII ASSEMBLEIA NACIONAL
DO RENOVAMENTO CARISMÁTICO CATÓLICO
21 e 22 de setembro de 2019


1.º dia:


2.º dia:


Canção Nova

28 setembro, 2019

Itinerários da Fé - Um património que continua a “surpreender"

Sabe qual foi a imagem perante a qual se ajoelharam Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, antes de partirem à descoberta da Índia e do Brasil? Ou qual a primeira igreja de Lisboa a ser iluminada, no seu interior, a gás? As respostas podem ser encontradas neste texto, mas também nos ‘Itinerários da Fé’, uma proposta que já juntou centenas de participantes, em percursos pela cidade. O Jornal VOZ DA VERDADE acompanhou o ‘Percurso da Baixa’ e conta como foi.

À hora marcada (10h00 em ponto), do passado dia 21 de setembro, na entrada da Sé de Lisboa, começam a juntar-se os cerca de 30 inscritos para o ‘Percurso da Baixa’ dos ‘Itinerários da Fé’, uma proposta do Turismo > Patriarcado de Lisboa e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que contraria a máxima de que “ninguém é turista na sua terra”. Ali, perante o templo que começou a ser construído em 1149, a guia Joana Macedo dava as primeiras indicações para que todos pudessem aproveitar a visita e deixarem-se “surpreender” no percurso, ao longo da manhã de sábado. “Quem vem, nem sempre é uma pessoa religiosa. Tentamos passar algumas histórias curiosas, alguma explicação que as pessoas não sabem e algumas curiosidades das próprias igrejas. Encontro muitas pessoas, nas visitas, que me dizem: ‘Sou de Lisboa, mas nunca entrei nestas igrejas’”, aponta ao Jornal VOZ DA VERDADE Joana Macedo que tem testemunhado um crescente interesse nesta iniciativa. “É raro o mês em que não fazemos a visita por falta de quórum. Cada vez mais, as pessoas querem conhecer o país, mas também o seu património religioso. Mesmo que não sejamos pessoas de devoção, todos crescemos nesta cultura católica que nos rodeia, todos os dias”, justifica esta guia turística.

Percursos que contam a história
Atenta às explicações da guia esteve Rute Gonçalves, que tinha curiosidade por “conhecer melhor, com alguma especificidade, as várias igrejas”. “Espero encontrar uma visão, embora genérica, incidente em alguns aspetos da antiguidade, da construção, da piedade popular”, desejava esta paroquiana de São Domingos, na Baixa, que participou, pela primeira vez, nesta iniciativa.
O pouco tempo que o grupo se demorava em cada templo nem sempre preenchia o desejo de todos, mas as curiosidades partilhadas acrescentavam vontade para voltar, com maior tranquilidade, aos templos que continuam a “deslumbrar” quem os visita, garante a guia Joana Macedo. “As pessoas deslumbram-se muito com o interior dos templos, ao reconhecerem os artistas excelentes que nós tínhamos: Pedro Alexandrino, Machado de Castro. Os edifícios são como nós: com rugas e cicatrizes, mas isso conta a história deles, assim como conta a nossa. Ao longo deste percurso, descobrimos histórias muito curiosas sobre algumas peças e vamos também aprendendo história, a história de Portugal que está subjacente a algumas datas importantes destes edifícios”, refere. Exemplo disso é a imagem quinhentista de Nossa Senhora do Restelo – diante da qual rezaram os navegadores Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral antes de partirem em viagem –, que pode ser encontrada na Igreja da Conceição Velha, recentemente restaurada.
À medida que se percorrem as ruas da Baixa, os sinais da presença cristã não se escondem. A visita continua, mais acima, na Igreja da Madalena, um templo que resistiu a um incêndio, um terramoto e até a um ciclone. No seu interior, entre pinturas de Pedro Alexandrino e esculturas de Machado de Castro – que viveu naquela freguesia –, contam-se histórias curiosas como a presença de uma imagem de São Sebastião que não era para estar ali. No seu percurso, rumo a uma outra igreja da cidade, que era feito num carro de bois, os animais pararam à porta da Igreja da Madalena e esse sinal foi interpretado como um desígnio para que a imagem de São Sebastião ali permanecesse. Até hoje.
  • Leia a reportagem completa na edição do dia 29 de setembro do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.
Patriarcado de Lisboa

Papa aos jovens acolhidos no Centro Social de Braga: não tenham medo da revolução da ternura

 
 
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

O Papa Francisco encontrou na manhã deste sábado, 28, na antecâmara da Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de 60 jovens do Centro Social Padre David de Oliveira Martins, de Braga, Portugal.

Trata-se de uma Instituição de Solidariedade Social fundada no início dos anos 50 com o objetivo de dar proteção e abrigo às crianças órfãs, pobres e abandonadas, como também prestar assistência aos idosos nos últimos anos de vida.

Na sua saudação aos membros do Centro Social de Braga, o Papa expressoo seu apreço por esta bela e maravilhosa dádiva de Deus. Esta Instituição, disse, é fruto, sobretudo, das ofertas do povo simples e generoso, em resposta ao apelo do Padre David de Oliveira Martins. E acrescentou:

Deus concedeu-lhe a graça de tocar no coração dos pobres e humildes, desencadeando uma revolução de ternura, sob o lema «As crianças do Padre David!». De Roma, levai um abraço meu para os assistidos e os assistentes da Instituição, nas suas diversas valências ao serviço da infância, da juventude, dos pobres e dos idosos. Como embaixadores do amor que tendes à Igreja e do bem que me quereis, enviastes os mais pequeninos”.

Esta atividade social, frisou o Pontífice, leva os seus membros a olhar juntos para o futuro, não sozinhos, mas com Cristo. E explicou:

Vós sois de Cristo! É o sentido profundo da vossa história até ao dia de hoje, mas é sobretudo a chave para enfrentar o futuro. Sede sempre de Cristo na oração, no cuidado dos seus irmãos mais pequeninos. Não tenhais medo de participar na revolução a que Ele vos chama: a revolução da ternura. Cristo caminha convosco e vos guiará”.

Francisco concluiu a sua saudação aos presentes, assegurando a todos e a cada um, em particular, a sua afetuosa solidariedade. E exortou-os: “Nunca deixem que o passado determine a vossa vida. Olhem sempre para a frente. Trabalhem e lutem para atingir a vossa meta. Que jamais alguém se sinta sozinho, mas ewstejam próximo do mais necessitado. Sejam, portadores de misericórdia, ternura e amor”.

VN

27 setembro, 2019

IDFC - “Formação ao alcance de todos"

O Instituto Diocesano da Formação Cristã (IDFC), do Patriarcado de Lisboa, vai iniciar o ano pastoral 2019/2020 com propostas variadas, quer em regime presencial quer em regime a distância e online.

A Escola de Leigos, uma das instâncias formativas do IDFC, inicia as aulas do curso de ‘Bíblia e Teologia’ e dos Cursos Específicos a partir do dia 7 de outubro, segunda-feira, sendo que a inscrição pode ser feita online ou no próprio local em que as aulas vão decorrer. O primeiro semestre do curso ‘Bíblia e Teologia’, ao longo de três anos, vai decorrer nas paróquias de Mafra e Rio de Mouro (ambos do 1.º Ano), Vila Franca de Xira e Estoril (2.º Ano) e Santo Condestável (3.º Ano). Quanto aos Cursos Específicos, este primeiro semestre vai ter formações no salão paroquial de Benfica, na capela das Amoreiras, em Oeiras e também nos Olivais. A Escola de Leigos tem ainda diversos Módulos Formativos – tais como ‘Acolhimento e valorização de pessoas com deficiência’, ‘História das Jornadas Mundiais da Juventude’, ‘A Caridade na missão evangelizadora da Igreja’, ‘A Igreja celebra a Eucaristia’ e ‘Formação de Agentes da Pastoral Familiar’ –, sendo que as paróquias devem contactar o IDFC para agendar o local, calendário e horário da formação.

Distância e online
O Centro de Formação a Distância também inicia os diversos cursos com apoio online, com destaque para a nova edição do curso de iniciação ‘Mensagem Cristã 1 - Revelação e Fé’, cujas inscrições terminam a 30 de setembro. Neste semestre, terá início também o curso ‘Catequética - A alegria de Evangelizar’, para catequistas que tenham realizado a Formação inicial de Catequistas, sendo que as inscrições terminam a 7 de outubro. Finalmente, a Escola Diocesana de Música Sacra tem realizado Provas de Admissão, iniciando a 5 de outubro as aulas dos Cursos Académicos.

Todos
“O Instituto Diocesano da Formação Cristã (IDFC) procura em cada ano possibilitar que a formação teológica, espiritual e pastoral, permanente e específica, esteja ao alcance de todos os que trabalham como agentes de pastoral e/ou desejem cooperar nas diversas tarefas eclesiais”, refere uma carta do vice-presidente do IDFC-PL, cónego Nuno Amador, enviada recentemente ao clero do Patriarcado de Lisboa.

Patriarcado de Lisboa

O Papa: progresso tecnológico da humanidade está baseado no bem comum

 
 
Em seminário, participantes propõem as bases éticas para a defesa da dignidade de toda pessoa humana, em vista do bem comum.
 
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

O Santo Padre iniciou as suas atividades na manhã desta sexta-feira (27/9) recebendo na Sala Clementina, no Vaticano, 180 participantes no Seminário sobre “O bem comum na era digital”, promovido pelo Pontifício Conselho para a Cultura e o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integra

Sobre este encontro, Francisco disse:

“Os notáveis desenvolvimentos no campo tecnológico, especialmente sobre a inteligência artificial, apresentam implicações cada vez mais significativas em todos os setores da ação humana. Por isso, acho mais do que necessários debates abertos e concretos sobre este tema.” 

Progresso para todos

Neste sentido, o Papa retomou a sua Encíclica sobre o cuidado da casa comum, fazendo um paralelismo básico: o benefício indiscutível, que a humanidade pode obter do progresso tecnológico, dependerá da extensão em que as novas possibilidades disponíveis serão usadas de maneira ética. Esta correlação, frisou Francisco, exige que, de par e passo com o imenso progresso tecnológico em andamento, haja um desenvolvimento adequado de responsabilidades e valores.

Caso contrário, afirmou o Papa, um paradigma dominante - o "paradigma tecnocrático" -, que promete um progresso descontrolado e ilimitado, será imposto e, talvez, até poderá eliminar outros fatores de desenvolvimento, com enormes perigos para toda a humanidade.

Com este encontro sobre “O bem comum na era digital”, disse Francisco, “contribuem para prevenir esta deriva e tornar concreta a cultura do encontro e do diálogo interdisciplinar”. E acrescentou:

“Muitos de vós são representantes importantes em vários campos das ciências aplicadas. Por isso, expressam, não apenas competências diferentes, mas também sensibilidades diferentes e várias abordagens diante das problemáticas que, fenómenos como a inteligência artificial, abrem nos setores de sua pertinência.” 

Uso invasivo da tecnologia

O objetivo principal que vocês visam, disse o Pontífice, é bastante ambicioso: obter critérios e parâmetros éticos básicos, capazes de fornecer orientações sobre as respostas aos problemas éticos suscitados pelo uso invasivo das tecnologias. A humanidade enfrenta desafios inauditos e novos, que exigem novas soluções. E ponderou:

“Logo, aprecio o facto de não terem medo de declinar, às vezes até de maneira precisa, certos princípios morais, tanto teóricos quanto práticos, no contexto do "bem comum". O bem comum é um bem ao qual todos os homens aspiram.” 

Soluções urgentes

As problemáticas a que vocês são chamados a analisar, neste encontro, explicou o Papa, dizem respeito a toda a humanidade e exigem soluções urgentes.

Aqui, Francisco citou alguns exemplos práticos e atuais como a “robótica”, instrumento eficiente, utilizado para aumentar os lucros, mas que priva milhares de pessoas do trabalho, colocando em risco a sua dignidade. Outro exemplo são as vantagens e riscos associados ao uso da “inteligência artificial” em grandes questões sociais. Por isso, o progresso tecnológico exige uma reinterpretação em termos éticos. E o Papa afirmou:
“ Se o chamado progresso tecnológico da humanidade se tornar inimigo do bem comum, poderia levar a uma infeliz regressão e a uma forma de barbárie ditada pela lei dos mais fortes. Portanto, queridos amigos, agradeço pelo vosso trabalho por uma civilização, que procura reduzir as desigualdades económicas, educacionais, tecnológicas, sociais e culturais. ”
Francisco concluiu o seu pronunciamento expressando com o seu apreço pelas bases éticas propostas pelos participantes, que garantem a defesa da dignidade de toda pessoa humana, em vista do bem comum.

Um mundo melhor, disse por fim o Papa, só será possível graças ao progresso tecnológico, se, porém, for acompanhado por uma ética baseada na visão do bem comum, na ética de liberdade, na responsabilidade e fraternidade, capaz de promover o pleno desenvolvimento das pessoas em relação à criação.

VN

26 setembro, 2019

O Papa: a mornidão espiritual transforma a nossa vida num cemitério

 
 
Peçamos ao Senhor a graça de não cair neste espírito de “cristãos pela metade”, disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na Casa de Santa Marta, ao comentar o livro do profeta Ageu.
 
Adriana Masotti – Cidade do Vaticano

O Papa Francisco celebrou na manhã desta quinta-feira (26/09) a missa na capela da Casa de Santa Marta e, na homilia, comentou a Primeira Leitura proposta pela liturgia do dia, extraída do livro de Ageu.

Trata-se de um texto forte, em que, através do profeta, o Senhor pede ao povo que reflita sobre o seu comportamento e o mude para reconstruir a Casa de Deus. 

Um povo que não confia e não quer arriscar

Ageu, disse o Papa, procurava agitar o coração do povo preguiçoso e resignado a viver como derrotado. O Templo sido sido destruído pelos inimigos, tudo estava em ruínas e aquele povo tinha passado os últimos anos assim, até que o Senhor envia o seu eleito para reconstruir o Templo”.

Mas o coração daquelas pessoas estava amargurado e não tinham vontade de trabalhar. Diziam: “Mas não, para quê, talvez seja uma ilusão, é melhor não arriscar, vamos ficar assim …”. Aquelas pessoas, prosseguiu, “não tinham vontade de se levantarem, não se deixavam ajudar pelo Senhor que queria resgatá-las”, com a desculpa de que o tempo certo ainda não tinha chegado.

E este é o drama daquelas pessoas, e também o nosso, quando somos tomados pelo espírito de tepidez, quando vem aquela mornidão da vida, quando dizemos: “Sim, sim, Senhor, tudo bem... mas com calma, calma, Senhor, vamos deixar assim … Amanhã eu faço!”, para repetir o mesmo amanhã e amanhã adiar para depois de amanhã e depois de amanhã adiar ainda… e assim, uma vida para adiar decisões de converter o coração, de mudar de vida …

 Papa Francisco a celebrar a missa na Casa Santa Marta
  
A mornidão espiritual é “a paz dos cemitérios”

É uma tepidez, afirmou Francisco, que muitas vezes se esconde atrás de incertezas e, enquanto isto, é adiada. E assim muitas pessoas desperdiçam a sua vida e acabam “como um farrapo porque não fizeram nada, só mantiveram a paz e a calma dentro de si”. Mas esta é “a paz dos cemitérios”.

Quando nós entramos nesta tepidez, nesta atitude de mornidão espiritual, transformamos a nossa vida num cemitério: não há vida. Há somente um fechamento para que não entrem os problemas, como aquelas pessoas que “sim, sim, estamos nas ruínas, mas não arriscamos: é melhor assim. Já estamos acostumados a viver assim”. 

O Senhor pede hoje a nossa conversão

O Papa advertiu que tudo isto nos acontece também “com as pequenas coisas que não vão bem, que o Senhor quer que mudemos”. Ele pede-nos a conversão e nós respondemos: amanhã. Eis o convite à oração:

Peçamos ao Senhor a graça de não cair neste espírito de “cristãos pela metade” ou, como dizem as velhinhas, “cristãos de água de rosas”, assim, sem substância. Cristãos bons, mas que trabalham tanto – semearam muito, mas colheram pouco. Vidas que prometiam muito e, no final, não fizeram nada.

Que o Senhor nos ajude, concluiu o Papa, a “despertar-nos do espírito de tepidez” e a lutar contra “esta anestesia suave da vida espiritual”.

VN

25 setembro, 2019

O Papa: calúnia, "cancro diabólico" que destrói a reputação de uma pesso

 
 
"Estevão evangeliza com força e parresia, mas a sua palavra encontra resistências. Não encontrando outra maneira de fazê-lo desistir, os seus adversários escolhem a solução mais mesquinha para aniquilar um ser humano: a calúnia ou falso testemunho", disse Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira. 
 
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano

Estevão «repleto do Espírito Santo» entre  diakonia e martyria. Este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (25/09), realizada na Praça de São Pedro, com milhares de fiéis e peregrinos.

O Pontífice deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Livro dos Atos dos Apóstolos para “seguir a viagem do Evangelho no mundo”. O evangelista Lucas mostra, com realismo, a fecundidade dessa viagem e o surgimento de alguns problemas na comunidade cristã.

Como harmonizar as diferenças que existem dentro da comunidade cristã sem que ocorram contrastes e divisões?

“A comunidade não acolhia somente os judeus, mas também os gregos, ou seja, pessoas provenientes da diáspora, não judeus, com as suas culturas e sensibilidades. Também de outra religião. Nós, hoje, dizemos “pagãos”. Eles eram acolhidos. Essa coexistência determina equilíbrios frágeis e precários, e diante das dificuldades emerge o “joio”. E qual é o joio que destrói a comunidade? O joio da murmuração, o joio da fofoca. Os gregos murmuram pela falta de atenção da comunidade em relação às viúvas.”

“Como os Apóstolos agem diante deste problema?”, perguntou o Papa.
 
Oração e pregação da Palavra de Deus
 
“Iniciam um processo de discernimento que consiste em considerar bem as dificuldades e procurar soluções em conjunto. Encontram uma saída ao dividir as tarefas por um crescimento sereno de todo o corpo eclesial e para não transcurar a “corrida” do Evangelho e a atenção aos membros mais pobres.”

Segundo Francisco, “os Apóstolos estão cada vez mais conscientes de que a sua vocação principal é a oração e a pregação da Palavra de Deus: rezar e anunciar o Evangelho, e resolvem o problema instituindo um grupo de «sete homens de boa fama, repletos do Espírito Santo e de sabedoria», que depois de receberem a imposição das mãos, encarregam-se de servir às mesas. Os diáconos são criados para isso, para o serviço. O diácono, na Igreja, não é um segundo sacerdote. Não, não. É outra coisa".

O diácono não é para o altar, não: é para o serviço. Ele é o guardião do serviço na Igreja. Quando um diácono gosta muito de ir para o altar, ele está errado. Este não é o seu caminho. Essa harmonia entre serviço à Palavra e serviço à caridade é um fermento que faz crescer o corpo eclesial.



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