14 agosto, 2019

Papa: recordar que somos filhos de Deus para não nos rendermos às adversidades

 
 
O tuíte desta quarta-feira do Papa Francisco é dedicado a São Maximiliano Kolbe, cuja memória a Igreja celebra hoje, 14 de agosto. 
 
Cidade do Vaticano

“Peçamos a graça de recordar todos os dias de que não somos esquecidos por Deus, que somos seus filhos amados, únicos e insubstituíveis: recordá-lo, dá-nos a força para não nos rendermos diante das adversidades da vida.”

O tuíte desta quarta-feira do Papa Francisco é dedicado a São Maximiliano Kolbe, cuja memória a Igreja celebra hoje, 14 de agosto.

Por ocasião da sua viagem à Polónia, em 2016, Francisco visitou a cela onde o santo polaco ficou preso no Campo de extermínio de Auschwitz.

Para o Papa, São Maximiliano - “mártir da caridade” - soube transformar uma obscura opressão num lugar de luz .

A São Maximiliano Kolbe são atribuídas as seguintes palavras, que ele teria pronunciado em pleno furor da perseguição nazista: "O ódio não é uma força criativa: somente o amor o é". E do amor foi uma prova heroica a generosa oferta que ele fez de si mesmo em troca de um dos seus companheiros de prisão, oferta esta que culminou com a sua morte no bunker da fome, em 14 de agosto de 1941. 

A origem
 
Maximiliano Kolbe nasceu em 7 de janeiro de 1894, em Zduńska-Wola, na região polaca controlada pela Rússia. O seu pai, tecelão, e a sua mãe, parteira, eram cristãos fervorosos: no Batismo, escolheram para ele o nome de Raimundo.

Frequentou a escola dos franciscanos em Leópolis. Em 1910, entrou para a Ordem dos Frades Menores Conventuais, onde recebeu o nome de Maximiliano; sendo enviado primeiro a Cracóvia e, depois, para Roma, onde permaneceu seis anos, estudou Filosofia, na Pontifícia Universidade Gregoriana, e Teologia no Colégio Seráfico. Foi ordenado sacerdote em 28 de abril de 1918. 

A Milícia da Imaculada
 
Em Roma, enquanto jogava bola num campo, Maximiliano começou a cuspir sangue: era tuberculose, uma doença que o acompanhou pelo resto da sua vida.

Com a autorização dos Superiores, fundou a "Milícia da Imaculada", uma Associação religiosa, cujo objetivo era a conversão de todos os homens, por meio de Maria.


Ao regressar a Cracóvia, na Polónia, não obstante tenha se formado com notas altas, não pôde lecionar ou pregar, devido ao seu estado de saúde, pois não podia falar muito. Ainda com a permissão dos Superiores, dedicou-se à promoção da "Milícia da Imaculada", contando com numerosas adesões entre professores e estudantes da Universidade, profissionais e camponeses, e até com religiosos da sua própria Ordem. 

Sucesso da revista "O Cavaleiro da Imaculada"
 
Durante o Natal de 1921, o Padre Maximiliano Kolbe fundou, em Cracóvia, uma revista de poucas página, intitulada "O Cavaleiro da Imaculada", para difundir o espírito da "Milícia".

Tendo-se transferido para Grodno, a 600 quilómetros de Cracóvia, criou uma pequena tipografia para imprimir a revista, com máquinas antigas. Com esta iniciativa conseguiu atrair muitos jovens, desejosos de partilhar o estilo de vida franciscano inspirado em Maria. A revista propagou-se cada vez mais.


Em Varsóvia, graças à doação de um terreno pelo Conde Lubecki, Maximiliano fundou "Niepokalanów", "Cidade de Maria". O centro desenvolveu-se rapidamente: das primeiras cabanas, passou-se a construções verdadeiras; a antiga impressora foi substituída por novas técnicas de redação e imprensa.

Em pouco tempo, "O Cavaleiro da Imaculada" atingiu rapidamente uma tiragem de milhões de cópias, enquanto eram criados outros sete periódicos. 

A “Cidade de Maria” na Polónia e no Japão
 
Com o ardente desejo de expandir o seu Movimento mariano para além das fronteiras da Polónia, Maximiliano Kolbe partiu para o Japão, onde fundou a "Cidade de Maria" em Nagasaki. Ali, após a explosão da primeira bomba atómica, os órfãos de Nagasaki encontraram abrigo.

O Padre Maximiliano colaborou com judeus, protestantes e budistas, certo de que Deus lança a semente da verdade em todas as religiões.

Enfim, abriu ainda uma Casa em Ernakulam, no litoral oeste da Índia. Para se tratar da tuberculose, voltou para a sua “Niepokalanów”, na Polonia. 

Niepokalanów, abrigo para refugiados e judeus
 
Após a invasão da Polónia, em 1° de setembro de 1939, os nazis mandaram destruir a Niepokalanów. Os religiosos foram obrigados a deixar o centro. A eles o Padre Kolbe recomendou apenas uma coisa: "Não se esqueçam do amor".

Ali permaneceram cerca de quarenta Frades, que transformaram a “Cidade de Maria” nun lugar de acolhimento para feridos, doentes e refugiados. Em 19 de setembro de 1939, os alemães prenderam o Padre Maximiliano Kolbe e os outros frades e levaram-nos para o Campo de Extermínio, de onde foram, inesperadamente, libertados no dia 8 de dezembro. Assim, retornaram para a Niepokalanów e retomaram sua atividade de assistência de cerca de 3500 refugiados, dos quais 1500 judeus.

No entanto, depois de alguns meses, os refugiados foram expulsos ou presos. Por sua vez, o Padre Kolbe, ao recusar a naturalização alemã, para se salvar, foi preso em 17 de fevereiro de 1941, junto com quatro frades. Ao ser maltratado pelos guardas da prisão, foi obrigado a usar um hábito civil, porque o traje franciscano "perturbava" os nazistas.

Em 28 de maio, Padre Kolbe foi deportado para o Campo de extermínio de Auschwitz. Com o número 16670, foi colocado junto com os judeus, por ser sacerdote, onde foi obrigado a trabalhos forçados, como o transporte de cadáveres para os fornos crematórios. 

Vida e testemunho em Auschwitz
 
A sua dignidade de sacerdote encorajava os outros prisioneiros. Uma testemunha recorda: "Kolbe era um príncipe para nós".

No final de julho, o Padre foi transferido para o Bloco 14, onde os prisioneiros trabalhavam na lavoura. Mas, um deles conseguiu fugir. Por isso, os nazistas pegaram em dez prisioneiros para morrer no “lager”. O Padre Kolbe ofereceu-se para morrer no lugar de um dos "escolhidos", pai de família e companheiro de prisão. O desespero dos condenados transformou-se em oração comum, guiada pelo sacerdote.

Após 14 dias, apenas quatro ficaram vivos, inclusive o Padre Maximiliano. Então, os guardas decidiram abreviar a sua agonia com uma injeção letal de ácido fênico. O Padre Maximiliano Kolbe estendeu o seu braço, recitando a "Ave Maria"! Estas foram suas últimas palavras. Era o dia 14 de agosto de 1941.

VN

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