05 fevereiro, 2019

Cristãos nos Emirados, uma pequena árvore que restitui oxigênio


"Não é feliz quem agride ou subjuga, mas quem mantém o comportamento
de Jesus que nos salvou: manso, mesmo diante dos seus acusadores." 
(Vatican Media)

O abraço ao Papa que conclui a sua breve visita a Abu Dhabi com a celebração da Missa no Zayed Sports City Stadium: reler assim as Bem-aventuranças. 

Andrea Tornielli - Abu Dhabi 

Ao "pequeno rebanho" cristão dos Emirados - mas ao vê-lo reunido no Zayed Sports City Stadium não parece tão pequeno - o Papa Francisco disse que para viver as bem-aventuranças evangélicas não são precisos gestos clamorosos. Antes pelo contrário, a própria vida de Jesus, que não deixou nada escrito e não construiu nada imponente, mostra que a fé cristã é vivida na cotidianidade e na pequenez.

Ao cristão não é pedido para construir grandes obras ou para realizar gestos fulgurantes, extraordinários, sobre-humanos. O testemunho passa pela extraordinariedade do ordinário. É graças à santidade da vida cotidiana que, sem sinais extraordinários, acontece o mais surpreendente dos milagres. Assim o cristianismo floresce, comunica por osmose, sem necessidade de estratégias de marketing, de maquinações midiáticas, de torrentes de palavras ou de habilidades como super-homens.

As bem-aventuranças, revertendo os critérios mundanos, convidam a "manter o coração limpo, a praticar a mansidão e a justiça não obstante tudo, a ser misericordioso com todos, a viver a aflição unidos a Deus." É como uma árvore, explica Francisco, que numa terra árida, como a do deserto que caracteriza esta região do mundo, em cada dia absorve o ar poluído e restitui oxigênio.

O convite a este "pequeno rebanho" de cristãos nos Emirados Árabes Unidos é o de continuar a ser um oásis de paz, de mansidão, e de misericórdia. Porque é bem-aventurado quem responde com mansidão às acusações, não quem agride ou quer subjugar o outro. É bem-aventurado quem considera os outros como irmãos, não quem vê somente inimigos.

O Papa Francisco cita Francisco de Assis, que instruía os seus irmãos que partiam para terras sarracenas, pedindo-lhes para não entrarem em lutas nem disputas, mas para se manterem "sujeitos a toda criatura humana por amor de Deus", confessando serem cristãos. Ñum tempo em que, também hoje, muitos vestem armaduras, talvez virtuais, o Papa recorda que o cristão parte "armado" somente com sua "fé humilde e o seu amor concreto." Porque ele vive apenas disso. E ele sabe que somente por meio deste testemunho se anuncia o Evangelho hoje.

VN

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