15 janeiro, 2019

Papa: a fraternidade permanece a promessa não cumprida

 
Pontifícia Academia para a Vida 
 
O Papa Francisco enviou uma carta a Dom Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia Academia para a Vida por ocasião do 25º aniversário da sua instituição, em 11 de fevereiro de 1994.
 
Jane Nogara - Cidade do Vaticano

O Papa inicia a Carta a falar sobre a comunidade humana e sobre sua criação a partir do sonho de Deus, sublinhando que “no mistério da geração a grande família da humanidade pode reencontrar-se a si mesma”. 

Paixão de Deus pela criatura humana

O Pontífice evidencia também que “devemos restituir importância a esta paixão de Deus pela criatura humana e o seu mundo”, criatura que foi feita por Deus à sua “imagem” – “homem e mulher” criatura espiritual e sensível, consciente e livre. “A relação entre o homem e a mulher é o ponto eminente no qual toda a criação torna-se interlocutora de Deus e testemunha do seu amor”, acrescentou o Papa. Por isso, escreve ainda, no nosso tempo a Igreja é chamada a relançar com força o humanismo da vida que irrompe desta paixão de Deus pela criatura humana. 

Bem-estar individual e coletivo

Outro ponto citado pelo Pontífice refere-se à degradação do ser humano e o paradoxo com o progresso. O Papa explica:
“ A distância entre a obsessão pelo próprio bem-estar e a felicidade partilhada de toda humanidade parece ampliar-se cada vez mais: chegando-se a pensar que entre o indivíduo e a comunidade humana esteja em curso um verdadeiro cisma ”
Francisco acrescenta depois que se “trata de uma verdadeira cultura – ou melhor anti-cultura – da indiferença pela comunidade: hostil aos homens e às mulheres e aliada à prepotência do dinheiro”.

O Papa pergunta ainda: como pôde acontecer este paradoxo? No momento em que o mundo tem maior disponibilidade de riquezas económicas e tecnológicas aparecem nossas divisões mais agressivas e vive-se uma degradação espiritual, – poderíamos dizer niilismo – no qual o mundo é submetido a esse paradoxo. 

Uma escuta responsável

“O povo cristão ao ouvir o grito de sofrimento dos povos, deve reagir aos espíritos negativos que fomentam divisões, indiferenças e hostilidade” exorta o Papa depois de apresentar o quadro atual da condição humana. Após, destacou a necessidade de se inspirar no ato do amor de Deus, Francisco escreve: “A Igreja deve ser a primeira a reencontrar a beleza desta inspiração e fazer a sua parte, com renovado entusiasmo”. 

Construir uma fraternidade universal

O Santo Padre sugere que
“ É tempo de relançar uma nova visão para o humanismo fraterno e solidário das pessoas e dos povos colocando em primeiro lugar a criatura humana ”
“Para esta missão há como sinais de encorajamento, a ação de Deus nos nossos dias”, continua o Pontífice. Os sinais “devem ser reconhecidos evitando que o horizonte seja obscurecido pelos aspetos negativos”. 

O futuro da Academia

Falando sobre o futuro da Academia Pontifícia afirmou que, “antes de tudo devemos conhecer a língua e as histórias dos homens e das mulheres do nosso tempo, colocando o anúncio do Evangelho na experiência concreta” – “para colher o sentido da vida humana, a experiência à qual nos devemos referir é a que se pode reconhecer na dinâmica da geração”. O Papa sublinha ainda: “Viver significa necessariamente sermos filhos, acolhidos e cuidados, mesmo se algumas vezes de modo inadequado”.

O Pontífice exortou então o trabalho da Pontifícia Academia: “Não tenham medo de elaborar argumentações e linguagens que sejam utilizadas num diálogo intercultural e interreligioso, assim como interdisciplinar”. 

Fraternidade

Francisco conclui reiterando a necessidade de “reconhecer que a fraternidade permanece sendo a promessa não cumprida da modernidade”. “A força da fraternidade, que a adoração de Deus em espírito e verdade gera entre os homens, é a nova fronteira do cristianismo”.

VN

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