15 agosto, 2018

Arrependimento e vergonha: a reação da Igreja perante o relatório sobre abusos na Pensilvânia

 
 O dossiê de 900 páginas diz respeito aos últimos 70 anos, o permitiu realizar uma investigação sistemática, ainda que não tenham ocorrido novos casos. Foram encontradas 1.000 vítimas, mas estima-se que o número total seja maior.
(2018 Getty Images)
 
"Profundo remorso", "grande tristeza", "abuso é desprezível e não tem lugar na Igreja", "choque", "vergonha": os bispos católicos do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos responderam com palavras claras a um relatório sobre abuso sexual apresentado na última terça-feira pelo Ministério Público.
 
Pe. Bernd Hagenkord, SI - Cidade do Vaticano
 
"É doloroso para quem lê, especialmente para os sobreviventes de abusos sexuais e as suas famílias", diz um comunicado da Diocese de Filadélfia. "Sentimos muito pela sua dor e continuamos no caminho da cura".

O bispo de Pittsburgh, Dom David Zubik, escreveu numa declaração que em nenhum momento se deseja "diminuir a dor que surgiu".

Todas as oito dioceses da Pensilvânia responderam a um relatório elaborado pelo Grande Júri, oficialmente encarregado - segundo o direito processual dos Estados Unidos - de um procedimento não-público e com a ajuda da polícia, da investigação de possíveis comportamentos criminosos.

A investigação foi aberta pelo procurador geral do Estado. Seis das oito dioceses da Pensilvânia foram investigadas, enquanto outras duas já tinham sido objeto de investigações anteriores.

O júri levou dois anos para concluir o relatório de 900 páginas. Trata-se de abusos ocorridos no Estado da Pensilvânia e realizados por membros da Igreja Católica. O dossiê diz respeito aos últimos 70 anos e isso permitiu realizar uma investigação sistemática, mesmo que não tenham ocorrido novos casos. Foram encontradas 1.000 vítimas, mas estima-se que o número total seja maior.

O relatório é o mais completo já produzido por uma instituição governamental nos Estados Unidos em casos de abuso. Além dos nomes mencionados no dossiê, surge acima de tudo a acusação de que a Igreja tenha tido a sua própria "encenação" para a cobertura dos casos.

É preciso combater este crime "para garantir - disse a diocese de Scranton - que nenhuma criança seja vítima de abusos e que nenhum culpado seja protegido". Esta Diocese publica no seu site os nomes dos 70 culpados, sacerdotes e leigos, incluindo pessoas que não são mencionadas no relatório do Grande Júri.

A Diocese de Erie cita 34 pessoas e os lugares em que vivem, indicando também os nomes de 31 falecidos. Entre os 65 nomes há uma mulher e um bispo. Segundo o site da diocese, o prelado em questão não investigou denúncias de abusos na sua área de competência.

O bispo de Erie, Dom Lawrence Persico, escreveu diretamente às vítimas de abusos. Todas as dioceses, como o próprio relatório, destacam que nos últimos anos e décadas foram feitos grandes avanços em termos de transparência. Este é o caminho a seguir, de acordo com o teor dos pareceres.

"Continuaremos a fazer reparação pelos pecados do nosso passado e ofereceremos orações e apoio a todas as vítimas dessas ações", disse o bispo de Harrisburg, Dom Ronald W. Gainer.

"Comprometemo-nos em prosseguir e intensificar as mudanças positivas para assegurar que tais atrocidades não voltem a ocorrer ... Quero que as crianças, pais, paroquianos, estudantes, funcionários, clero e o público saibam que as nossas Igrejas e as escolas são seguras, não há nada que levemos mais a sério do que a proteção daqueles que passam pelas nossas portas".

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