21 julho, 2018

Editoral: juventude, arregaçar as mangas

 
 Jovens durante a JMJ no Rio de Janeiro em 2013
 
"A felicidade não é algo que pode ser comprado no supermercado; a felicidade só vem de, amar e ser amado, amar os outros".
 
Silvonei José - Cidade do Vaticano

Um convite a ser "jovem jovem" e não "jovem envelhecido" foi feito pelo Papa Francisco numa vídeomensagem aos jovens que participaram num encontro organizado pela Conferência Episcopal das Antilhas na semana passada. Para enfrentar os desafios significativos serve "toda a força da juventude". "Se estás sentado, não funciona", disse.

Francisco nas suas palavras cheias de afeto fez uma reflexão a todos nós sobre a família afirmando que o "amor tem uma força toda tua" e "nunca acaba": no seu projeto de transformação da família deveis "compreender o presente" para enfrentar o "amanhã", sem jamais esquecer o "passado".

Não esquecer as raízes

Olhar então para o futuro, sem esquecer as raízes, é a exortação do Papa Francisco. "Olhem para os vossos avós, olhem para os vossos pais e conversem com eles". Não se pode fazer nada no presente, nem no futuro, - disse - se não estás enraizado no passado, na sua história, na sua cultura, na sua família; se  não tens as raízes bem plantadas, por dentro. Da raiz receberás a força para continuar. Todos, nós e tu também, não fomos feitos num laboratório, nós temos história, temos raízes. E o que fazemos, os frutos que daremos, a beleza que poderemos criar no futuro, provém daquelas raízes", afirmou Francisco.

O Papa recorda um poeta que conclui o seu grande poema com este verso: “‘Tudo o que a árvore tem de florido, vem do que está enterrado’.

Sínodo sobre a juventude

Vem à mente quando ouvimos palavras como estas do Papa Francisco, o horizonte do próximo Sínodo sobre a juventude que se realizará aqui no Vaticano no mês de outubro. Uma oportunidade ímpar para refletir sobre o protagonismo de nossos jovens dentro da nossa realidade de Igreja. Um bilião e 800 mil pessoas entre 16 e 29 anos, isto é, ¼ da humanidade, são os jovens do mundo, recorda o Instrumento de Trabalho do Sínodo. É o momento de convergência da escuta de todos os componentes da Igreja e também de vozes que não pertencem a ela.
 
E o que querem os jovens de hoje? Sobretudo, o que buscam na Igreja? Desejam uma “Igreja autêntica”, que brilhe por “exemplaridade, competência, corresponsabilidade e solidez cultural”, uma Igreja que partilhe “a sua situação de vida à luz do Evangelho, ao contrário de fazer pregações”; uma Igreja que seja “transparente, acolhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa”. Enfim, destaca o Instrumento de Trabalho, uma Igreja “menos institucional e mais relacional, capaz de acolher sem julgar previamente, amiga e próxima, acolhedora e misericordiosa”.

Mas há também quem não pede nada à Igreja ou pede que seja deixado em paz, considerando-a um interlocutor não significativo ou uma presença que “incomoda e irrita”. Um motivo para essa atitude está nos casos de escândalos sexuais e económicos, sobre os quais os jovens pedem à Igreja que “reforce a sua política de tolerância zero”.

Procurando a felicidade

A vida é uma jornada, sempre à frente, procurando a felicidade, para nós e para os outros disse Francisco, há tempos atrás,  aos participantes na tradicional Peregrinação Macerata-Loreto. "Homens corajosos em caminho ... é um bom sinal" - disse o Papa - porque "na vida não podes ficar parado e um jovem parado é como um aposentado de 20 anos... e esta é uma coisa má". A juventude - especificou – deve ser vivida, "ir em frente e dar frutos".

"A felicidade não é algo que pode ser comprado no supermercado; a felicidade só vem de, amar e ser amado, amar os outros. Guerras não dão dão a felicidade, inimizades não dão a felicidade, conversa fiada não dá a felicidade". 

E o que mais preocupa o jovem?  Em muitos existe o medo de não ser amado, mas a Igreja, disse tantas vezes Francisco, confia neles e eles devem confiar na Igreja.

Não desanimem

Francisco, certa vez numa mensagem à juventude argentina exortou-os a perseverarem no caminho da fé cristã, sem desanimarem pelos possíveis obstáculos que podem surgir ao longo da vida. As suas palavras textuais: “Coloquem os ténis, saiam com a camiseta de Cristo e lutem pelos vossos ideais. Vão com Ele curar as feridas de muitos dos nossos irmãos que estão à beira da estrada, vão com Ele para semear esperança nos nossos povos e cidades, vão com ele para renovar a história”, disse-lhes o Sucessor de Pedro.

Francisco, quer o brilho da esperança nos olhos dos jovens. Quer os jovens protagonistas da Igreja, quer vê-los a construir uma sociedade que não seja alheia à pobreza, à exclusão. Quer ver os jovens amando a diversidade e que criem empatia com os mais vulneráveis. Quer o jovem, sendo Igreja que sai às ruas, que luta pelos seus ideias e é fiel às suas convicções.

Francisco quer "jovem, jovem" enfrentando os desafios da vida com "toda a força da juventude". É hora de arregaçar as mangas e começar a lutar.

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VATICAN NEWS

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