19 junho, 2018

Papa: o cristão reza pelo seu inimigo e o ama

 
Papa celebra a missa na Casa Santa Marta  (Vatican Media)
 
"A oração mafiosa é: 'Vais pagar-me'. A oração cristã é: 'Senhor, dá-lhe a tua bênção e ensina-me a amá-lo'. Pensemos num inimigo: todos temos um. Pensemos nele. Rezemos por ele. Peçamos ao Senhor a graça de amá-lo", disse o Papa na homilia.
 
Gabriella Ceraso – Cidade do Vaticano

O perdão, a oração e o amor por quem nos quer destruir, pelo nosso inimigo. Assim foi a homilia do Papa Francisco na missa celebrada na capela da Casa Santa Marta esta terça-feira (19/06).

Comentando o trecho proposto pela Leitura do dia, extraído do Evangelho de Mateus, o Papa admitiu a dificuldade humana em seguir o modelo do nosso Pai celeste e propôs novamente o desafio do cristão, isto é, de pedir ao Senhor a “graça” de saber “abençoar os nossos inimigos” e nos comprometer a amá-los. 

Perdoar para ser perdoados
“Nós sabemos que devemos perdoar os nossos inimigos”, afirmou o Papa, nós dizemos isso todos os dias no Pai-Nosso. Pedimos perdão assim como nós perdoamos: é uma condição…", embora não seja fácil. Assim como “rezar pelos outros”, por aqueles que nos dão problemas, que nos colocam à prova: também isto é difícil, mas o fazemos. Ou pelo menos muitas vezes conseguimos fazê-lo ":

Mas rezar por aqueles que me querem destruir, os inimigos, para que Deus os abençoe: isso é realmente difícil de entender. Pensemos no século passado, os pobres cristãos russos que somente pelo facto de serem cristãos eram enviados para a Sibéria para morrer de frio: e eles deveriam rezar pelo governante carrasco que os enviava ali? Mas como é possível? E muitos o fizeram: rezaram. Pensemos em Auschwitz e noutros campos de concentração: eles deveriam rezar por este ditador que queria a raça pura e matava sem escrúpulo, e rezar para que Deus os abençoasse! E muitos fizeram isso. 

Aprender com a lógica de Jesus e dos mártires
É a difícil lógica de Jesus, que no Evangelho está contida na oração e na justificação daqueles que “o mataram” na cruz: “perdoa-lhes Pai, porque não sabem o que fazem”. Jesus pede perdão para eles, recordou o Papa, assim como fez Santo Estevão no momento do martírio:
Mas quanta distância, uma infinita distância entre nós que muitas vezes não perdoamos pequenas coisas, e é isso que nos pede o Senhor e do qual sempre nos deu exemplo: perdoar aqueles que nos tentam destruir. Às vezes, nas famílias é muito difícil perdoarem-se os cônjuges depois de alguma briga, ou perdoar a sogra também: não é fácil. O filho pedir perdão ao pai é difícil. Mas perdoar os que o estão a matar, que querem eliminá-lo … Não somente perdoar: rezar por eles, para que Deus os proteja! E mais: amá-los. Somente a palavra de Jesus pode explicar isso. Eu não consigo ir além. 

Pedir a graça de ser perfeito como o Pai
Portanto, destacou Francisco, é a graça de pedir para entender algo deste mistério cristão e ser perfeito como o Pai, que dá todos os seus bens aos bons e aos maus. O Papa concluiu afirmando que nos fará bem pensar nos nossos inimigos, pois todos nós temos algum:

Hoje, far-nos-á bem pensar num inimigo – creio que todos nós temos um -, alguém que nos fez mal ou que nos quer fazer mal ou tenta prejudicar-nos: pensar nesta pessoa. A oração mafiosa é: “Vais-me pagar”. A oração cristã é: “Senhor, dá-lhe a tua bênção e ensine-me a amá-lo”. Pensemos num inimigo: todos temos um. Pensemos nele. Rezemos por ele. Peçamos ao Senhor a graça de amá-lo.

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco



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