29 setembro, 2017

Papa - Não esquecer ou deixar diluir o entusiasmo do Jubileu da Misericórdia

(RV) O Papa recebeu neste dia 29 de Setembro, em audiência, o Embaixador da República do Gana, Joseph Kojo Akudibillah, que lhe apresentou as Cartas Credenciais. Recebeu uma hora depois, o Cardeal Jorge Liberato Urosa Savino, arcebispo de Caracas, na Venezuela; seguido de D. Martin Krebs, Núncio Apostólico na Nova Zelanda, Fiji, Ilhas Cook, Ilhas Marshall, Kiribati, Nauru, Palau, Samoa, Estados Federados da Micronésia, Vanuatu, Tonga e Delegado Apostólico no Oceano Pacífico.



Ao meio dia recebeu na Sala Clementina uns sessenta participantes na Plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, por ocasião da sua assembleia plenária.

O Papa exprimiu satisfação por poder reflectir com eles – disse – sobre “a urgência que a Igreja sente, neste particular momento histórico, de renovar os esforços e o entusiasmo na sua perene missão de evangelização”. E agradeceu D. Rino Fisichella, Presidente desse Pontifício Conselho, pelo empenho com que promete continuar a levar adiante essa missão para fazer viver à comunidade eclesial os frutos do Ano Jubilar da Misericórdia. Foi um ano de graça para a Igreja – afirmou o Papa – e não podemos permitir que esse grande entusiasmo seja diluído ou esquecido. O Povo de Deus sentiu fortemente o dom da misericórdia e redescobriu o Sacramento  da Reconciliação como expressão da bondade e ternura ilimitada de Deus. “A Igreja tem, portanto, a grande responsabilidade de continuar, sem parar, a ser instrumento de misericórdia”. 

O anúncio da misericórdia que se torna concreto e visível no estilo de vida dos crentes é parte intrínseca do empenho de cada evangelizador – prosseguiu Francisco, recomendando a não esquecer as palavras de São Paulo: louvar a Deus que nos tornou fortes em Jesus Cristo e usou da misericórdia para connosco. E fê-lo para que quem é chamado a evangelizar seja também misericordioso para com os outros.

Detendo-se depois, propriamente sobre o tema da evangelização, Bergoglio afirmou que é preciso ter sempre presente que pela sua natureza a evangelização “pertence ao povo de Deus”. E a este respeito sublinhou dois aspectos:

“O primeiro é o contributo que cada povo e as respectivas culturas dão ao caminho do Povo de Deus”.  De cada povo emerge uma riqueza que a Igreja é chamada a reconhecer e a valorizar com vista na unidade de “todo o género humanos” (…).  As boas tradições (de cada povo) que constituem essa riqueza “são autênticos dons que exprimem a variedade infinita da acção criadora do Pai e que convergem na unidade da Igreja para fazer crescer a necessária comunhão a fim de ser semente de salvação, prelúdio de paz universal e lugar concreto de diálogo”.

Este ser “Povo evangelizador” – continuou o Papa entrando no segundo aspecto da sua reflexão – faz tomar consciência de uma chamada que transcende a disponibilidade pessoal de cada um, inserindo-se num “trama complexo de relações interpessoais”. Isto permite viver “a profunda unidade e humanidade da Comunidade dos crentes”; algo que assume particular importância nesta época em que surge com força uma cultura nova, fruto de tecnologias, uma cultura que fascina, mas que carece ao mesmo tempo de uma verdadeira relação interpessoal e  interesse pelo outro.

O Papa enalteceu depois o grande conhecimento que a Igreja tem dos povos e que a tornam capaz  - como poucas outras organizações – de valorizar aquele património cultural, moral e religioso que constitui a identidade de gerações inteiras. E acrescentou que é, por isso, “importante saber penetrar no coração da nossa gente, para descobrir aquele sentido de Deus e de amor que dá confiança e esperança para olhar para a frente com serenidade, não obstante as graves dificuldades e pobreza que somos obrigados a viver devido à avidez de poucos”. Se formos capazes de olhar em profundidade, “poderemos ainda encontrar o genuíno desejo de Deus que torna inquieto os corações de tantas pessoas  caídas, sem querer, no báratro da indiferença que já não deixa saborear a vida e construir serenamente o próprio futuro. A alegria da evangelização pode chegar a elas e dar-lhes de novo a força para a conversão”.

O Papa concluiu desejando aos membros do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização bom trabalho, de modo particular na preparação do próximo Dia Mundial dos Pobres, agendado para 19 de Novembro. Mas antes recordou-lhes que a “nova etapa da evangelização que somos chamados a percorrer é certamente obra de toda a Igreja, “povo de Deus a caminho”. Há que redescobrir este horizonte de sentido e de concreta praxe pastoral a fim de favorecer o impulso para a própria evangelização, sem esquecer o valor social que pertente à genuína promoção humana integral.”

(DA)

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