30 abril, 2016

ESD do RCC de Lisboa - Vigíla do Pentecostes


 
                    
                                       Aos 

                                      Coordenadores de Núcleo dos
                                      Grupos Oração da
                                      Diocese de Lisboa










   

   «De rico que era fez-se pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza» (2Cor 8, 9)


Caros Irmãos e Irmãs:

              No próximo dia 14 de maio, pelas 21H00, na Igreja de Santa Maria dos Olivais, vamos celebrar a Vigília do Pentecostes. Todo o Renovamento Carismático da diocese de Lisboa deve estar comprometido e empenhado nesta celebração em honra do Divino Espírito Santo.

                Deus conhece os nossos corações e por isso sabe perfeitamente quando arranjamos justificações válidas para os nossos comportamentos. Só razões muito profundas é que nos impedirão de estar presentes. Sejamos sinceros e transparentes. Descentremo-nos e aceitemos o Senhorio de Jesus na nossa vida com as inerentes consequências. O comodismo e a indiferença não levam ao céu e certamente não são um bom exemplo de testemunhar a Cristo.

              Venha, não falte, traga a família, traga os irmãos e entusiasme os jovens e sobretudo reze, «pois sem Mim nada podeis fazer»

                Um grande abraço em Cristo Ressuscitado que nos envia o Seu Espírito.

                                                              


                 A Equipa Diocesana



                                                                                                    Lisboa, 29 de abril de 2016

Papa Francisco: deixai-vos reconciliar com Deus


(RV) Sábado, 30 de abril – mais uma audiência jubilar com o Papa Francisco neste Ano Santo da Misericórdia. Na sua catequese o Santo Padre falou sobre misericórdia e reconciliação.

Grande entusiasmo numa Praça de S. Pedro repleta de dezenas de milhares de fiéis que ouviram o Papa dizer que a reconciliação é um aspeto importante da misericórdia de Deus, que não quer ninguém distante do seu amor.

De facto, quando pecamos, pensamos que Deus se afasta de nós, mas, na verdade, somos nós que Lhe “viramos as costas”, pois rejeitamos o seu amor, ficamos fechados em nós mesmos, iludidos por uma falsa promessa de mais liberdade e autonomia – afirmou o Papa.

Porém, Jesus, o Bom Pastor, não se cansa de ir atrás da ovelha perdida, oferecendo-nos a reconciliação com Deus: ao dar-nos a sua vida, Ele nos reconciliou com o Pai – declarou Francisco que exortou os cristãos a deixarem-se reconciliar com Deus:

“«Deixai-vos reconciliar com Deus» (2 Cor 5,20): é o grito que o Apóstolo Paulo dirige aos primeiros cristãos de Corinto, hoje com a mesma força e convicção vale para todos nós.”

“Este Jubileu da Misericórdia é um tempo de reconciliação para todos” – afirmou o Santo Padre que recordou o papel do confessor na celebração do sacramento da reconciliação, observando que este deve ser um pai ao acolher as pessoas que o procuram, não transformando esse momento numa tortura ou num interrogatório, mas num caminho de reconciliação.

“Fazer experiência da reconciliação com Deus permite descobrir a necessidade de outras formas de reconcliiação: nas famílias, nas relações interpessoais, nas comunidades eclesiais, como também nas relações sociais e internacionais” – afirmou o Papa no final da sua catequese.
Nesta audiência jubilar o Papa Francisco pronunciou uma mensagem especial para os largos milhares de militares e polícias de todo o mundo, presentes no Vaticano com as suas famílias, para momentos a eles dedicados neste Jubileu da Misericórdia:

“Com alegria dou as boas-vindas aos representantes das forças armadas e das polícias, provenientes de tantas partes do mundo, vindos  em peregrinação a Roma por ocasião do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. As forças da ordem – militares e polícia – têm por missão garantir um ambiente seguro, por forma a que cada cidadão possa viver em paz e serenidade. Nas vossas famílias, nos vários âmbitos em que operais, sede instrumentos de reconciliação, construtores de pontes e semeadores de paz. Sede, com efeito, chamados não só a prevenir, gerir, ou pôr fim aos conflitos, mas também a contribuir para a construção de uma ordem fundada na verdade, na justiça, no amor e na liberdade, segundo a definição de paz de S. João XXIII na Encíclica Pacem in Terris.”

“A afirmação da paz não é empresa fácil, sobretudo por causa da guerra, que torna áridos os corações e junta violência e ódio. Exorto-vos a não desencorajar-vos. Prossigam o vosso caminho de fé e abri os vossos corações a Deus Pai misericordioso que não se cansa nunca de perdoar-nos. Perante os desafios de cada dia, fazei resplandecer a esperança cristã, que é certeza da vitória do amor sobre o ódio e da paz sobre a guerra.”

O Santo Padre saudou também os peregrinos de língua portuguesa:

“Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! Saúdo-vos como membros desta família que é a Igreja, pedindo-vos que renoveis o vosso compromisso para que as vossas comunidades sejam lugares sempre mais acolhedores, onde se faz experiência da misericórdia e do perdão de Deus. Que Nossa Senhora proteja a cada um de vós, e o Senhor vos abençoe a todos!”

O Papa Francisco a todos deu a sua benção!

(RS)

29 abril, 2016

Papa: cristãos sejam pessoas de luz. Não à vida dupla


(RV) Sexta-feira, 29 de abril – na Missa em Santa Marta o Papa exortou os cristãos a serem pessoas de luz e recusarem a vida dupla. O Santo Padre afirmou que a vida dos cristãos é ser límpidos como Deus.

Na sua homilia, Francisco comentou a passagem da Carta de S. João, incluída na liturgia do dia, na qual o Apóstolo coloca os fiéis diante da responsabilidade de não ter uma vida dupla: luz de fachada e trevas no coração. A vida do cristão é ser límpidos como Deus , porque não há erro reconhecido que não atraía a ternura e o perdão do Pai – afirmou o Papa que ressaltou que “se dizemos que não temos pecado fazemos de Deus um mentiroso”. Caminhar na luz e recusar a vida dupla:

“Se tu dizes que estás em comunhão com o Senhor, então caminha na luz. Mas vida dupla, não!” – afirmou o Santo Padre.

E a vida dupla é caminhar com um pé na Luz e outro na Trevas, é ser mentiroso – declarou Francisco: “Não caminhar com um pé na luz e outro nas trevas. Não ser mentirosos”.

O Papa recordou ainda a tentação dos cristãos se considerarem justos:

“... ninguém pode dizer: “Este é um pecador, esta é uma pecadora. Eu, graças a Deus, sou justo”. Não, somente um é o Justo, aquele que pagou por nós. E se alguém peca, Ele espera, perdoa-nos, porque é misericordioso e sabe que somos plasmados, recorda que nós somos pó.”
O Papa Francisco concluiu a sua homilia pedindo ao Senhor para seguirmos em frente “na simplicidade e na transparência da vida cristã”.

(RS)

28 abril, 2016

Papa: Espírito Santo, protagonista da Igreja




(RV) O Papa Francisco celebrou a Santa Missa na manhã desta quinta-feira, dia 28 de abril na Capela da Casa de Santa Marta.

Na sua homilia, comentando a célebre passagem dos Atos dos Apóstolos sobre o chamado “Concílio” de Jerusalém, o Papa observa que “o protagonista da Igreja” é o Espírito Santo. “É Ele que desde o primeiro momento deu força aos apóstolos para proclamar o Evangelho”, é “o Espírito que faz tudo, o Espírito que conduz a Igreja adiante” mesmo “com seus problemas”, mesmo "quando se desencadeia a perseguição” é “Ele que dá força aos crentes para permanecerem na fé”, inclusive nos momentos “de resistência e insistência dos doutores da lei”.

Neste caso, há uma dupla resistência à ação do Espírito: a daqueles que acreditavam que “Jesus tinha vindo somente para o povo eleito” e daqueles que queriam impor a lei de Moisés, incluindo a circuncisão, aos pagãos convertidos. O Papa observou que "houve uma grande confusão em tudo isso":

“O Espírito colocava seus corações em uma estrada nova: eram as surpresas do Espírito. E os apóstolos viram-se em situações que nunca teriam imaginado, situações novas. E como lidar com estas novas situações? Por isso, a narração de hoje começa assim: 'Naqueles dias, tinha surgido uma grande discussão', uma calorosa discussão, porque discutiam sobre este assunto. Eles, por um lado, tinham o poder do Espírito – o protagonista – que impulsionava a avançar, avançar, avançar ... Mas o Espírito os levava a certas novidades, certas coisas que nunca tinham sido feitas. Nunca. Nem mesmo as tinham imaginado. Que os pagãos recebessem o Espírito Santo, por exemplo”.

Os discípulos “tinham um grande problema nas mãos e não sabiam o que fazer”. Assim, convocaram uma reunião em Jerusalém, onde “cada um contou a sua experiência” de como o Espírito Santo também descesse sobre os pagãos:

“E, no final, chegaram a um acordo. Mas antes há uma coisa bonita: 'Toda a assembleia ficou em silêncio e ouviu Barnabé e Paulo, que relatavam os grandes sinais e prodígios que Deus havia realizado entre as nações, entre eles'. Ouvir, não ter medo de ouvir. Quando alguém tem medo de ouvir, não tem o Espírito em seu coração. Ouvir: 'Você o que acha e por quê?'. Ouvir com humildade. E, depois, de terem ouvido decidiram enviar às comunidades gregas, isto é, aos cristãos que vieram do paganismo, enviar alguns discípulos para tranquilizá-los e dizer-lhes: 'Tudo bem, continuem assim’”.

Depois de ouvir e discutir, decidem escrever uma carta na qual “o protagonista é o Espírito Santo”. E então afirmam: “O Espírito Santo e nós decidimos...”. “Este – afirma o Papa – é o caminho da Igreja face às novidades, não às novidades mundanas, como modas e roupas, mas às novidades, as surpresas do Espírito, porque o Espírito sempre nos surpreende. E como a Igreja resolve isso? Como enfrenta estes problemas para resolvê-los? Com reuniões, com a escuta, o debate, a oração e a decisão final”:

“Este é o caminho da Igreja até hoje. E, quando o Espírito nos surpreende com uma coisa que parece nova, ‘que nunca foi assim’, ‘deve-se fazer assim’, pensem no Vaticano II, nas resistências ao Concílio... e o cito porque é um evento próximo de nós. Quantas resistências: ‘mas não...’. Ainda hoje persistem resistências, de uma forma ou outra, e o Espírito vai adiante. O caminho da Igreja é esse: reunir-se, unir-se juntos, ouvir-se, discutir, rezar e decidir. Esta é a chamada sinodalidade da Igreja, na qual se expressa a comunhão da Igreja. E quem faz a comunhão? É o Espírito! De novo é ele o protagonista. O que nos pede o Senhor? Docilidade ao Espírito. O que nos pede o Senhor? Para não termos medo ao ver que é o Espírito que nos chama”.

“O Espírito – releva o Papa – às vezes nos detém”, como fez com São Paulo, para ir de um lugar ao outro, “não nos deixa sós, nos dá coragem, nos dá paciência, nos faz percorrer, seguros, o caminho de Jesus, nos ajuda a vencer as resistências e a ser fortes no martírio”. “Peçamos ao Senhor – concluiu – a graça de entender como a Igreja vai avante, entender como, desde o primeiro momento, enfrentou as surpresas do Espírito e também, para cada um de nós, a graça da docilidade ao Espírito, para percorrermos o caminho que o Senhor Jesus quer para cada um de nós e para toda a Igreja”.

(CM/SP)

27 abril, 2016

Peregrinação diocesana a Fátima, com o Cardeal-Patriarca

O Patriarcado de Lisboa convidou as comunidades cristãs da diocese a marcarem presença na Peregrinação Aniversária das Aparições de Fátima, que decorre nos dias 12 e 13 de maio, presidida pelo Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente.

Em carta enviada recentemente ao clero de Lisboa, a Vigararia Geral do Patriarcado explica que esta peregrinação surge “como agradecimento” da visita da Imagem Peregrina a Lisboa, que decorreu de 17 de janeiro a 7 de fevereiro. “Além do mais, com o regresso da Imagem Peregrina ao Santuário de Fátima nesse dia, depois de um ano a percorrer as Dioceses de Portugal, será uma ocasião oportuna para acompanharmos o nosso Patriarca e agradecermos a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora à nossa Diocese”, aponta a missiva.
Recorde-se que no comunicado final da 189ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que decorreu de 4 a 7 de abril, os Bispos portugueses também apelaram à participação dos fiéis nas celebrações em Fátima. “Tendo em conta o itinerário celebrativo do Centenário das Aparições, esteve na Assembleia o Reitor do Santuário de Fátima, que salientou a grande participação de todas as Dioceses na visita da Imagem Peregrina, ainda a decorrer, vivida como intensa experiência de fé. A Assembleia acolheu a sugestão do Santuário quanto ao modo de envolver todas as Dioceses no acolhimento da Imagem Peregrina na celebração do próximo dia 13 de maio, que incluirá a consagração das Dioceses de Portugal a Nossa Senhora de Fátima, a ser proferida pelo Presidente da CEP”, D. Manuel Clemente, refere a nota.

Patriarcado de Lisboa

Papa: ignorar o sofrimento significa ignorar Deus


(RV) Quarta-feira, 27 de abril – na audiência geral o Papa Francisco falou sobre a parábola do Bom Samaritano afirmando que este é uma figura do próprio Jesus que se faz próximo de quem precisa, ensinando que o amor significa querer cuidar do outro.

Segundo o capítulo 10 do Evangelho de S. Lucas, um doutor da Lei, querendo pôr à prova Jesus, pergunta qual é o caminho para a vida eterna e o que é amar a Deus e ao próximo – recordou o Papa.

O doutor da lei quer uma regra sobre quem é o próximo, mas Jesus responde-lhe com uma parábola, pois não nos podemos limitar a uma teoria abstrata – esclareceu o Santo Padre.

A parábola fala de um sacerdote e de um levita, duas figuras ligadas ao culto a Deus, que ignoram um homem moribundo, ferido por assaltantes. Com isto, Jesus mostra que conhecer a misericórdia de Deus e louvá-lo no templo não significa automaticamente saber amar o próximo:
“Tu podes conhecer toda a Bíblia, tu podes conhecer todas as rubricas litúrgicas, tu podes conhecer toda a teologia, mas do conhecer não é automático amar; amar tem outro caminho; com inteligência mas com mais qualquer coisa…” – afirmou Francisco.

Será um samaritano, considerado impuro e pagão, aquele que sente compaixão por aquele homem ferido – assinalou o Papa – e de facto, a compaixão é uma característica essencial da misericórdia de Deus.

Deus não nos ignora, conhece as nossas tribulações e sabe quando temos necessidade de ajuda e consolação. Não podemos ignorar o sofrimento humano – disse o Santo Padre – pois isso significa ignorar Deus:

“O que significa ignorar o sofrimento do homem? Signica ignorar Deus… Se eu não me aproximo daquele homem, daquela mulher, daquela criança ou idoso, não me aproximo de Deus…” – disse o Papa.

O samaritano faz-se próximo de quem precisa, ensinando que o amor significa querer cuidar do outro, amá-lo como a si mesmo. Assim o bom samaritano é uma figura do próprio Jesus, que se fez nosso servo para nos salvar – afirmou Francisco no final da sua catequese.

O Santo Padre saudou também os fiéis de lingua portuguesa:

“Dirijo uma saudação cordial aos peregrinos de língua portuguesa, particularmente aos fiéis de Zurique, Brasília, aos sacerdotes de Serrinha e às Irmãs Franciscanas de S. José. Queridos amigos, recordem que caminhamos juntos, ajudando-nos uns aos outros e, como o Bom Samaritano, devemos fazer da nossa vida um dom de amor para as pessoas que nos rodeiam. Que Deus vos abençoe a vós e a vossos entes queridos!”

O Papa Francisco a todos deu a sua benção!

(RS)

Papa: clericalismo anula personalidade dos cristãos




(RV) “A Igreja não é uma elite de sacerdotes” e o Espírito Santo “não é ‘propriedade’ exclusiva da hierarquia eclesial”, que deve sempre “encorajar” e “estimular” os esforços que os leigos fazem para testemunhar o Evangelho na sociedade.

São palavras do Papa Francisco, o qual, com uma carta ao presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), Cardeal Marc Ouellet, quis contribuir para o trabalho realizado no início de março pelo organismo a pr

“Jamais deve ser o pastor a dizer ao leigo aquilo que deve fazer e dizer, ele o sabe tanto quanto e melhor do que nós. Não é o pastor que deve estabelecer aquilo que os fiéis devem dizer nos vários âmbitos.”

Como lhe é habitual, o Papa Francisco é claro ao reafirmar onde se encontra o ponto de equilíbrio da relação padre-leigo cristão e no evidenciar as “tentações” do clero que, por vezes alterando este equilíbrio, induzem a erros e alimentam derivas.

Na carta ao Cardeal Ouellet, o Santo Padre fala acerca dos leigos latino-americanos, embora o valor de suas considerações seja claramente universal. Uma das “maiores deformações” da relação sacerdote-leigo, denuncia, é o “clericalismo” que, de um lado, anulando “a personalidade dos cristãos” e diminuindo “a graça batismal”, acaba, de outro lado, por gerar uma espécie de “elite laical”, na qual os leigos engajados são “somente aqueles que trabalham em coisas ‘dos padres’”.

Sem nos dar conta, insiste, “esquecemos, negligenciando-o, o fiel que muitas vezes consome sua esperança na luta cotidiana para viver a fé”. E essas são “as situações que o clericalismo não consegue ver, porque está mais preocupado em dominar espaços do que em gerar processos”.

Ao invés, ressalta Francisco, jamais se deve esquecer que a “nossa primeira e fundamental consagração tem suas raízes em nosso Batismo. Ninguém foi batizado padre nem bispo. Fomos batizados leigos e é o sinal indelével que ninguém jamais poderá eliminar”.

Ademais, estar no meio do rebanho, no meio do povo: ouvir seus palpites, confiar na “memória” e no “faro” deles, na certeza de que o Espírito Santo age neles e com eles, e que este “Espírito não é  ‘propriedade’ exclusiva da hierarquia eclesial”.

O Pontífice observa que isso “nos salva” de certos slogans que “são frases bonitas, mas que não conseguem alimentar a vida de nossas comunidades”. Por exemplo, diz o Papa, recordo “a famosa frase: ‘é a hora dos leigos’, mas parece que o relógio parou”.

“A Igreja não é uma elite de sacerdotes, de consagrados, de bispos”, mas “todos formamos o Santo Povo fiel de Deus” e portanto, escreve, “o fato que os leigos estejam trabalhando na vida pública” significa para bispos e sacerdotes “buscar o modo para poder encorajar, acompanhar” todas “as tentativas e os esforços que hoje já são feitos para manter vivas a esperança e a fé num mundo repleto de contradições, especialmente para os mais pobres, especialmente com os mais pobres”.

“Significa, como pastores, empenhar-nos em meio ao nosso povo e, com o nosso povo, sustentar a fé e a esperança deles”, promovendo “a caridade e a fraternidade, o desejo do bem, da verdade e da justiça”.

“É ilógico, e até mesmo impossível – ressalta o Bispo de Roma – pensar que nós, como pastores, devemos ter o monopólio das soluções para os múltiplos desafios que a vida contemporânea nos apresenta.”

“Não se podem dar diretrizes gerais para organizar o povo de Deus no seio da sua vida pública.” Pelo contrário, indica, “devemos estar ao lado do nosso povo, acompanhando-o em suas buscas e estimulando aquela imaginação capaz de responder à problemática atual”.

Por sua “realidade” e “identidade”, porque “imerso no coração da vida social, pública e política”, devemos reconhecer que o leigo precisa de novas formas de organização e de celebração da fé”, acrescenta Francisco.

O clericalismo que pilota, uniformiza, fabrica “mundos e espaços cristãos” deve ser contrastado pelo cuidado da “pastoral popular”, típico da América Latina, porque, “se bem orientada”, é “rica de valores”, de uma “sede genuína” de Deus, de “paciência”, de “sentido da cruz na vida diária, de “dedicação” e capaz de “generosidade e sacrifício até o heroísmo”.

“Em nosso povo – recorda Francisco – nos é pedido para conservar duas memórias. A memória de Jesus Cristo e a memória dos nossos antepassados.” “Perder a memória é desarraigar-nos do lugar de onde viemos e, por conseguinte, não saber nem mesmo para onde vamos.”

Quando “desarraigamos um leigo de sua fé, da fé de suas origens; quando o desarraigamos do Santo Povo fiel de Deus, o desarraigamos da sua identidade batismal e desse modo o privamos da graça do Espírito Santo”.

“Nosso papel, nossa alegria, a alegria do pastor – acrescenta o Papa – está propriamente no ajudar e no estimular, como fizeram muitos antes de nós, mães, avós e pais, os verdadeiros protagonistas da história.”

“Não por uma nossa concessão de boa vontade, mas por direito e estatuto próprio. Os leigos são parte do Santo Povo fiel de Deus e, portanto, são os protagonistas da Igreja e do mundo; somos chamados a servi-los, não a servir-nos deles”, conclui Francisco.

(RL)