29 setembro, 2016

Papa: pôr fim à lógica das armas e interesses obscuros na Síria e Iraque




(RV) O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (29/09), na Sala Clementina do Vaticano, os membros dos Organismos caritativos católicos que trabalham no contexto da crise humanitária na Síria, Iraque e nos Países limítrofes. No seu discurso o Papa saudar  aos participantes deste encontro de reflexão e partilha, de modo particular ao senhor Staffan de Mistura, Enviado especial do Secretário Geral das Nações Unidas para a Síria, reiterando a importância de uma renovada colaboração a todos os níveis entre os organismos que trabalham neste sector.

E Francisco notou em seguida, com amargura, o persistir da guerra na região, cuja directa consequência são as migrações:

“Um ano depois do último encontro, observou o Papa, notamos com grande tristeza que, apesar dos muitos esforços feitos em várias áreas, a lógica das armas e da opressão, os interesses obscuros e a violência continuam a devastar estes Países e que, até agora, não se conseguiu pôr fim ao sofrimento desgastante e à violação contínua dos direitos humanos. As consequências dramáticas da crise já são visíveis muito além das fronteiras da região, sendo o grave fenómeno migratório a sua expressão”.

A violência gera violência, disse ainda o Papa, denunciando a espiral de prepotência e inércia em que nos encontramos e que parece não ter nenhuma saída. Este mal que domina a nossa consciência e vontade nos deve questionar, disse Francisco: porque o homem, mesmo ao preço de danos incalculáveis a pessoas, bens ou o ambiente, continua a perseguir o mal, a vingança, a violência? É o mistério do mal que está presente no homem e na história e que precisa ser redimido – disse Francisco, apontando para Cristo, misericórdia encarnada que venceu o pecado e a morte e é, portanto, a resposta ao drama do mal:

“Olhando para os muitos rostos sofredores, na Síria, no Iraque e nos Países vizinhos e distantes, onde milhões de refugiados são forçados a procurar refúgio e protecção, a Igreja vê o rosto do seu Senhor durante a Paixão”.

O trabalho de todos aqueles que, no terreno, estão empenhados em ajudar estas pessoas e a salvaguardar a sua dignidade é certamente sinal de grande esperança e reflexo da misericórdia de Deus, um sinal de que o mal tem um limite e não tem a última palavra, ressaltou Francisco, agradecendo a todos aqueles que sobretudo neste ano jubilar, rezam pelas vítimas dos conflitos, particularmente as crianças e os mais vulneráveis.

E para além dos apoios humanitários, que também são necessários, agora é de paz que se precisa na Síria e no Iraque, ressaltou o Papa:

“Não me canso por isso de pedir à comunidade internacional maiores e renovados esforços para se alcançar a paz em todo o Oriente e pedir-lhes de não olharem para o outro lado. Acabar com o conflito, também está nas mãos do homem: cada um de nós pode e deve tornar-se construtor de paz, porque cada situação de violência e injustiça é uma ferida no corpo de toda a família humana”.

E o Papa agradeceu as organizações internacionais, nomeadamente as Nações Unidas, pelo trabalho de apoio e mediação junto dos Governos, encorajando-as a concordar em pôr fim ao conflito e colocar finalmente, em primeiro lugar, o bem-estar das pessoas indefesas.

Por último, um pensamento às Comunidades cristãs do Médio Oriente que, observou Francisco, sofrem as consequências da violência e olham com temor para o futuro: no meio de tanta escuridão, elas mantêm alta a lâmpada da fé, esperança e caridade e são hoje um sinal concreto da misericórdia de Deus merecendo, portanto, a admiração, o reconhecimento e o apoio da Igreja universal.

E o Papa confiou estas comunidades e todos os que trabalham ao serviço das vítimas desta crise à intercessão de S. Teresa de Calcutá, modelo de caridade e misericórdia.

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