31 agosto, 2015

Papa reza pelos migrantes e convida a pôr termo às violências

(RV) “Ontem, em Harissa, no Líbano, foi proclamado Beato o Bispo siro-católico, Flaviano Michele Melki, mártir. No contexto de uma tremenda persecução contra os cristãos, ele foi defensor incansável dos direitos do seu povo, exortando todos a permanecer firmes na fé. Também hoje, no Meio Oriente e noutras partes do mundo, os cristãos são perseguidos. A beatificação deste bispo mártir infunda neles consolação, coragem e esperança. Mas sirva também de estimulo aos legisladores e aos governantes a fim de que seja assegurada, onde quer que seja, a liberdade religiosa; e à comunidade internacional para que se ponha termo às violências e prevaricações.

Infelizmente também nos dias passados numerosos migrantes perderam a vida nas suas terríveis viagens. Para todos esses irmãos e irmãs, rezo e convido a rezar. Uno-me, de modo particular, ao cardeal Schonborn – que hoje está aqui presente – e a toda a Igreja na Áustria em oração pelas 71 vítimas, entre as quais quatro crianças, encontradas num camião na autroestrada Budapest-Viena. Confiamos cada uma delas à misericórdia de Deus; e a Ele pedimos para nos ajudar a cooperar com eficácia para impedir estes crimes, que ofendem toda a família humana. Rezemos em silêncio para todos os migrantes e para os que perderam a vida…

30 agosto, 2015

Sem coração purificado não há mãos limpas - Papa no Angelus

(RV) No evangelho deste domingo, o evangelista Marcos fala-nos da disputa entre Jesus, alguns fariseus e escribas acerca da tradição dos antigos. Para Jesus essas tradições são  “preceitos de homens”, que não devem nunca tomar o lugar dos “mandamentos de Deus”.

E a disputa nasce porque os escribas e fariseus aplicavam-nos de forma escrupulosa e eram apresentados como expressão de autêntica religiosidade. Por isso, eles repreendem a Jesus e aos seus discípulos o não cumprimento desses preceitos, sobretudo os relativos à purificação exterior do corpo. Mas Jesus faz-lhes notar que estão a transcurar o mandamento de Deus em favor das tradições do homem.

Palavras – disse o Papa  - que nos enchem de admiração pelo nosso Maestro, sentindo que nele está a esperança e a sapiência que nos liberta de preconceitos. E recorda que estas palavras são também dirigidas a nós hoje, para não pensarmos que a observação exterior da lei é suficiente para ser bons cristãos.

“Mas atenção! Com estas palavras, Jesus quer chamar também a nossa atenção, hoje, a não pensarmos que a observação exterior da lei seja suficiente para ser bons cristãos”.

Tal como no tempo dos fariseus – prosseguiu o Papa – existe também para nós hoje o perigo de nos considerarmos melhor que os outros pelo simples facto de observar as regras, os usos e costumes, mesmo se não amamos o próximos, se somos duros de coração e orgulhosos. A observância literal dos preceitos é estéril se não houver mudanças dos corações, se não houver abertura a Deus e à sua Palavra e se isto não se traduzir em atitudes concretas como a justiça e a paz, o socorro dos pobres, dos fracos, dos oprimidos. E aqui o Papa recordou quão mal fazem à Igreja, aquelas pessoas que, com frequência vão à Igreja, mas na vida quotidiana transcuram a família, falam mal dos outros e assim por diante. Isto  é algo que Jesus condena, porque é o contrário de um testemunho cristão.

Não são as coisas exteriores que fazem uma pessoa santa ou não santa. É o coração que exprime as nossas intenções. O nosso coração geralmente está lá onde está o nosso tesouro. Podemos, então, perguntar-nos: onde está o meu coração. Qual é o meu tesouro? – É Jesus e a sua Doutrina, ou é alguma outra coisa? Portanto, é o coração que deve ser purificado e convertido. Sem um coração purificado não podemos ter mãos limpas e lábios que pronunciem palavras sinceras de amor. Tudo é duplo: dupla vida, vida de hipócritas – disse o Papa, frisando que o perdão e a misericórdia só podem vir de um coração sincero e purificado.

E exortou a pedir ao Senhor, por meio de Nossa Senhora, para que nos dê um coração puro, livre de qualquer hipocrisia, por forma a sermos capazes de viver segundo o espírito da lei e chegar à sua finalidade última que é o amor.

Depois da reza das Ave Marias,  o Papa recordou a beatificação do bispo mártir libanês, Melki que viveu entre os séculos XIX e XX, e o drama dos cristãos perseguidos assim como de migrantes e refugiados em geral, muitos dos quais morrem nas suas viagens. Ainda depois do Angelus, o Papa saudou diversos grupos de os peregrinos de várias partes da Itália e do mundo, de modo particular, os  escuteiros de Lisboa,  a todos desejando bom domingo e pedindo como sempre orações para ele … e sendo ora do almoço, não faltou o desejo que fosse bom para todos, antes do arrivederci… até nos vermos…

XXXVIII Assembleia Nacional do RCC (29.08.15)

"Deste-lhes a mesma paga que a nós"
(Mt 20, 12)

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28 agosto, 2015

Agostinianos: vídeo-reflexões para Jubileu da Misericórdia



(RV) A Igreja recordou, na quinta-feira dia 27 de agosto, Santa Mónica, mãe de Santo Agostinho, bispo de Hipona e doutor da Igreja – cuja memória litúrgica se celebra nesta sexta-feira, dia 28.

Para celebrá-los, a Ordem de Santo Agostinho dá início a um percurso de formação e aprofundamento espiritual rumo ao Jubileu extraordinário da Misericórdia com uma série de vídeo-reflexões feitas pelos frades da Ordem e publicadas no YouTube e nos principais canais de comunicação da própria Ordem.

As meditações se articularão sobre a Palavra de Deus à luz do pensamento e do carisma agostiniano. A primeira reflexão é feita pelo vigário geral da Ordem de Santo Agostinho, Pe. Joseph Farrell.

“Creio que um modo para preparar-nos da melhor forma possível para o ano jubilar seja redescobrir, descobrir novamente, o tesouro de sabedoria, espiritualidade e fé que temos nos escritos de Santo Agostinho” – explica Pe. Farrell.

“As Cartas, os Sermões, as Exposições de Santo Agostinho sobre os Salmos contêm numerosas referências à Misericórdia, a mesma que o levou à conversão e que continuamente recebeu durante a sua existência.”

Os vídeos estão disponíveis no site da Cúria Geral Agostiniana, nas páginas Facebook da Cúria Generalícia-Agostiniana e no canal vídeo de YouTube. Várias celebrações, nos cinco continentes, recordam Santa Mónica e Santo Agostinho.

Em Roma, na Basílica de Santo Agostinho no Campo Marzio, onde são guardadas as relíquias de Santa Mónica – morta no ano 387 em Ostia, será celebrada nesta sexta-feira, às 18h30 locais, uma solene liturgia eucarística, com a participação de todos os representantes da família agostiniana, presidida pelo vice-presidente do Instituto Patrístico Augustinianum, Pe. Giuseppe Caruso.

“Agostinho foi capaz de traduzir os seus profundos conhecimentos e pensamentos na linguagem do povo simples” – escreve, por ocasião das festividades agostinianas, o prior da Província Agostiniana da Itália, Pe. Luciano De Michieli.

“Ele, a quem invocamos ‘doutor da graça’, ele que conheceu a esterilidade da vazia soberba, nos adverte a sermos inflamados pelo desejo, mas conscientes dos nossos limites. Convida-nos a não confiar em nós mesmos, mas a recorrer à verdadeira fonte, onde habita a graça, onde tudo para Deus é possível, e aonde somente os humildes podem entrar.” (BS/RL)

A Igreja recordou, na quinta-feira dia 27 de agosto, Santa Mónica, mãe de Santo Agostinho, bispo de Hipona e doutor da Igreja – cuja memória litúrgica se celebra nesta sexta-feira, dia 28.

Para celebrá-los, a Ordem de Santo Agostinho dá início a um percurso de formação e aprofundamento espiritual rumo ao Jubileu extraordinário da Misericórdia com uma série de vídeo-reflexões feitas pelos frades da Ordem e publicadas no YouTube e nos principais canais de comunicação da própria Ordem.

As meditações se articularão sobre a Palavra de Deus à luz do pensamento e do carisma agostiniano. A primeira reflexão é feita pelo vigário geral da Ordem de Santo Agostinho, Pe. Joseph Farrell.

“Creio que um modo para preparar-nos da melhor forma possível para o ano jubilar seja redescobrir, descobrir novamente, o tesouro de sabedoria, espiritualidade e fé que temos nos escritos de Santo Agostinho” – explica Pe. Farrell.

“As Cartas, os Sermões, as Exposições de Santo Agostinho sobre os Salmos contêm numerosas referências à Misericórdia, a mesma que o levou à conversão e que continuamente recebeu durante a sua existência.”

Os vídeos estão disponíveis no site da Cúria Geral Agostiniana, nas páginas Facebook da Cúria Generalícia-Agostiniana e no canal vídeo de YouTube. Várias celebrações, nos cinco continentes, recordam Santa Mónica e Santo Agostinho.

Em Roma, na Basílica de Santo Agostinho no Campo Marzio, onde são guardadas as relíquias de Santa Mónica – morta no ano 387 em Ostia, será celebrada nesta sexta-feira, às 18h30 locais, uma solene liturgia eucarística, com a participação de todos os representantes da família agostiniana, presidida pelo vice-presidente do Instituto Patrístico Augustinianum, Pe. Giuseppe Caruso.

“Agostinho foi capaz de traduzir os seus profundos conhecimentos e pensamentos na linguagem do povo simples” – escreve, por ocasião das festividades agostinianas, o prior da Província Agostiniana da Itália, Pe. Luciano De Michieli.

“Ele, a quem invocamos ‘doutor da graça’, ele que conheceu a esterilidade da vazia soberba, nos adverte a sermos inflamados pelo desejo, mas conscientes dos nossos limites. Convida-nos a não confiar em nós mesmos, mas a recorrer à verdadeira fonte, onde habita a graça, onde tudo para Deus é possível, e aonde somente os humildes podem entrar.” (BS/RL)

27 agosto, 2015

Papa aos católicos de língua hebraica: sede artífices de diálogo e paz



(RV) O Papa Francisco exprimiu as suas “cordiais felicitações” pelos 60 anos da fundação da Obra de São Tiago, que reúne os católicos de língua hebraica em Israel. Numa mensagem assinada pelo Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, o Pontífice - ao recordar as “numerosas graças concedidas por Deus” a esta comunidade no decorrer dos anos - reza para que os fiéis de língua hebraica possam ser renovados no “jubiloso testemunho do Evangelho”, “não somente com palavras, mas sobretudo com uma vida transfigurada pela presença de Deus”.

“Deste modo – continua a mensagem - não somente a comunidade do Vicariato será reforçada, mas se tornará também um instrumento sempre mais eficaz de diálogo e de paz” dentro da sociedade, e “um sinal do amor de Cristo pelos mais necessitados”.

O responsável pela Obra de São Tiago, Padre David Neuhaus SJ, enviou ao Santo Padre uma cópia da carta pastoral que havia escrito para a ocasião, onde reitera a importância da reconstituição da comunidade judaico-cristã no Estado de Israel. Num contexto marcado por tensões e conflitos – afirma ele – os católicos de língua hebraica querem ser ponte de diálogo e reconciliação entre israelitas e palestinos:

“Nós somos chamados a ser uma Igreja unida, temos a vocação de falar forte da paz, da justiça, da reconciliação entre o mundo árabe e o mundo israelita. Não é fácil, porque existem tantos que querem a violência, a guerra, e não pensam na reconciliação; nós que falamos hebraico, devemos dar este testemunho ao coração da sociedade judaica: ser com os judeus, para os judeus, mas também discípulos de Cristo que anunciam claramente paz, justiça, reconciliação, não existe outro caminho. Façamos isto em comunhão profunda com os nossos confrades cristãos-árabes que dizem a mesma coisa na sociedade palestina e no mundo árabe”. (BS/JE)

26 agosto, 2015

DISTRAÍDOS NA FÉ!

 
 
Entrou na igreja e ficou contente. Não estava ninguém, exactamente como ele desejava.
Em frente ao sacrário, ajoelhou-se, rezou algumas orações e depois sentou-se, olhando fixamente para a porta do sacrário, talvez esperando que ela se abrisse e de dentro saísse Jesus para falar com ele.

Riu-se interiormente da sua imaginação, mas rapidamente a sua cara tomou um ar grave e preocupado.
O assunto que ali o levava era uma situação séria, muito séria, que ele já não sabia como resolver e por isso ali se tinha dirigido para ter uma conversa mais séria e intima com Aquele que ele acreditava lhe poderia mostrar caminho e solução para o seu grave problema.
Numa voz inaudível para outros, ia repetindo: «Senhor, ajuda-me! Mostra-me o que fazer! Eu creio em Ti, mas ajuda-me! Fala, Senhor, que o teu servo escuta!»

Apesar de absorto na oração e na escuta, não pode deixar de perceber que alguém tinha entrado na igreja e se dirigia para o lugar onde ele estava.
Interiormente pediu: «Oh Senhor, eu queria tanto estar um pouco sozinho aqui contigo!»
Pelo “canto do olho”, olhou e percebeu que era aquela senhora, sempre muito problemática, com muitas histórias para contar, para a qual era precisa uma paciência sem limites. Deu um suspiro profundo e pensou se não seria melhor sair e voltar noutra altura em que pudesse ficar só.

Já não teve tempo, porque a dita senhora, rezadas umas apressadas orações de joelhos, sentava-se ao seu lado e já lhe dirigia a palavra, cumprimentando-o. Tentou ser o mais delicado possível, retribuindo o cumprimento numa vaga esperança de que ela se calasse e se fosse embora. Mas não, infelizmente não foi isso que aconteceu, pois ela percebendo na sua cara a preocupação, logo lhe perguntou se estava bem, se precisava de alguma coisa, se ela podia fazer alguma coisa por ele.
Balbuciou qualquer coisa entre dentes, para responder às insistentes perguntas, mas não houve nada a fazer, porque ela continuou numa lengalenga, sem se calar. Ele foi ouvindo as palavras que saíam da boca dela e que iam dizendo coisas do tipo: “pois todos temos problemas”, “a vida não é nada fácil”, “temos que aguentar e pedir a Deus que nos ajude”, etc., etc.
A certa altura começou a contar-lhe uma história complicada que se tinha passado com ela, (curiosamente parecida com o problema que estava a viver), mas com tantos pormenores, que era difícil e fastidioso prestar alguma atenção.

Entretanto a história lá chegou ao fim, com uma solução pelos vistos muito satisfatória, e quando ele se preparava para se levantar e sair, foi ela que o fez, agradecendo-lhe aquele bocadinho em que a tinha estado a ouvir.
Sorriu aliviado, despediu-se, e voltou à sua litania, da qual sobressaía, com um forte sentimento no coração, a oração: “Fala, Senhor, que o teu servo escuta!”

E insistia na oração, sem prestar atenção a mais nada, até que num momento de silêncio lhe pareceu ouvir uma voz que dizia ao seu coração: «Mas Eu já falei contigo! Já te disse o que precisavas saber!»
Admirado, olhou para o sacrário e então ouviu distintamente, (parecia-lhe a ele), a voz que repetidamente lhe dizia que tudo o que tinha de saber já lhe tinha sido dito.
Com algum receio que alguém o estivesse a ouvir, disse: «Mas quando, Senhor?»
Ouviu novamente a voz que lhe dizia: «Lembras-te da história que a senhora, (que consideraste maçadora e incómoda), te contou e tu nem querias ouvir?»
Respondeu: «Sim, Senhor, acho que me lembro!»
E novamente a voz: «E lembras-te como foi resolvida essa situação?»
Respondeu mais uma vez: «Ah, sim, Senhor, lembro-me perfeitamente!»
Uma só palavra interrogativa lhe respondeu: «Então?»

De joelhos, disse em oração: «Oh Senhor, estava tão concentrado em mim, no meu problema, sem dar atenção a quem dela precisava, que nem me apercebi que afinal a história era semelhante à minha situação e que a solução possível é aquela que me foi dita!»
Agradeceu profundamente ao Senhor tudo aquilo que lhe tinha sido dado, e não se esqueceu de rezar um Pai Nosso por aquela senhora que ele tão mal tinha julgado.

Antes de sair da igreja, olhou novamente para o sacrário e disse interiormente: «E dizemos nós tantas vezes que Tu não falas connosco, nem nos dás sinais! Distraídos na fé, é o que nós tantas vezes somos. Perdoa, Senhor!»


Monte Real, 26 de Agosto de 2014
Joaquim Mexia Alves

Francisco: em família aprende-se a rezar a Deus com amor

(RV) Quarta-feira, 26 de agosto: audiência geral com o Papa Francisco na Praça de São Pedro. Tema da catequese: Família e tempo de oração. Depois de ter reflectido  sobre a família e os momentos de festa e trabalho, o Papa Francisco abordou a questão do tempo de oração em família, pois o coração humano – disse - procura sempre a oração, mesmo sem sabê-lo, e se não a encontra não tem paz. Mas para que se encontre, é necessário cultivar no coração um amor "quente" por Deus, um amor afectuoso:

“Está tudo bem acreditar em Deus com todo o coração, esperar que Ele nos ajude nas dificuldades, está bem sentir-se no dever de agradecer-lhe. Tudo muito bem. Mas também amamos um pouco ao Senhor? O pensamento de Deus nos comove, nos surpreende, nos torna carinhosos?”

Partindo da formulação do grande mandamento do amor ("Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda tua alma e com todas as tuas forças"), o Papa reiterou que esta fórmula usa a linguagem intensiva do amor, aplicando-a a Deus e que também nós devemos pensar em Deus como a carícia que nos mantém vivos, carícia da qual nada, nem mesmo a morte, nos pode separar. E acrescentou:

“Só quando Deus é o afecto de todos os nossos afectos, o significado destas palavras se torna pleno. Então nos sentimos felizes, e também um pouco confusos, porque Ele pensa em nós e, sobretudo, nos ama! Não é isto impressionante? Podia simplesmente fazer-se conhecer como o Ser supremo, dar os seus mandamentos e esperar pelos resultados. Mas Deus fez e faz infinitamente mais do que isso”.

Se o afecto por Deus não acende o fogo, continuou o Papa, o espírito da oração não aquece o tempo. Nós podemos também multiplicar as nossas palavras, "como fazem os pagãos", exibir os nossos ritos, "como faziam os fariseus", mas só um coração possuído pelo afecto por Deus transforma em oração mesmo um pensamento sem palavras, ou uma invocação diante de uma imagem sagrada, ou um beijo enviado para uma igreja:

“É bonito quando as mães ensinam aos seus filhos pequeninos a mandar um beijo a Jesus ou à Virgem Maria. Naquele momento o coração das crianças transforma-se em lugar de oração. E é um dom do Espírito Santo, aquele Espírito de Deus que grita nos nossos corações: "Abba" - "Pai", como dizia Jesus, modo de rezar que nunca poderíamos encontrar sozinhos.

Este dom do Espírito, insistiu Francisco, é na família que se aprende a pedir e a apreciá-lo. É verdade que o tempo da família é um tempo complicado e superlotado, reconheceu Francisco, tempo ocupado e preocupado,  sempre pouco, nunca é suficiente, ao ponto de afirmar que quem tem uma família aprende bem cedo a resolver uma equação que nem mesmo os grandes matemáticos sabem como resolver: dentro das vinte e quatro horas do dia faz entrar o dobro! Há mães e pais que poderiam ganhar o prémio Nobel por isso!

Mas o espírito de oração devolve o tempo a Deus, sai da obsessão de uma vida em que sempre falta o tempo, para encontrar a paz das coisas necessárias, e descobrir a alegria dos dons inesperados. E deu o exemplo das duas irmãs Marta e Maria que aprenderam de Deus a harmonia dos ritmos familiares: a beleza da festa, a serenidade do trabalho, o espírito da oração:

“A visita de Jesus, que muito amavam, era a festa para elas. Um dia, porém, Marta aprendeu que o trabalho da hospitalidade, embora importante, não é tudo, mas escutar o Senhor, como fazia Maria, era a coisa realmente essencial, a "parte melhor" do tempo.”

Mas a oração brota da escuta de Jesus, da leitura do Evangelho, da familiaridade com a Palavra de Deus, disse Francisco que também desafiou os presentes:

“Existe esta familiaridade nas nossas famílias? Temos em casa o Evangelho? O abrimos de vez em quando para lê-lo juntos? Meditamo-lo recitando o rosário? O Evangelho lido e meditado em família é como um bom pão que alimenta o coração de todos …”.

E o Papa concluiu dizendo que quando em família nos pomos à mesa, aprendemos a dizer juntos uma oração, com simplicidade, é Jesus que vem a nós, como ia à família de Marta, Maria e Lázaro, e que é na oração da família, nos seus momentos fortes  e nas suas passagens difíceis, que estamos confiados uns aos outros, para que cada qual seja guardado pelo amor de Deus.

Nas saudações o Papa Francisco dirigiu-se também aos fiéis de língua portuguesa:

“Queridos peregrinos de língua portuguesa, bem-vindos! Saúdo cordialmente os fiéis presentes das diversas paróquias de Portugal e o grupo dos novos estudantes do Colégio Pio Brasileiro. O Senhor vos abençoe, para serdes em toda a parte farol de luz do Evangelho para todos. Possa esta peregrinação fortalecer nos vossos corações o sentir e o viver com a Igreja. Nossa Senhora acompanhe e proteja a vós todos e aos vossos entes queridos”.

Nas saudações em italiano, e a propósito do Dia de oração pelo cuidado da criação, o Papa fez o seguinte convite:

“Na próxima terça-feira, dia 1 de setembro, será celebrado o Dia Mundial de Oração pelo cuidado da criação. Em comunhão de oração com os nossos irmãos ortodoxos e com todas as pessoas de boa vontade, queremos oferecer o nossa contributo para a superação da crise ecológica que a humanidade está a enfrentar.

Em todo o mundo, as várias realidades eclesiais locais programaram oportunas iniciativas de oração e reflexão, para tornar esse Dia um momento forte, tendo também em vista a adopção de estilos de vida consistentes.

Com os bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos da Cúria Romana, estaremos todos na Basílica de São Pedro, às 17 horas, para a Liturgia da Palavra, para a qual a partir de agora convido a participar todos os romanos e todos peregrinos, e aqueles que o desejarem”.

Depois da oração do “Pai-Nosso”  o Papa Francisco a todos deu a sua bênção. (BS)