(RV) Quarta-feira,
28 de Outubro – chuva no início da manhã em Roma, mas que parou para a
audiência-geral. Neste dia o Papa Francisco recordou os 50 anos da
Declaração do Concílio Vaticano II Nostra aetate sobre as relações da
Igreja Católica com as religiões não cristãs. Presentes representantes
de diversas tradições religiosas.
Em nome dos representantes das várias religiões saudaram o Santo
Padre o Cardeal Kurt Koch, Presidente do Conselho Pontifício para a
Unidade dos Cristãos e o Cardeal Jean Louis Tauran, Presidente do
Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso.
O Cardeal Jean Louis Tauran sublinhou a presença na audiência dos
participantes no Encontro Internacional sobre a Nostra Aetate que está a
decorrer na Universidade Pontifícia Gregoriana. Em particular, o
Cardeal Tauran referiu o desejo de oração de todos os presentes, tal
como “aconteceu no passado na Jornada de Assis” para testemunhar perante
o mundo inteiro que a “fraternidade universal é possível”.
Por sua vez o Cardeal Kurt Kock declarou saudar o Papa Francisco
também em nome de Congresso Mundial Judeu, tendo recordado o processo de
aproximação entre cristãos e hebreus desenvolvido pelo Papa João XXIII:
desde o encontro com o historiador francês Jules Isaak até à declaração
Nostra Aetate.
O Cardeal Koch afirmou mesmo que a Nostra Aetate é a Magna Carta de
uma frutuosa relação entre a Igreja Católica e o povo hebreu. Recordando
a visita do Papa à Terra Santa e a sua oração junto ao Muro das
Lamentações e a reflexão junto ao Memorial Yad Vashem o Cardeal pediu a
bênção do Santo Padre.
Na sua catequese o Papa Francisco começou por recordar o Concílio
Vaticano II e, em particular, alguns pontos da Declaração Nostra Aetate,
como por exemplo: a procura de um sentido para a vida; o destino comum
da humanidade; a unicidade da família humana; o olhar benévolo da Igreja
sobre as outras religiões; a Igreja aberta ao diálogo com todos.
O Papa Francisco recordou que “são muitas as iniciativas” que foram
desenvolvidas em cinquenta anos com as religiões não cristãs. Lembrou,
especialmente, o Encontro de Assis de 27 de outubro de 1986, desejado e
promovido pelo Papa João Paulo II, que continua a ser um “permanente
sinal de esperança”.
O Papa Francisco lembrou ainda que nestes cinquenta anos a relação
entre cristãos e hebreus transformou-se de atitudes de indiferença e
oposição em atitudes de colaboração e benevolência. Desta forma, o Santo
Padre sublinhou a importância do diálogo aberto e respeitoso:
“O diálogo de que temos necessidade não pode ser senão aberto e
respeitoso e, assim, revelar-se frutuoso. O respeito recíproco é
condição e, ao mesmo tempo, fim do diálogo inter-religioso: respeitar o
direito dos outros à vida, a integridade física, as liberdades
fundamentais, ou seja, a liberdade de consciência, de pensamento, de
expressão e de religião.”
Frisando que o mundo olha para os crentes pedindo respostas sobre a
paz, a fome e a miséria e tantos outros temas, o Papa Francisco declarou
que para tudo isso não há receitas, mas existe um grande recurso: a
oração:
“A oração é o nosso tesouro, que atingimos segundo as respectivas tradições, para pedir os dons que nos ligam à humanidade.”
“Por causa do terrorismo e da violência difundiu-se uma atitude de
suspeição” para com as religiões – afirmou o Santo Padre que considerou
que só o diálogo inter-religioso pode trazer sementes de bem:
“O diálogo baseado sob o confiante respeito pode levar sementes de
bem que, por sua vez, se transforma em rebentos de amizade e de
colaboração em tantos campos e, sobretudo, no serviço aos pobres, aos
pequenos, aos idosos, no acolhimento aos migrantes, na atenção a quem
está excluído. Podemos caminhar juntos cuidando uns dos outros e da
Criação.”
O Papa Francisco na conclusão da sua catequese declarou que o Jubileu
da Misericórdia será um tempo propício para as várias religiões
trabalharem em conjunto nas obras de caridade.
O Santo Padre saudou também os peregrinos de língua portuguesa:
“Dirijo uma saudação cordial aos peregrinos de língua portuguesa, em
particular aos fiéis de Cacém e Lisboa, e aos peregrinos brasileiros do
Rio de Janeiro, São Paulo, Alto Rodrigues e Catanduva. Queridos amigos,
sois chamados a ser fermento também na promoção do diálogo com as outras
religiões e pessoas de boa vontade, procurando construir juntos um
mundo mais fraterno e justo. Deus vos abençoe.”
Nas saudações em italiano o Papa Francisco lançou um apelo pelas
populações do Paquistão e do Afeganistão atingidas por um forte
terramoto:
“Estamos próximos das populações do Paquistão e do Afeganistão
atingidas por um forte terramoto, que causou numerosas vítimas e
profundos danos. Rezemos pelos defuntos e os seus familiares, por todos
os feridos e os desalojados, implorando de Deus alívio no sofrimento e
coragem na adversidade. Não falte a estes irmãos a nossa concreta
solidariedade.”
No final da audiência geral o Papa Francisco propôs um momento de
oração em silêncio, cada um na sua tradição religiosa, pedindo “maior
fraternidade entre as religiões e, em particular, para com os irmãos
mais necessitados.”
(RS)
Sem comentários:
Enviar um comentário