18 novembro, 2014

Os migrantes são uma oportunidade e não um problema: Cardeal Vegliò no Congresso mundial da pastoral das migrações



(RV) É preciso  considerar os migrantes como uma "oportunidade para as comunidades que os acolhem" e não um problema, desta forma, eles podem "colaborar no desenvolvimento da Igreja de chegada e contribuir para o crescimento da fraternidade" – foi quanto disse o Cardeal Antonio Maria Vegliò, Presidente do Pontifício Conselho para a pastoral dos migrantes e itinerantes, ao abrir nesta segunda-feira, na Universidade Urbaniana, o Sétimo Congresso Mundial da Pastoral das migrações.

Participam no Congresso trezentos especialistas de 93 países dos cinco continentes, que irão debater até sexta-feira 21 de novembro sobre o tema "Cooperação e desenvolvimento na pastoral das migrações". Foram igualmente convidados alguns delegados fraternos para representar as igrejas e confissões cristãs que partilham a mesma preocupação com o fenómeno da migração, para além de personalidades do mundo político, diplomático e académico.

Na sua introdução aos trabalhos, o cardeal não escondeu os problemas de natureza social, económica, política, cultural e religiosa levantados pelas ondas migratórias e as consequentes emergências que interpelam a comunidade internacional, sublinhando que eles representam "um fenómeno complexo e difícil de gerir devido à sua ligação com todas as esferas da vida quotidiana". Contudo, reiterou o cardeal, o facto de que milhões de pessoas "se movimentam apesar dos obstáculos persistentes, mostra uma certa "incompatibilidade" entre as políticas restritivas e um mundo que está cada vez mais a avançar em direção a uma liberalização crescente de outros fluxos”

Também por estes motivos, explicou o Cardeal, "nesta época de migrações sem precedentes, existe a tendência para ver o migrante estrangeiro com suspeita e medo" e assim, em vez de "acolhimento e solidariedade", estas pessoas acabam por despertar 'desconfiança e hostilidade, suspeitas e preconceitos", a ponto de o espírito de generosidade ser substituído por apelos a isolamento e restrição".  E daqui a importância do tema desta Conferência, que aponta para a cooperação e o desenvolvimento na perspectiva da pastoral para os que deixam a própria terra natal em busca de novas oportunidades de vida.

O cardeal convidou em seguida para  "não se esquecer que o afluxo de migrantes para os países de acolhimento significa, para estes últimos, grandes benefícios, pois introduz novas forças criativas e produtivas e que a inclusão dos migrantes nos países de acolhimento tem a capacidade de criar riqueza para os próprios países e, ao mesmo tempo, oferece oportunidades de formação, informação, trabalho e remuneração para os migrantes que, por sua vez, podem partilhar tais oportunidades com os respectivos países de proveniência".

E finalmente, no que diz respeito directamente à pastoral, o Cardeal Vegliò recordou que "os migrantes não têm apenas necessidades materiais, mas também espirituais, às quais a Igreja deve responder, sendo sempre o ponto de partida a compreensão da situação dos migrantes em todas as suas dimensões, à luz da Palavra de Deus e da doutrina social.

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