12 março, 2014

Exercícios espirituais do Papa e da Cúria Romana - 3º dia de pregação


(RV) Prosseguem na Casa do Divino Mestre, em Arricia, arredores de Roma, os exercícios espirituais do Santo Padre e dos membros da Cúria Romana.
Na sua pregação de ontem, o Padre Ângelo De Donatis retomando o tema da relação entre as obras do ser humano e a graça de Deus, disse que a pessoa humana é como uma romã, no seio da qual estão juntas muitas pequenas sementes carnosas, tantos quantos são os elementos da criação. Deus pô-las juntas numa amalgama, sobre a qual difundiu depois o sopro da vida.
Com esta imagem do fruto maduro e compacto, o pregador quis transmitir a ideia da beleza da criatura humana, uma beleza que – disse – está, porém, destinada a desfazer-se se se impedir artificiosamente ao sopro de Deus (isto é ao seu amor misericordioso que ele nos dá) de penetrar em profundidade no nosso ser. Acontece, então, que cada uma daquelas pequenas sementes, levada pela vontade de auto-afirmação, procure expandir-se num confronto despótico com as outras, até provocar a explosão e, portanto, a desintegração do fruto.
Uma metáfora que o P. Donatis usou para explicar o efeito do mal que se apodera da pessoa humana. E referindo-se ao duelo entre Jesus e Satanás, narrado no Evangelho de São Marcos, disse que Jesus afastou o demónio e libertou o homem a fim de que ele pudesse chegar ao amor misericordioso de Deus.
Mas para chegar a este amor – advertiu – precisamos da ajuda do Espírito Santo. Sem ele seria uma empresa impossível. Não são as nossas obras que nos levam a Deus, mas o amor em Cristo. Devemos reconhecer que somos simplesmente “pecadores perdoados”, salvos pela graça de Deus.
É preciso, portanto libertar-nos da tentação de ter sempre que fazer algo, esquecendo que fomos salvos gratuitamente. Hoje – prossegui o pregador – é muito difusa esta sede de aparência mediante as nossas obras. Mas a “verdadeira boa obra” é Cristo.
Uma boa parte da pastoral – frisou – está hoje centrado “num esforço pelo fazer, quando na realidade deveria ser fruto do Espírito. Estamos demasiado habituados a fazer projectos e a pedir ao Senhor para fazer com que a missão não corra mal. É indispensável mudar esta perspectiva – insistiu o P. De Donatis dizendo que devemos cavar, deitar a semente, regar, e por fim virá o grão. Desta forma, concluiu, os frutos da fé nascerão realmente do encontro com Deus.

Fotos: momentos do retiro em Arriccia - o Papa sentado no meio dos outros participantes no retir

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