29 junho, 2013

Confirmar na fé, no amor e na unidade - pensamentos do ministerio petrino ilustrados pelo Papa na Liturgia da festa de São Pedro e São Paulo com a imposção do Sagrado Pálio a 24 novos arcebispos metropolitas do mundo inteiro


(RV) Uma importante cerimónia litúrgica na Basílica de São Pedro Presidida pelo Papa Francisco e animada pelo coro da Igreja de São Tomás de Lípsia, na Alemanha, marcou neste dia 29 de Junho as comemorações da solenidade de São Pedro e São Paulo. Data em que, tradicionalmente, o Papa impõe o Sagrado Palio a arcebispos metropolitas de várias partes do mundo. Desta vez eram 24 arcebispos da África, Ásia, Europa e Américas. De entre eles, D. Cláudio Dalla Zuanna, arcebispo da Beira, em Moçambique, três arcebispos brasileiros, e outros dois africanos: D. Joseph Effiong Ekuvem, arcebispo de Calabar, na Nigéria, e D. Dieudonné Nzapalainga, arcebispo de Bangui, capital da República Centro Africana. Uma presença mundial que, disse o Papa na sua homilia, torna esta solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, padroeiros principais da Igreja de Roma, ainda mais jubilosa.

O Papa assinalou também a presença da Delegação do Patriarcado de Constantinopla, guiada pelo Metropolita Ioannis, e o Coro a que já nos referimos, sublinhando o carácter ecuménico que isso tudo dava a essa Sagrada Liturgia…

O Papa Francisco centrou depois a sua homilia em três pensamentos sobre o ministério petrino, guiados pelo verbo confirmar. O Bispo de Roma é, de facto, disse, chamado a confirmar na fé, no amor e na unidade.

Desenvolvendo depois cada um destes pensamentos, Francisco retomou as palavras do Evangelho relativas à confissão de Pedro a Jesus “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”, confissão ditada por Deus e que leva Jesus a dizer-lhe “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja”. O serviço de Pedro tem o seu fundamento na confissão de fé em Jesus, mas há sempre o perigo de pensar de forma mundana, advertiu o Papa, recordando que quando Jesus fala do caminho de Deus que não corresponde ao caminho do poder, dizendo que há-de morrer e ressuscitar, Pedro responde: “Isso não Te há-de acontecer”. Jesus retorquiu duramente vendo nisso, uma tentação, um estorvo. E o Papa acrescentou:

 “Quando deixamos prevalecer os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a lógica do poder humano e não nos deixamos instruir e guiar pela fé, por Deus, tornamo-nos pedra de tropeço. A fé em Cristo é a luz da nossa vida de cristãos e de ministros na Igreja!”

 Quanto ao segundo pensamento, confirmar no amor, o Papa citou as palavras de São Paulo - “combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel” - perguntando-se de que combate se trata. E respondeu que não se trata do “combate das armas humanas que, infelizmente, ainda ensanguenta o mundo”, mas sim do martírio. São Paulo – disse – tem uma única arma, a mensagem de Cristo e o dom de toda a sua vida por Cristo e pelos outros.

“E foi precisamente este facto de expor-se em primeira pessoa, deixar-se consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos sem se poupar, que o tornou credível e edificou a Igreja.”

O Papa recordou que é tarefa do bispo de Roma viver e confirmar a todos nesse amor, sem limites nem barreiras. Mas não só ele, acrescentou improvisando…

“E não só o bispo de Roma: todos vós novos arcebispos e bispos, tendes a mesma tarefa: deixar-vos consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos. A tarefa de não se poupar, sair de si ao serviço do santo povo fiel de Deus”.

Em relação ao terceiro ponto da sua homilia - confirmar na unidade - o Papa deteve-se sobre o significado o Sagrado Pálio, “símbolo de comunhão com o Sucessor de Pedro, “principio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão”. Unidade que não significa, todavia, uniformidade, mas sim riqueza, onde todos concorrem para o desígnio de Deus – sublinhou Francisco, citando o Concilio Vaticano II, segundo o qual o Senhor “constituiu os Apóstolos em forma de colégio ou grupo estável, à cabeça do qual, pôs Pedro, escolhido de entre eles”. E o Papa indicou a unidade, a harmonia entre o Sínodo dos Bispos e o primado o modelo a seguir:

“Devemos ir pelo caminho da sinodalidade, crescer em harmonia com o serviço do primado. (…) Unidos na diferença: não há outro caminho católico para nos unirmos. Este é o espírito católico, o espírito cristão: unir-se na diferença. Este é o caminho de Jesus. O Palio, se é sinal de comunhão com o bispo de Roma, com a Igreja universal, com o Sínodo dos Bispos, é também um empenho para cada um de vós a ser instrumentos de comunhão”.

O Papa concluiu a sua homilia recomendando aos novos arcebispos, a todos, que ponham em prática estas incumbências que os Apóstolos Pedro e Paulo lhes confiam: ser servidores na unidade. E pediu para todos a guia e intercepção de Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos…

Durante essa missa ecuménica, em latim, inglês, italiano e espanhol, a oração dos fieis foi também feita em várias línguas desde o hindi ao chinês e ao polaco. Não faltou uma em português…. 

Oração…

“Que a Esposa do Cordeiro,
Confesse com coragem e testemunhe com alegria a fé no Senhor e seja para todos os homens um farol luminoso que orienta nas tempestades da vida…” 

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