06 janeiro, 2013

DIÁLOGO COM O DIABO



Digo eu:

Lá vens tu, com a conversa do costume:


Para que é que vais dar catequese! Eles não te ouvem, não prestam atenção ao que tu dizes! Quando receberem o Crisma, vão-se embora e não voltam!


Pois, até podes ter alguma razão, mas pelo menos alguns ouvem, e fica lá a semente!


 

Dizes tu:


Qual semente? Se não for regada, morre, e não dá fruto!


 

Digo eu:


Pois, mas esta semente não é como as outras sementes. Esta é semente de Deus! Pode ficar muito tempo sem dar fruto, mas também não morre.


 


 Dizes tu:


Isso és tu, a quereres convencer-te que fazes alguma coisa útil! Desilude-te! Gastas o teu tempo e eles não aproveitam nada!


 

Digo eu:


Cala-te, e vai tentar os que te dão ouvidos! De mim não levas nada!


 


Dizes tu:


Ah, ah, isso é que era bom! Já levei tanto de ti!


 

Digo eu:


Pois levaste, isso é verdade! Mas vês como a semente que foi plantada no meu coração deu frutos passados tantos anos? Julgavas-me teu, julgavas que me tinhas conquistado e afinal vê lá tu, ó mentiroso, o que eu vivo agora, o que eu faço agora, o que eu sou agora.


 


Dizes tu:


Mas de vez em quando ainda me ouves!


 

Digo eu:


Pois ouço, mas logo percebo o teu “cantar de sereia”, e arrependo-me, e volto para o caminho que me foi dado e que eu abraço em confiança.


 


Dizes tu:


Está bem, mas olha que muitos se hão-de perder!


 


Digo eu:


Isso é que tu pensas! Como não depende de mim mas d’Ele, muitos se hão-de salvar! Agora vai-te e deixa-me rever a catequese que vou dar.


 

Digo eu:


Olha, apetece-me dizer como Fernando Pessoa:


Aqui ao leme está muito mais do que tu, está muito mais do que eu, está o meu Senhor e o meu Deus, porque minha alma O teme, pois vive no Seu amor.



Marinha Grande, 5 de Janeiro de 2013
Joaquim Mexia Alves


 


Nota:

Escrito ontem à tarde, quando me preparava para ir dar catequese.

Série constante na faixa lateral, em "Pesquisa rápida" - "DIÁLOGO" COM O DIABO.

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