09 dezembro, 2011

«EU ESTOU À PORTA E BATO…»

 

E eu surdo,
nada ouço!

Os ruídos do mundo
ecoam alto nos meus ouvidos,
e não me deixam ouvir
o Teu chamar.


Mesmo assim,
pergunto-me:
pareceu-me ouvir bater?
Mas logo me respondo:
não deve ser nada importante,
deixa-me continuar,
o que eu estava a fazer!

Envolto no mundo que me abraça
distraio-me da vida,
da verdadeira vida,
aquela que quero viver,
e que por mim passa,
só porque não Te ouço bater!

O ruído do mundo aumenta,
faz-se constante,
imperioso, instante,
já não me deixa pensar,
mas apenas me deixa seguir,
por onde ele quer,
para onde me quer levar,
perdido num caminho,
em que me deixo conduzir.

Tropeço, caio,
é cada vez mais difícil,
conseguir-me levantar.
Arrasto-me penosamente,
perdido nas paixões e vícios
das quais já não me consigo,
por um momento sequer,
libertar.

Num momento fugaz,
(porque Tu não me abandonas),
ouço um bater suave,
à porta da minha vida.

Abro-Te a porta,
deixo-Te entrar.

Trazes contigo a paz,
o caminho, a verdade,
fazes-me encontrar a vida,
que me dás em liberdade.

Lentamente,
atenua-se o ruído,
cresce a confiança,
é mais fácil o levantar,
o rir,
o caminhar,
encho-me de esperança,
e aceito a vida,
porque em Ti,
me queres salvar.

«Eu estou à porta e bato…»*

Entra, Senhor,
ceia comigo,
que eu ceio contigo!

Façamos a festa juntos,
a festa de Te encontrar,
para que eu possa viver no mundo
a vida que Tu me queres dar…

* Ap 4, 20

Monte Real, 9 de Dezembro de 2011
Joaquim Mexias Alves 

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