29 janeiro, 2011

Trenação carismática: uma reflexão sobre as duas dimensões da Igreja

Uma das esperanças dos líderes do Renovamento Carismático (RC) desde o seu início foi que ele fosse visto como pertencendo verdadeiramente ao coração da Igreja. Este é ainda hoje o desejo. O RC contribuiu e ainda contribui para um aprofundamento na fé de muitos na Igreja Católica.
Qual a natureza dessa contribuição especial e como este relacionamento entre o RC e a Igreja em geral pode ser mais fortalecido? 
Entre outras coisas, o RC tem sido um instrumento para que o povo católico se tornasse mais consciente da presença e da acção do Espírito Santo. De forma geral, o conhecimento sobre o Espírito Santo é muito limitado para os católicos. O RC tem ajudado a grande maioria desses católicos a experimentarem a presença do Espírito Santo de uma maneira profunda e palpável na Sua essência. O Baptismo no Espírito Santo tem permitido aos católicos experimentarem um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. 
Por sua vez, esta experiência tem levado muitos a uma compreensão mais profunda de que são chamados a continuar a missão de Jesus Cristo, acompanhada por sinais e prodígios. Isto é, o Espírito Santo foi reconhecido como uma realidade poderosa do nosso Deus: perdoando, curando, agindo e encorajando cada um de nós, quando nos dedicamos à nossa vocação cristã. A intimidade com a acção e a presença do Espírito Santo traduzida em muitos benefícios para a vida espiritual, assim como para a vida de toda a Igreja. 
O RC despertou uma nova energia, que nasce do verdadeiro encontro com o Deus vivo, que habita nosso ser, conforme nós celebramos e vivemos a nossa fé. Ele também infundiu a alegria e o entusiasmo nas nossas celebrações litúrgicas. Como resultado, muitas pessoas retornaram à prática da fé. Muitos adquiriram um amor mais profundo pelas Escrituras e desenvolveram uma sede pelo conhecimento dos ensinamentos da Igreja. O RC também encorajou a Igreja inteira a redescobrir o poder das orações de louvor e a ter uma crença firme e confiante, tanto nas orações de intercessão, quanto nas orações de cura em todas as suas dimensões. 
Muitos jovens encontraram um novo vigor na vivência da sua fé católica por completo. Alimentados pela palavra de Deus e impulsionados por um profundo desejo de santidade, muitos se têm dedicado generosamente à missão da Igreja. Escolas de evangelização foram estabelecidas em muitas partes do mundo, enquanto que grupos de oração, comunidades de aliança, grupos de estudos bíblicos, encontros internacionais e mistérios de cura têm enriquecido enormemente a vida da Igreja. Portanto, não é surpresa que o Papa João Paulo II tenha descrito o RC como um dom do Espírito Santo para a Igreja (Encontro com RC italiano em 13/03/02). Regozijemo-nos e demos graças por este dom maravilhoso. Por outro lado, o Papa João Paulo II indicou um caminho para o RC: aprofundar ainda mais o seu relacionamento com a vida da Igreja. 
Qual o significado do que o Santo Padre chamou de “maturidade eclesial”? Nós temos uma clara indicação do seu significado na encíclica Christifideles Laici N.30. Num primeiro momento, ela aborda uma chamada à santidade. Fomos chamados por Ele desde a eternidade (Ef. 1, 4) , predestinou-nos para sermos seus filhos adoptivos por meio de Jesus Cristo, por Sua livre vontade (Ef. 1, 5). Nós fomos marcados pelo Espírito Santo (Ef. 1, 13) e, portanto, a nossa fonte básica de formação tem que ser a palavra de Deus. Por conseguinte, o RC é constantemente desafiado a conduzir todos os seus membros em direcção à decisão radical do seguimento de Jesus (Jo 15, 5). 
Em segundo lugar, a maturidade eclesial implica na fidelidade ao ensino do magistério nas áreas da doutrina e moralidade. As pessoas envolvidas no RC têm que confiar que serão guiadas pelos ensinamentos da Igreja.
Em terceiro lugar, a maturidade eclesial aponta para a colaboração com os bispos locais, obediência a eles, e uma disposição para trabalhar junto a outros movimentos eclesiais. Onde existe rivalidade, entre os movimentos eclesiais, não há evidência de maturidade eclesial.
Em quarto lugar, a maturidade eclesial move-se em direcção à evangelização. O RC tem que ser reconhecido pelo seu apelo missionário. Precisamos de continuar a anunciar e a trabalhar em comunhão com os outros em qualquer oportunidade que se apresentar, para que a mensagem de Jesus possa ser proclamada corajosamente e em unidade com toda a Igreja. 
Nessa área, eu gostaria de ressaltar o grande trabalho que está a ser feito pelas diversas escolas de evangelização.
Finalmente, a maturidade eclesial é marcada pelo sério envolvimento nas questões sociais e na sociedade em geral. É muito importante que os membros do RC estejam à frente, na defesa da dignidade e dos direitos básicos de cada pessoa humana. 
Através do pontificado de João Paulo II, a Igreja está a chamar todos os envolvidos no RC a serem agradecidos por todas as graças que têm recebido. Entretanto, existe o desafio de continuarmos em comunhão com a Igreja na promoção de um modo de vida católico baseado nos carismas particulares do RC. Nós fomos presenteados com um desafio. Não temos nenhuma opção a não ser continuarmos a encontrar caminhos e maneiras de responder a este desafio para o benefício de todos.
Bispo Joe Grech, Membro do Conselho Internacional do RC, do ICCRS
Labat - 24.6.2003
(Adaptação ao português de Portugal, por LS)

Pequena biografia do Bispo Joe Gech:  Na sua história de vida ao serviço do Senhor, em que entre várias missões efectuadas com dedicação, comprometeu-se  profundamente com o seu ministério para jovens e migrantes e será especialmente lembrado com carinho, por todo o mundo, pela forma como abraçou o Renovamento Carismático Católico. Faleceu no dia 28 de Dezembro de 2010, na Austrália. Ele era  um verdadeiro pastor, mentor, amigo e guia. Serviu no ICCRS - Conselho Internacional do Renovamento Carismático, a partir de 2001, representando a Oceania.
Biografia resultante de pesquisas efectuadas pelo GOVV

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