13 agosto, 2009

O ESPÍRITO SANTO: O primeiro Dom do Ressuscitado


O maior e o primeiro dom de Jesus Ressuscitado

O Cânone IV reza que o Espírito é o “maior e o primeiro dom de Jesus Ressuscitado”. O Senhor tinha falado muitas vezes no Espírito Santo, tinha afirmado que depois d’Ele partir para o Pai, o Pai e Ele enviariam o Espírito, mas na manhã de Páscoa faz a primeira efusão: “Soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (Cf. Jo 20,22).
Na manhã de Páscoa, fruto do Mistério pascal, o Espírito é concedido, dum modo novo, aos discípulos reunidos no Cenáculo.
Mas o Espírito Santo é Deus, é terceira Pessoa divina, igual ao Pai e ao Filho, em glória, em poder, em divindade. Existe desde toda a eternidade no seio da vida trinitária e age no mundo desde o momento da criação.
É Ele o grande agente, o protagonistas do mistério da Encarnação e de todo o Novo Testamento, e, agora, é Ele que é a alma da Igreja, que age em cada um de nós, que é o Mestre interior, que age nos sacramentos.
Por isso S. Paulo afirma: “ Ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’ a não ser pela acção do Espírito Santo” (1 Cor 12,3), esse Espírito que nos foi concedido, pois “ Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abba! Pai!” (Gl 4,6).
“O termo ‘Espírito’ traduz o termo hebraico ‘Ruah’ que, na sua primeira acepção significa sopro, ar, vento. Jesus utiliza precisamente a imagem sensível do vento para sugerir a Nicodemos a novidade transcendente d’Aquele que é pessoalmente o Sopro de Deus, o Espírito divino”(Cf. Jo 3,5-8) (Cf. CIC 691).
Este Espírito é-nos concedido no momento do nosso baptismo, fica em nós, somos templos vivos da sua presença. Este Espírito que desceu em línguas de fogo no dia de Pentecostes, ou seja cinquenta dias depois da Páscoa, é que faz nascer e vitalizar a Igreja. Sem Ele não há vida, graça, santidade.
Sem Ele não compreendemos a Palavra, não há sacramentos, não há comunhão de irmãos, não há unidade da comunidade cristã. Sem Ele não haveria Igreja nem sacramentos, não haveria fé, não poderíamos, com fé, dizer o nome de Jesus e aderir a Ele como Salvador e Redentor. É o Espírito que nos purifica, foi Ele que foi enviado para a remissão dos pecados.
Foi este Espírito que concebeu Jesus no seio virginal de Maria, que ungiu Jesus, que O consagrou, que desceu sobre Ele em forma de pomba no dia do baptismo no Jordão (Mt 3,16). Mas já tinha sido simbolizado na água (Cf. Jo 19,34), na unção do óleo (Cf 2 Cor 1,21), no fogo (Cf. Sir 48,1 ; Act 2,3-4) ; na nuvem e na luz (Cf. Lc 1,35), etc.
São numerosos os símbolos com que a Escritura nos faz abordar e conhecer a Pessoa do Espírito, como são numerosas as suas designações: Paráclito (Cf. Jo 14.16), Consolador (Cf Jo 16, 7), Espírito da verdade (Cf Jo 16,13), Espírito da Promessa (Gl 3,14), Espírito de adopção (Rom 8,15), Espírito de Cristo(Rom 8,9), Espírito do Senhor (2 Cor 3,17), Espírito de Deus (Rom 8,14), Espírito de glória (1 Pe 4,14)
Infelizmente parece que o Espírito continua a ser um “desconhecido” para a maioria dos cristãos, parece um “Deus de terceira classe”, Alguém a Quem pouco se reza, com Quem se tem pouca intimidade, a Quem se recorre pouco.
Precisamos de crescer na compreensão da Pessoa do Espírito Santo, através da oração, do estudo, da reflexão. Quem dera que todos os cristãos se apercebessem que precisamos dum novo Pentecostes, duma renovada acção do Espírito em nós e em toda a Igreja, para que seja uma primavera de vida nova, dum sopro novo, duma nova conversão e duma nova evangelização.

O Espírito Santo a alma da Igreja
Pentecostes

Depois da Ascensão de Jesus ao Céu, com a vinda do Espírito em línguas de fogo sobre a Virgem Maria e os Apóstolos, começa a Igreja, há novo nascimento.
A Igreja que nascera de algum modo na Ceia, no Cenáculo, e na Cruz quando o lado do Esposo foi aberto e d’Ele saíram sangue e água, toma agora, pela acção do Espírito o seu começo evangelizador, dinâmico, apostólico, santificador.
É com o Pentecostes, com a descida do Espírito em cataratas divinas, com erupção divina, que tudo toma uma nova proporção. A Igreja nasce nessa manhã de graça, de vida nova, de construção do Povo eleito.

Dário Pedroso, S.J.
(Labat n.º 94 * Maio 2009)

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