13 agosto, 2009

A IMPORTÂNCIA DO DISCERNIMENTO



Desde o dia de Pentecostes temos vivido a era do Espírito Santo. Existem à nossa volta, sinais de que Ele está a trabalhar na Igreja e no mundo. Age em cada pessoa individualmente e enquanto povo de Deus.
Mas, o discernir o que é e o que não é a acção do Espírito Santo constitui um dos desafios que enfrentamos. A Escritura exorta-nos a “testar os espíritos”(1Jo 4, 1-3); Paulo diz-nos: “Não extingais o Espírito, não desprezais as profecias; examinai tudo e ficai com o que é bom. Conservai-vos longe de toda a espécie de mal” (1Tess 5, 19-22).
Para nos ajudar, Paulo em 1Cor 12, 10 fala-nos de um dom espiritual para distinguir entre espíritos, ou reconhecer espíritos. Este dom sobrenatural de Deus que nos ajuda a discernir se o espírito que escutamos ou experimentamos é o Espírito Santo, ou um espírito humano, ou um espírito sobrenatural.
Esse dom especial de Deus impede-nos de seguir uma imaginação criativa, ou boa ideia de alguém ou, ainda pior, a decepção de um mau espírito, e conduz-nos a reconhecer quando é o Espírito Santo que está a mover o que é dito ou feito.
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Olhemos mais atentamente para estas 3 categorias de espíritos
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1. O espírito humano é o que encontramos frequentemente. Posso ter uma boa ideia ou um plano que quero que as pessoas aceitem. Apresento-a numa linguagem muito espiritual e por isso dou a impressão de que vem do Espírito Santo.
Não estou necessariamente e deliberadamente a ser enganador, uma vez que posso estar convencido que veio de Deus; mas a verdade é que apesar de poder ser bom, é uma ideia minha e não de Deus. É a minha imaginação que está a trabalhar.
Pode haver a tentação de apresentar a minha opinião pessoal ou conselho como se eles viessem do Espírito Santo. Temos necessidade de distinguir entre espíritos para impedir que as pessoas ajam em alguma coisa que acreditam ser de Deus, quando de facto não é.
2. Mas, o Espírito Santo é, muitas vezes, aquele que nos pede para pensarmos e vermos as coisas duma certa maneira – a maneira de Deus. Devemos esperar que isto aconteça. Estejamos abertos ao Espírito Santo. Esperemos. Depois procuremos agir consoante a mensagem do Espírito Santo.
É o Espírito Santo, derramado sobre a Igreja por Jesus, que nos edifica, anima, ajuda nas nossas fraquezas, guia e dirige-nos, equipa-nos com os seus dons, torna-nos santos e inspira-nos a partilhar a nossa fé com os outros.
A Igreja e os seus membros são templos do Espírito Santo. Então, aonde quer que estejamos, o Espírito Santo está presente.
3. Na terceira categoria, espíritos sobrenaturais, incluem bons espíritos angélicos, mas também maus espíritos demoníacos. É importante reconhecer a existência de ambos. Os bons espíritos angélicos estão aqui para ajudar e proteger cada crente. É por isso que são frequentemente chamados “anjos da guarda”, e a sua existência é uma verdade da nossa fé, apoiada pela Escrituras e pela Tradição da Igreja.
A sua natureza é “espírito” e o seu papel é glorificar Deus sem cessar, para serem os seus servos e mensageiros, anunciando a salvação (Hb 1, 14). Têm inteligência e vontade. São pessoais e pertencem a Cristo porque são criados por e para Ele (Col 1, 16). Não os confundamos com o Espírito Santo, pois o Espírito Santo é o próprio Deus, em igualdade com o Pai e com o Filho.
Infelizmente, Satanás e os maus espíritos são também uma realidade, embora criados naturalmente bons por Deus, tornaram-se maus por irrevogavelmente terem rejeitado Deus e o seu Reino. Eles auferem de poder pelo facto de que são espíritos – todas as suas acções decorrem de um ódio a Deus e o seu único objectivo é o de destruir as Suas obras e o Seu povo (Catecismo 391-395).
Embora Satanás e os seus demónios não possam impedir a construção do Reino de Deus, através da decepção e manifestando-se como anjos de luz, podem causar danos espirituais e físicos às pessoas e sociedades e apesar de Deus permitir que existam, Ele protege-nos das suas investidas através do dom de distinguir os espíritos.
Deus protege-nos das suas arremetidas. Daí a necessidade e importância do dom especial de discernimento para distinguir os espíritos.

Critério para o discernimento
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A questão que estamos a procurar responder é clara: discernir se aquilo que é dito ou feito é obra de Deus ou de outra pessoa ou de outra coisa.
Concretamente, se aquilo que estamos a discernir nos fala de Jesus e O glorifica; Se Ele é o centro, ou se o louvor, a oração e o ministério colocam as pessoas no centro em vez de Jesus.
Se aumenta a nossa sensibilização às coisas de Deus, faz crescer o nosso compromisso de O servir, e resulta em grande oração, santidade e crescimento espiritual.
Se o que é dito e feito reflecte a vontade de Deus e toca o meu coração quando lhe aplico o dom do discernimento.
Se outras pessoas que conheço e respeito chegam à mesma conclusão.
Se nos conduz a uma maior apreciação da revelação de Deus através das Escrituras; se o discurso de Deus está conforme a inspiração do Espírito Santo e Tradição; se é a transmissão viva de tudo o que Cristo confiou aos Apóstolos e que foi passada aos seus sucessores sob a inspiração do Espírito Santo, ou se é divergente de tudo isto. (ref. Catecismo 85-86).
Se produz bom fruto na vida das pessoas, conduzindo a um desejo de dar testemunho do amor e da graça de Deus, em palavra e acção com a Sua mensagem de salvação.
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Afiar o nosso discernimento
 
Em tudo isto o importante é que nos foquemos na mensagem e não no mensageiro. Claro que devemos conhecer o que podemos sobre o mensageiro: o seu passado, carácter, conhecimento teológico e sua reputação.
Se é obra do Espírito Santo de Deus, então quero ser inspirado, abençoado, tocado e habilitado pelo que está a acontecer. Mas se não for, então preciso de estar protegido para não ser “levados por qualquer sopro de doutrina, pela malignidade dos homens e pelos seus artifícios enganadores” (Ef 4, 14), ou ainda prior, ser conduzido a extraviar-me pelas mentiras e estratégias de Satanás e dos seus demónios.
Senhor ajuda-nos a reconhecer a Tua voz, e a fazermos apenas a Tua vontade.
 
Charles Whitehead

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